É a maior comitiva de sempre do Atletismo português em Mundiais ao ar livre, que se realizam em Tóquio, de13 a 21 de setembro, mas a perspetiva de medalhas não acompanha a dimensão da participação, com 32 atletas, incluindo Pedro Pichardo (triplo salto), Auriol Dongmo (lançamento do peso) e João Vieira (marcha).“É um recorde de participação, mas temos que ver que um campeonato do mundo é sempre onde estão os melhores dos melhores. Esperamos uma boa prestação de todos os atletas. Tenho vindo a dizer que Portugal tem atletas com nível mundial que podem e são candidatos a medalhas, mas, nestas competições, há sempre o fator sorte, o dia dos atletas, etc...”, disse ao DN Domingos Castro, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).O antigo vice-campeão do mundo, em 5000 metros, nos Campeonatos Mundiais de Roma, em 1987, sabe bem que é nos grandes palcos que nascem nomes “memoráveis, heróis nacionais e momentos que ficam inscritos na história”, e, por isso, defende que “uma participação de excelência não se faz só de medalhas”. Mas o objetivo é mesmo aumentar o medalheiro nacional - Portugal soma 23 (7 de ouro, 7 de prata e 9 de bronze) - na 20.ª edição dos Campeonatos Mundiais de pista ao ar livre. E Pedro Pichardo pode ajudar nessa missão. O triplista vai voltar a competir por Portugal depois de toda a turbulência à volta da rescisão contratual com o Benfica e as lesões que o impediram, inclusive, de ir aos Europeus, em junho. A saúde física e mental do campeão Olímpico do triplo salto em Tóquio2020 e medalha de prata em Paris2024, são essenciais para um bom desempenho, segundo o presidente da FPA: “Pichardo teve alguns problemas físicos, praticamente não competiu esta época, a não ser uma ou duas provas. Mas é um atleta de eleição que surpreende tudo e todos. Vamos esperar que esteja nos dias dele. Acredito que vai fazer uma excelente prestação.”História a ser feita nos 1500m, 4x400m e no pesoDomingos Castro foi (e é) um dos grandes nomes das distâncias longas do atletismo português (5000 metros e maratona) e não podia estar mais orgulhoso de ver as disciplinas do meio fundo e fundo ganhar vida depois de anos de agonia e quase sem atletas. “O nosso meio fundo e fundo parece que voltou ao antigamente. Sem falar em nomes, destacaria o facto de termos três atletas nos 1500m [Isaac Nader, José Carlos Pinto e Nuno Pereira], o que é inédito e fruto do nível dos atletas. Mas, na verdade, o meio fundo e fundo está a voltar em grande força e com uma perspetiva de futuro muito risonho”. Em Tóquio 2025 a vida de Isaac Nader, José Carlos Pinto, Nuno Pereira e ainda Salomé Afonso será dificultada pela presença dos recorditas mundiais dos 1500 metros: o norueguês Jakob Ingebrigtsen e a queniana Faith Kipyegon. São dois dos grandes nomes que estarão na capital japonesa, além de Armand Duplantis, recordista mundial e multicampeão do salto com vara, Yulimar Rojas, ícone venezuelana do triplo salto, e Noah Lyles, campeão olímpico dos 100 e 200 metros. Pela primeira vez, Portugal terá um representante no lançamento do grdisco masculino, Emanuel Sousa, e apresentará uma estafeta masculina nos 4×400 metros.A participação portuguesa começa com a marcha, disciplina que conta com João Vieira, o marchador que ainda é o atleta mais velho a conquistar uma medalha (prata, em 2019, aos 43 anos e 221 dias). Hoje tem 49 anos e fará a14.ª participação, sendo por isso distinguido como “exemplo para tudo e para todos”, por Domingos Castro. “Parece um jovem de 20 anos. É um exemplo para todos os atletas, sobretudo para os mais jovens. E por isso é um orgulho para nós, Federação e seleção, termos o João nesta comitiva.”isaura.almeida@dn.pt.O bronze que sabe a ouro a Auriol, nos europeus em que Salomé se tornou a 1.ª portuguesa com duas medalhas