MP abre inquérito aos acontecimentos da Assembleia Geral do FC Porto. PSP não agiu e não recebeu queixas

Reunião magna do clube marcada por cenas de violência. Villas-Boas muito crítico com inação dos órgãos sociais do emblema azul e branco tinha pedido intervenção das autoridades.
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O Ministério Público decidiu, esta terça-feira, instaurar um inquérito aos incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, que teve de ser suspensa na segunda-feira à noite devido a agressões entre os sócios do clube no Dragão Arena. "Tendo em conta os acontecimentos, amplamente divulgados na comunicação social e suscetíveis de integrar infrações criminais de natureza pública, foi determinada a instauração de inquérito, que corre termos no Diap da Procuradoria da República do Porto", lê-se no site da Procuradoria Geral da República.

André Villas-Boas tinha pedido às autoridades, nomeadamente ao MP, para pedirem "com urgência" as filmagens das câmaras da vigilância do exterior do estádio e do Dragão Arena, e procederem "a uma investigação das agressões e dos atos bárbaros". Podem estar em causa crimes contra a liberdade de expressão, ofensas à integridade física ou associação criminosa e participação em rixa.

As imagens das agressões tornaram-se virais e logos e questionou a ausência de forças da autoridade. O Comando Metropolitano do Porto da PSP explicou ao DN que, para agir em espaço privado e vedado ao público, como era o caso da AG portista, de forma preventiva ou para impedir a prática de crimes, carece do conhecimento da prática desses crimes, que não sejam da esfera particular, além de precisar da autorização do titular do espaço para entrar ou de um mandado judicial.

"A PSP, em razão do acompanhamento do referido evento, promoveu a gestão da segurança no espaço público, com um efetivo de segurança suficiente para a gestão da multidão que compareceu ao ato da assembleia geral, não tendo sido registado qualquer comportamento passível de intervenção policial, nem preventiva, nem ativamente. Até ao final do policiamento, não foi registada nenhuma situação de alteração da ordem pública", informou ao DN, garantindo que "não foi registada nenhuma queixa" até ao final da tarde de hoje.

A Assembleia Geral Extraordinária do FC Porto, com vista à deliberação sobre a aprovação dos novos estatutos propostos pelo Conselho Superior, tornou-se numa de pesadelo. Agendada para as 21.00 de segunda-feira, desde logo se percebeu que a afluência seria enorme. Antes da hora marcada para o início dos trabalhos, milhares de sócios dos dragões esperavam para entrar na sala prevista para a realização da reunião magna. O espaço tinha capacidade para receber 300 pessoas e estavam cerca de quatro mil à espera para entrar, incluindo André Villas-Boas, que tinha anunciado que iria estar presente, depois de tecer duras críticas à gestão de Pinto da Costa e ter anunciado uma ida a votos nas eleições de 2024. Já hoje apontou o dedo aos órgãos sociais.

Perante a presença de milhares de adeptos, a AG mudou de local e passou do auditório no estádio para o Dragão Arena, onde Pinto da Costa, discursou e garantiu ter chegado a acordo com a Mesa da Assembleia Geral para que o ato eleitoral seja realizado em abril de 2024, mesmo que fosse aprovada uma mudança nos estatutos, antes de descambar em cenas de violência e clara intimidação.

Mas nem por isso a reunião magna foi interrompida. E só quando um sócio foi agredido e retirado do local à força após ter usado a palavra é que foi suspensa e adiada para dia 20 de novembro.

Entretanto, o CNID - Associação dos Jornalistas de Desporto repudiou, em comunicado "as tentativas de coação feitas por alguns sócios do FC Porto" a jornalistas presentes.

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