As ideias de Laurentino Dias e Fernando Gomes para o COP. Um deles será hoje eleito
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As ideias de Laurentino Dias e Fernando Gomes para o COP. Um deles será hoje eleito

Desafiados pelo DN a responder às mesmas cinco questões, o antigo secretário de Estado do Desporto e ex-presidente da FPF mostraram sintonia quanto ao papel social e desportivo do Comité Olímpico.
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Laurentino Dias, antigo secretário de Estado do Desporto, e Fernando Gomes, ex-presidente da FPF, vão hoje a votos para a presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP). Quem for eleito terá de lidar com a pesada herança de José Manuel Constantino e preparar os Jogos Olímpicos Los Angeles2028.

Desafiados pelo DN a responder às mesmas cinco questões, Laurentino Dias (Lista A) e Fernando Gomes (Lista B) defendem um papel ativo e social do COP, mas divergem na sustentabilidade financeira.

O presidente do Comité Olímpico é eleito da seguinte forma: As 34 federações que tutelam modalidades Olímpicas têm 4 votos cada, a Comissão de Atletas tem dois votantes, com um voto cada e os 49 membros extraordinários (federações de modalidades não Olímpicas) têm um voto cada.

Laurentino Dias: “Missão do COP é serviço público que ao Estado incumbe apoiar”

Qual vai ser a sua primeira medida como presidente do Comité Olímpico de Portugal?

Convocar uma Assembleia Plenária para analisar o contrato de financiamento de 50 milhões de euros que foi assinado em dezembro e definir com todas as federações o caminho para a execução desse contrato. Decidir do reforço de recursos humanos técnicos e dirigentes que se mostrem necessários e, sobretudo, decidir as prioridades de investimento no quadro das medidas definidas nesse contrato. Muito vai mudar com este investimento.

Consigo a presidente, qual vai ser a postura do COP face ao poder político?

A postura do Comité Olímpico de Portugal (COP) será a mesma que lhe foi reconhecida ao longo dos anos na liderança de José Manuel Constantino. Não se alterará. Cooperação e diálogo com as autoridades públicas, em particular com o Governo, sem prejuízo da afirmação serena, respeitadora e permanente das posições e reivindicações do movimento desportivo que ao COP incumbe representar e defender.

Deve o COP assentar os programas olímpicos no investimento financeiro do Governo ou libertar-se dessa dependência? Como?

A atividade do Comité Olímpico, e não apenas o chamado Programa Olímpico, será sempre credora do financiamento público pois a missão do COP não é mais do que uma missão de serviço público que ao Estado incumbe apoiar. E isso nunca deixará de acontecer. Direi ser uma dependência inevitável que sempre deverá ser vista como frutuosa e não negativa. Dito isto, o COP deverá providenciar um trabalho mais aturado de financiamento privado, com patrocínios e apoios que mobilizem a sociedade e o mundo empresarial em volta dos ideais olímpicos. Há aqui trabalho a fazer.

Que papel social e desportivo deve ter o COP?

Nas paredes do COP está gravada a seguinte frase de José Manuel Constantino : “O Desporto é um bem público … que socialmente vale mais do que custa.” Sendo o Comité Olímpico a mais relevante das instituições de cúpula do desporto português cabe-lhe a obrigação de ter uma presença e uma defesa permanente do valor social do desporto e dos seus princípios centrais de inclusão, igualdade, inserção social, verdade e solidariedade, trabalho e espírito de equipa. E o COP tem de ser um exemplo de ética e integridade, valores de uma vida em sociedade.

O que ainda falta fazer no desporto português e o que deve ser priorizado para Portugal ter um desporto de alta competição mais valorizado e competitivo?

A valorização do desporto de alto rendimento em Portugal deverá passar por cumprir, entre outras, as seguintes prioridades: 1- Reforçar o apoio à vida desportiva e escolar dos atletas, nas suas diversas exigências e acompanha-las com a valorização dos seus treinadores; 2- Juntar, de forma convergente e articulada, os meios financeiros das federações e do Comité para um apoio planeado e sustentado ao alto rendimento. 3-Prosseguir uma política de construção e reabilitação de infraestruturas físicas de centros de alto rendimento, condição já comprovada para obtenção de resultados internacionais.

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Fernando Gomes: “COP deve reduzir a sua dependência de fundos públicos”

Qual vai ser a sua primeira medida como presidente do Comité Olímpico de Portugal(COP)?

A nossa primeira ação será reunir, de forma participativa, e ouvir os representantes das federações, olímpicas e não olímpicas, e dos atletas para fazermos eventuais ajustes às prioridades identificadas. Faremos também o lançamento das bases para a criação de uma rede olímpica, que nos ajude a fazer crescer o olimpismo e a dar melhores condições aos nossos atletas e federações.

Consigo a presidente, qual vai ser a postura do COP face ao poder político?

O COP deve ser independente e colaborativo, cultivando um espírito de cooperação. O nosso compromisso é com a excelência e o desenvolvimento do desporto, sem interferências partidárias, assegurando que todas as decisões são fundamentadas nos melhores interesses do olimpismo. Como ainda esta semana reforçou o presidente do COI, Thomas Bach, é preciso “manter os atletas no centro do movimento olímpico” e a neutralidade política, promovendo a união que “não significa que todos tenham de ter a mesma opinião, mas sim que todos estão comprometidos com os mesmos valores”. Esta é também a nossa visão para o nosso olimpismo e para COP.

Deve o COP assentar os programas olímpicos no investimento financeiro do Governo ou libertar-se dessa dependência? Como?

Embora o investimento governamental seja relevante, o COP deve tanto quanto possível reduzir a sua dependência de fundos públicos. Propomos diversificar as receitas por meio de parcerias estratégicas com o setor privado, criando modelos inovadores que valorizem a marca COP e contribuam para uma maior autonomia financeira e sustentabilidade para apoiar atletas e federações, como previsto no programa.

Que papel social e desportivo deve ter o COP?

O COP deve ser um motor de transformação social, promovendo o desporto para todos. Pretendemos incrementar o desporto na escola e no Ensino Superior, incentivar a prática desportiva desde cedo e combater o sedentarismo. Com as federações olímpicas e não olímpicas, propomos estabelecer parcerias estratégicas com escolas, autarquias e outras entidades para incentivar a prática desportiva desde a infância. Desenvolveremos ainda programas comunitários e iniciativas de inclusão que reforcem a saúde, a educação e a cidadania.

O que ainda falta fazer no desporto português e o que deve ser priorizado para Portugal ter um desporto de alta competição mais valorizado e competitivo?

Precisamos de construir uma rede olímpica capaz de suportar um ecossistema de alta performance: modernizar infraestruturas, otimizar o sistema de bolsas e apoiar a transição profissional dos atletas. Em colaboração com todas as federações - as mais pequenas das quais queremos apoiar com a criação da Casa das Federações - vamos elevar o desporto nacional a um novo patamar, aumentando também a influência de Portugal nos principais organismos globais, como o COI e o COE, através do desenvolvimento de líderes portugueses e da capacitação de dirigentes para posições de destaque, à semelhança do que se fez no futebol.

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