'Viva a Vagina' e novidades literárias do outro mundo para 2020
Estão a chegar as primeiras novidades literárias às livrarias e os caixotes levam de tudo, mesmo o impensável - ou indesejável - num tempo de crise editorial em que é preciso seduzir leitores antes que os livros acabem. Entre as novidades está Viva a Vagina que esta quarta-feira a Porto Editora apresentou como uma das grandes surpresas para o primeiro semestre de 2020. O "manual" é fruto da recolha de informações que duas estudantes norueguesas de Medicina fizeram no seu blogueOs Genitais e terá tudo - dizem - para ser um grande sucesso. Claro que vai ter a concorrência de Eu, Cláudio, de Cláudio Ramos, que tem também um blogue com esse nome e vai contar pormenores da sua vida mais particular, bem como de outros volumes tipo fruta da época anunciados para encher os escaparates...
Mas a Porto também vai ter livros sérios entre as dezenas de novidades, é o caso da francesa Annie Ernaux com Os Anos e Uma Paixão Simples, do espanhol Luis Landeiro com Chuva Miúda - considerado o melhor romance espanhol de 2019 -, os novos contos de Mário de Carvalho com o título Epítome de Pecados e Tentações, o novo romance de Jacinto Lucas Pires, Oração a Que Faltam Joelhos, e Mega Ferreira com Mais Que Mil Imagens.
Entre as várias chancelas da editora é clara a aposta em autores estrangeiros com provas dadas, como O Rei Recebe, de Eduardo Mendoza, o Deixa-te de Mentiras, de Philippe Besson, O Doente Moliére, de Rubem Fonseca, O Marinheiro Que Perdeu as Graças do Mar, que assinala os 50 anos sobre o suicídio de Yukio Mishima. Ou em clássicos da literatura nacional, como a reedição de várias obras de Rubem A. para celebrar o centenário do seu nascimento, Uma Família Ingles,a de Júlio Dinis, Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira, O Crime do Padre Amaro e O Mandarim, de Eça de Queiroz, ou alguns inéditos de Fernando Pessoa em O Caso Mental Português.
Seguem-se vários títulos em que se celebram os avós, recordam-se guerras do século XX, revelam-se sofrimentos de crianças, explicações para salvar o corpo e o planeta, radiografa-se protagonistas da religião católica e esclarecem-se todo o espetro de questões LGBTI e afins.
As novidades literárias que estão a ser apresentadas neste início de ano não se ficam por aqui. Leia o guia dos novos lançamentos das editoras portuguesas:
Outrora e Outros Tempos é o segundo livro que a Cavalo de Ferro lança após o anúncio da atribuição do Nobel à escritora polaca Olga Tokarczuk, editora do grupo editorial 20/20 que na chancela Elsinore vai também editar antes do verão o último Booker Prize, Girl, Woman, Other, de Bernardine Evaristo, ou Um Terrível Verdor de Benjamín Labatut. Em maio, regressa a espanhola Marina Perezagua com Seis Formas de Morrer no Texas, depois de ter publicado na mesma editora Yoro e A Tempestade: Contos Reunidos.
A editora Cavalo de Ferro lança ainda a Cripta dos Capuchinhos, do escritor Joseph Roth, romance que conclui a história iniciada em A Marcha de Radetzky. Novidade é também O Homem da Forca, da mestre do gótico e do suspense Shirley Jackson e O Silencieiro de Antonio Di Benedetto. Em março, será a vez Aproximadamente do Tamanho do Universo de Jón Kalman Stefánsson, bem como A Balada de Iza de Magda Szabó e uma edição especial ilustrada de Orlando Furioso contado por Italo Calvino.
A Vogais aposta em vários títulos nas áreas de Biografia, História, Gestão e Liderança, Divulgação Científica e Desenvolvimento Pessoal. Em fevereiro, publica O Salto Social, do professor de Psicologia William von Hippel, que apresenta uma nova teoria evolutiva ao explicar o que faz as pessoas felizes, em março é a vez de Inteligência Artificial: Como Funciona e Como a Podemos Usar Para Criar Um Mundo Melhor e Pleased to Meet Me, do premiado investigador Bill Sullivan, com o selo National Geographic. Em junho chega a história do nascimento da Netflix contada por Marc Randolph.
A Topseller começa bem para os amantes do romance: E Se Formos Nós, de Adam Silvera e Becky Albertalli, finalista do Prémio Goodreads para Melhor Livro de Ficção Young Adult. Segue-se o thriller Laranja de Sangue, de Harriet Tyce, uma autora já comparada a Paula Hawkins. A grande aposta de abril vai para O Bebé de Auschwitz, de Lily Graham, um livro inspirado numa histórica verídica.
Entre os primeiros lançamentos está a Correspondência para Miguel Torga, com organização de Carlos Mendes de Sousa; As Provadoras de Hitler, de Rosella Postorino, e Palomar, de Italo Calvino.
Em fevereiro: A Educação dos Gafanhotos, de David Machado, Aprender a Falar com as Plantas, de Marta Orriols, Sem Nunca Chegar ao Cimo, de Paolo Cognetti, O Informador, de Jan-Erik Fjell, A Fábula, de William Faulkner, A Mais Preciosa Mercadoria, de Jean-Claude Grumberg, Todos Devemos Ser Feministas, versão infantil, de Chimamanda Ngozi Adichie, e A Guerra dos Pobres, de Éric Vuillard.
