Um novo Werner Herzog com o impacto de um asteróide!

<em>Fireball - Visitantes de Mundos Sombrios</em>, o novo filme de Werner Herzog em parceira com Clive Oppenheimer. Um projeto sobre asteróides e meteoritos que encanta mais do que assusta. Já na Apple TV+.
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Um documentário que mistura o sentido da vida e as questões que sempre quisemos ter resposta sobre poeira cósmica, asteróides, meteoritos e bolas de fogo. É um documentário com cinema, convém colocar à frente e só poderia ter saído da mente exploratória do cineasta Werner Herzog, desta vez com a ajuda do vulcanologista Clive Oppenheimer.

Fireball - Visitantes de Mundos Sombrios é uma investigação sobre fenómenos em torno daquilo que nos cai do céu. Uma dissecação sobre o poder dos meteoritos e dos cometas e a forma como o mundo olha para eles, quer no perspectiva atual, quer na maneira como antigas civilizações foram afetadas pelas suas visitas. Oppenheimer e a câmara de Herzog (acumula a narração naquele seu sotaque inglês-alemão que parece ser a brincar) vão aos quatro cantos do mundo para respostas.

Fazem-no de uma forma tão didática como aventurosa, não se dispensando o humor muito específico de Herzog, quase sempre em fraterna partilha com a regra máxima de que somos uma migalha no universo à mercê do armagedeão. Misturando História, antropologia, filosofia e ciência, o filme nunca quer ser um oráculo nem um exercício de empirismo. As bolas de fogo e os fenómenos observados também dispensam a benesse folclórica. Para Herzog há devoção com as descobertas dos factos que se investigam, sobretudo na proximidade com os meteoritos.

Falamos então de partilha de fascínio, coisa que os documentários televisivos do género National Geographic não têm, em especial quando há um aprumo a filmar-se os locais onde os asteróides tiveram contacto connosco, seja na famosa Wolf Creek, na Austrália, na área de Chichén Itza, no México ou na cratera de Ramgarth, na Índia...

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E o que é mais interessante é que Clive Oppenheimer nos seus diálogos com cientistas, astrónomos ou geólogos nunca é demasiado técnico. Todos eles passam por personagens secundárias de uma procura por aventuras. Na sua qualidade "globetrotter", Fireball parece querer sempre ser um filme de aventuras. A bem dizer, tem esse efeito lúdico mesmo sendo um discurso sobre a transcendência da existência humana e de toda a fundamentação da panspermia. Claro que parece cliché de criador de terceira idade voltar a colocar a música dos islandeses Sigur Rós a pintar as imagens das paisagens "sagradas" e claro que Herzog já foi muito menos limpo na lapidação dos seus documentários.

E para o cineasta de Fritzcarraldo tudo é cósmico, tudo é maior do que a vida, mas sempre do lado da curiosidade mais espetacular. Esta sua nova exploração tem uma surpresa: não vamos ficar a ter pesadelos com asteróides ou bolas de fogo, vamos antes sonhar mais com o espaço...

*** BOM

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