O lema do Benfica - E pluribus unum - traduzido do latim, significa “de muitos, um” e serve que nem uma luva o panorama eleitoral do clube fundado em 1904. Sábado, dia 25 de outubro, os sócios irão escolher um candidato, entre seis, para presidir o clube até 2029: Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho.Rui Costa é um nome incontornável na história do Benfica. Natural da Amadora (onde nasceu a 29 de março de 1972 ), chegou ainda menino à Luz, de mão dada com o pai. Lembra-se de ouvir o hino, das bandeiras e da vibração das bancadas e de sonhar vestir aquela camisola e servir o clube, a quem chama “casa”. Além de jogador de futebol, foi vice-presidente, administrador da SAD, diretor desportivo do futebol e presidente. A 9 de outubro de 2021, o maestro dos relvados fez história ao ser eleito presidente. Liderava o clube desde a saída de Luís Filipe Vieira, que fora detido, constituído arguido e já acusado num processo que alegadamente lesou a SAD benfiquista, e que agora enfrenta no mais concorrido ato eleitoral de sempre. “Rigor, trabalho, honestidade e compromisso”, são valores que os pais e o balneário lhe passaram e que diz regerem a sua gestão. Rui Costa defende que “no futebol, como na vida, só se vence com ética, exigência e espírito de equipa” e que, no Benfica, “os egos e os interesses e ambições pessoais são irrelevantes perante o interesse geral”.Ele teve a “felicidade” de vestir a pele de atleta histórico do Benfica. E por ter a certeza que devolveu “estabilidade, credibilidade e ambição ao Benfica”, recandidatou-se para garantir que “o clube não fica exposto a riscos e interesses que se somariam às incertezas que atravessam o mundo”. Fez da contratação de José Mourinho uma bandeira eleitoral, mas é difícil, até pelos resultados desportivos negativos do futebol, prognosticar se isso lhe dará vantagem nas urnas face à diversidade de projetos a votos. .João Baluarte: “119 milhões. O Benfica é a marca desportiva mais valiosa de Portugal".Um deles, o do antecessor. Mesmo a responder a um processo por ter, segundo o Ministério Público, prejudicado a SAD do Benfica em alguns milhões de euros, Luís Filipe Vieira decidiu ir a votos porque viu o clube “sem rumo, estratégia e capacidade para concretizar uma visão”. Ao DN, o antigo presidente (2013 a 2021) disse que não decidiu regressar por ter saudades, “mas por ter o dever de contribuir para o futuro” e “ajudar o clube a reencontrar a sua identidade e a recuperar a grandeza que o define”. Porque, hoje, mais do que nunca, segundo Vieira, o clube “precisa de alguém com experiência a reconstruir”, mesmo que por vezes, seja preciso defender o Benfica de alguns benfiquistas que são sempre do contra, como o pai lhe dizia. Essa é mesmo a primeira memória de benfiquismo que tem.Sem medo de julgamentos (públicos ou em tribunal), se pudesse vestir a pele de um histórico do emblema da Luz, seria Petit, “uma expressão de raça e alma benfiquista”, que é também um exemplo “de resiliência de muitos benfiquistas corajosos que fizeram do Benfica um clube grande de dimensão mundial”.Como pessoa, o lisboeta Luís Filipe Vieira (22 de junho de 1949) confessa-se “um homem de família e um bom amigo”, mas os valores que defende para o cargo que já ocupou de 2013 a 2021 é na verdade apenas um: “Ganhar. Vencer. Ganhar sempre.”E se Vieira, o presidente mais duradouro da história das águias, procura uma segunda vida na liderança, João Noronha Lopes é visto como um São Sebastião, que apareceu a desafiar o vierirismo em 2020. Perdeu as eleições mas reuniu 34,7% dos votantes, uma percentagem que agora o colocaria numa segunda volta (marcada para o dia 8 de novembro). “O amor” ao clube e a convicção de que ele “não pode viver mais quatro anos neste estado” fizeram-no avançar de novo para uma corrida eleitoral.Benfiquista de Évora, nascido no Dia de Portugal (10 de junho