Em março regressa Mário Cláudio com as Primeiras 3 Novelas, bem como Zadie Smith com Feel Free, Siri Hustvedt com Lucy Brite, Nadine Gordimer com Faz-te à Vida, Salvatore Scibona com Fim, Hermann Hesse com O Último Verão dos Klingsor, Jorge Amado com Jubiabá, Mons Kallentoff com Zack 3 e A Mestra das Marionetas, de Carmen Posadas.
Outras chancelas Leya
Amor Eterno, de David Borges, Do Porto ao Gulag - A Viagem Secular de Uma Família Portuense no Império Soviético, de José Milhazes, na Oficina do Livro.
Birthday Girl, de Haruki Murakami, e La Maison, de Emma Becker, na Casa das Letras
A editora vai apostar muito forte na literatura portuguesa. Exemplos:
Matilde Campilho com Flecha, a segunda parte de Eliete, de Dulce Maria Cardoso, o novo romance do Rui Cardoso Martins, As Melhoras da Morte, um álbum de BD da dupla Filipe Melo e Juan Cavia, Balada para Sophie, a coletânea de ensaios literários, com coordenação de António Feijó, Miguel Tamen e João Figueiredo, intitulada Cânone - o Livro e Antologia Mínima da Poesia de Fernando Pessoa.
Até ao fim do mês sai o esperado O Atelier de Noite, de Ana Teresa Pereira, O Anjo Camponês, de Rui Nunes, Uma Viagem ao Jardim, de Byung-Chul Han, Belos Vencidos, de Leonard Cohen, e Ética, de Baruch de Espinosa (nova tradução de Diogo Pires Aurélio).
Em fevereiro: Os Incuráveis, de Agustina Bessa-Luís, Tonio Kröger, de Thomas Mann, O Olhar do Outro, de Maria Filomena Mónica, O Jogo Preferido, de Leonard Cohen, e Notas de Inverno sobre Impressões de Verão, de Fiódor Dostoievski.
Em março: A Minha Luta 6: O Fim, de Karl Ove Knausgård, Correspondência entre Agustina Bessa-Luís e Juan Rodolfo Wilcock, Fotomaton - Retratos de Salazar, Cunhal e Soares, por António Barreto, A Montanha Mágica e Buddenbrooks, de Thomas Mann, Mrs Palfrey no Claremont, de Elizabeth Taylor, e O Almanaque do Céu e da Terra, de Cristina Carvalho.
Em junho é a vez de A Vida Mentirosa dos Adultos, de Elena Ferrante, A Ladra de Fruta, de Peter Handke, e Os Teus Passos nas Escadas, de Antonio Muñoz Molina.
Nas próximas semanas serão lançados vários ensaios: Universo Humano, de Brian Cox, Fundação e Império, de Isaac Asimov, Animal, de Casey Sherman, A Insanidade das Massas, de Douglas Murray, A Geografia do Dinheiro, de Dharshini David, Midnight in Chernobyl, de Adam Higginbotham, e The Book of Humans, de Adam Rutherford.
Em abril, há novo romance de José Eduardo Agualusa, No Princípio Era a Palavra.
Em maio é o mês de Mario Vargas Llosa, que regressa ao grande romance político com Tempos Duros e também de Paul Theroux com Na Planície das Serpentes, que percorre a fronteira EUA-México.
Janeiro começa com o lançamento de A Europa ao Espelho de Portugal do historiador José Eduardo Franco.
Em fevereiro é a vez de A Arte da Lógica num Mundo Ilógico, de Eugenia Cheng, bem como de Rockonomics, de Alan B. Krueger, e de Narrativas dos Livros de Linhagens, de José Mattoso.
Em março será publicada Uma História da Maçonaria em Portugal (1727-1986), de António Ventura.
O primeiro trimestre tem títulos surpreendentes: A Melhor Máquina Viva, de José Gardeazabal, uma aventura pessoal pelas ruínas da utopia, da pobreza e do capitalismo, da literatura e da natureza humana.
Os Informadores, de Juan Gabriel Vásquez, e Alegria, de Manuel Vilas.
Manual de Sobrevivência para Escritores, de João Tordo, que recolhe parte das suas memórias como escritor para compor um manual de sobrevivência para aspirantes a escritores e todos aqueles que querem viver da escrita, misturando humor e pragmatismo.
O Pintor de Almas será o novo sucesso de Ildefonso Falcones, o autor de Catedral. Seguem-se Genesis, de Guido Tonelli, uma história da origem do universo em sete capítulos, Nickel Boys, de Colson Whitehead, Giovanni's Room, de James Baldwin, e We Are the Wheather, de Jonathan Safran Froer.
A Presença está a lançar o novo thriller de Harlan Coben, intitulado Não Fujas Mais. Em fevereiro, a sequela de O Tatuador de Auschwitz, de Heather Morris: A Coragem de Cilka.
A Gradiva aposta em março em Cosmos, de Ann Druyan.
O Clube do Autor apresenta Find Me, de André Aciman, autor de Chama-me Pelo Teu Nome.
A Parsifal edita Política e Democracia na Era Digital, ensaio de reconhecidos intelectuais europeus.