A deliberação dos recursos dos quatro associados expulsos do FC Porto e arguidos na Operação Pretoriano, incluindo Fernando Madureira e a mulher Sandra, foi suspensa na véspera da Assembleia Geral (AG) extraordinária dos dragões, anunciou esta sexta-feira o clube."Nos termos do número seis do artigo 59.º dos estatutos [do FC Porto], a AG não pode reunir sem a presença dos associados requerentes. A referida norma encerra uma condição de admissibilidade de deliberação, pelo que se exige a presença do requerente para a tomada da deliberação que a ele diz respeito, devendo a AG prosseguir e deliberar-se sobre os restantes pontos relativamente aos quais os respetivos requerentes se encontrem presentes", pode ler-se no despacho assinado pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), António Tavares, e publicado no site oficial do FC Porto.Dois meses depois de o Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) do FC Porto ter comunicado as expulsões de Fernando Madureira, Sandra Madureira, Vítor Catão e Vítor Oliveira, os recursos daqueles quatro associados deveriam ser discutidos e deliberados em reunião magna extraordinária no sábado, a partir das 09:00, no Pavilhão Dragão Arena, no Porto.Esse quarteto faz parte dos 12 arguidos da Operação Pretoriano, sendo que, no início da semana, o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto impediu as presenças na AG de Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, Sandra Madureira, sua mulher e antiga vice-presidente daquela claque afeta ao FC Porto, e Vítor Catão, adepto do clube e ex-líder do São Pedro da Cova, que está em prisão domiciliária com vigilância eletrónica.Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto Sandra Madureira e Vítor Catão estão impedidos de estar em recintos desportivos, pelo que os três tinham requerido uma autorização para estarem presentes, mas o tribunal indeferiu-o, alertando para "o efeito perturbador e de exaltação, legitimamente expectável, que a sua presença poderia desencadear no decorrer da AG, com grave perigo da ordem e da tranquilidade pública"."Decide-se dar conhecimento ao CFD de que se consideram as ausências dos requerentes justificadas e da impossibilidade de discussão dos recursos interpostos para efeitos tidos por convenientes nos respetivos processos disciplinares", observou a MAG.A ordem de trabalhos mantém a votação das suspensões por seis meses de Fernando Saúl, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube e outro dos arguidos, e Manuel Barros, sendo admitida a presença de advogados para assistência jurídica dos requerentes, que, tal como o quarteto de sócios expulsos, tiveram 30 dias para recorrer do parecer do CFD."O processo de votação está configurado de forma semelhante ao processo eleitoral e é supervisionado a todo o tempo por dois membros suplentes da MAG. A contagem dos votos será efetuada na presença, e sob responsabilidade, dos membros da MAG", notou.A Operação Pretoriano foi desencadeada em 31 de janeiro de 2024, no âmbito da investigação aos incidentes e agressões ocorridos numa AG extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, no Dragão Arena, tendo resultado na detenção de 12 pessoas.A direção 'azul e branca', presidida por André Villas-Boas, anunciou em agosto de 2024 que participaria formalmente dos sócios acusados naquela operação judicial, com vista à instauração de processos disciplinares por parte do CFD do clube.Em 05 de dezembro, pouco mais de duas semanas depois das medidas determinadas pelo órgão comandado por Angelino Ferreira, o TIC do Porto decidiu levar a julgamento nos exatos termos da acusação os 12 arguidos da Operação Pretoriano.A acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa dos Super Dragões em criarem "um clima de intimidação e medo" numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderado por Pinto da Costa.Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e três de atentado à liberdade de informação.Hugo Carneiro, igualmente com ligações aos Super Dragões, também está acusado de detenção de arma proibida, sendo que o MP requer penas acessórias de interdição de acesso a recintos desportivos para os arguidos entre um e cinco anos.O FC Porto e a SAD gestora do futebol profissional 'azul e branco' constituíram-se assistentes da Operação Pretoriano, cujo julgamento ainda não tem local nem data marcados.