Por esta altura, já entrámos na rotina. Mais um remake live-action, mais uma voltinha. Embora no caso de Lilo & Stitch a questão da imagem real tenha que se lhe diga - um pouco à semelhança de todos os remakes da Disney que implicam a passagem de criaturas e animais antropomórficos da animação para a sua versão aproximada, ou fotográfica, da realidade. Como fica então a variante “realista” do extraterrestre Stitch (e companhia)? Basicamente, vamos encontrar um peluche com boa mobilidade. E ainda está para chegar, em 2026, Os Aristogatos...Enfim, a partir desta quinta-feira nos cinemas, Lilo & Stitch vem lamber as feridas do desastre anterior, Branca de Neve, fazendo-o em relativo descanso, na ausência de polémicas de maior, e com um espírito leve intrínseco à história: eis um pequeno alienígena, feroz e ternurento, que cai literalmente do céu para se tornar o melhor amigo de uma menina havaiana órfã, com quem aprenderá o significado da palavra “família”. A coisa complica-se um bocadinho com a presença de outros dois habitantes exteriores ao planeta Terra, que devem levar de volta às origens o recém-batizado Stitch, mas tudo se conjuga para um final feliz.Realizado por Dean Fleischer Camp, que conhecemos da animação stop-motion nomeada ao Óscar Marcel, A Concha com Sapatos, esta é uma produção com “cheiro a armário”, cumpridora das metas de correspondência básica com o original de 2002. O que, claro, sabe a pouco, se tivermos em conta que a natureza fora da caixa da animação Lilo & Stitch, à sua época, teve que ver com um traço de originalidade fiel, ainda assim, às texturas inteligentes da fábula Disney. Ou seja, um rasgo inerente às cores e à vida dos desenhos.Dito isto, Lilo & Stitch tem a simpatia necessária para correr bem nas bilheteiras (ao lado de Missão: Impossível - O Ajuste de Contas Final), sem que a dita performance esteja comprometida por uma melhor ou pior apresentação. Ao que parece, a Disney continua o projeto criativo/comercial dos live-actions menos por homenagem laboriosa a um património do que em nome da rentabilização dos sucessos. Daí a impressão clara de que este filme, a ver-se privado de uma certa criatura fofa e icónica com selo dos estúdios, facilmente passaria por uma diversão sem assinatura, cujo propósito é “entreter” (verbo sacrossanto dos nossos tempos) a miudagem. Perdeu-se aquela magia artesanal das sessões familiares patrocinadas pela Disney - querendo resgatá-la, é preciso voltar aos próprios clássicos, sejam eles mais ou menos antigos.. Jafar Panahi assina um dos grandes filmes de Cannes .'Breve História de uma Família'. Pais e filhos