de 1966), Noronha Lopes, licenciado em Direito e antigo CEO do McDonald’s, lembra-se de o pai o levar ao Estádio da Luz ver um Benfica-Farense, em que ficou maravilhado com um golo de Eusébio, “um jogador que se tornou um símbolo eterno” do Benfica. Confessa-se um gestor ambicioso e determinado, pai de quatro filhos e um adepto que a exemplo de muitos benfiquistas festejou títulos no Marquês de Pombal. Alguém que pugna pela “transparência”, “verdade em todos os momentos” e “lealdade, não apenas à família, mas também ao Benfica”. Fez parte da direção de Manuel Vilarinho (2000/03) e foi ele que já em 2021, promoveu a criação de uma comissão independente de associados para rever os Estatutos do clube, que, agora obrigam a uma segunda volta com os dois candidatos mais votados, caso nenhum tenha mais de 50% dos votos.Advogados em defesa do clube que os apaixonaTambém advogado, João Diogo Manteigas foi o primeiro a perfilar-se para ir a votos. A 13 de setembro de 2024. Escolheu esse dia por ser uma data simbólica para o clube, entre outras premissas, como considerar que os sócios tinham que ser ouvidos na construção do futuro. João Diogo Manteigas (nascido a 28 fevereiro de 1988) confessa-se um homem de família, que defende o associativismo, formação e ecletismo e vê o “Benfica como algo que liga as pessoas à comunidade”, sinónimo de cultura, história e valores de vida. “Um clube fundado do nada por gente humilde, que construiu um estádio, em 1954, pelas mãos, lágrimas e suor dos próprios sócios”, com o presidente Ferreira Bogalho a sair sem deixar um cêntimo de dívida. Um exemplo de gestão para o especialista em direito desportivo, que gostaria de ter acompanhado outros grandes líderes, como João Santos e Jorge de Brito.Martim Mayer, nascido em Lisboa, a 1 de dezembro de 1973, é neto de Duarte Borges Coutinho, presidente do Benfica entre 1969 e 1977, e por isso cresceu com a casa cheia de figuras do Benfica e do futebol português, mas há uma memória triste que o marcou e definiu a paixão intensa pelo Benfica. Com nove anos, assistiu ao lado da avó à final da Taça UEFA, em 1983, que o Benfica empatou (1-1), depois de ter perdido em Bruxelas (1-0) na primeira mão. Se Martim Mayer pudesse escolhia ser Eusébio, a maior lenda do clube e do futebol português. E não imagina viver ou presidir “sem decência, competência e paixão”. São esses os valores da sua candidatura, que não nasceu de um impulso, mas da maturação de um projeto de vários anos, que o garante agora preparado “para aproximar a nação benfiquista do clube e materializá-la em vitórias”. Menos conhecido na esfera mediática, Cristóvão Carvalho, nascido, em Paris, num dia de Natal ( 25 de dezembro de 1972) e criado em Trancoso, ficou “hipnotizado pelas camisolas vermelhas” dos ciclistas do Benfica numa Volta a Portugal. Foi pelo ciclismo que sentiu essa “energia que arrasta pessoas e montanhas”, imagem de benfiquismo.Advoga a “verdade, transparência, mérito e ambição” como valores da vida e do Desporto e confia na velha máxima de liderar pelo exemplo. Cristóvão Carvalho viu o clube “sem rumo” e resolveu apresentar-se como candidato porque quer que “o Benfica volte a ser referência ética e competitiva em campo e fora dele” e sentiu ser hora de devolver o clube aos sócios. Apresenta-se como um homem com uma visão e um projeto a 12 anos na esperança que “o Benfica volte a inspirar e a vencer”, com fair play, elegância, carácter e liderança. Por isso, se pudesse viver um dia na pele de uma personagem que tenha marcado a história do clube, escolheria João Alves, o “Luvas Pretas”, um exemplo de “talento e inteligência competitiva”.isaura.almeida@dn.pt.Mourinho vai "votar no Benfica" e já fala em reforços para janeiro: "Um ou dois jogadores que possam ajudar".Candidatos à presidência do Benfica: Aposta na formação e em Mourinho quase unem o que o passivo separa