Teatro Nacional São João agradece aos profissionais de saúde
Os atores agora usam máscaras e mantêm a distância de segurança. Na sala de ensaios paira no ar a o nervosismo de um novo contexto, segundo Afonso Cruz, ator que interpreta um dos conselheiros do rei D. Afonso IV.
"O retomar foi estranho e regressar trouxe medo e receio", concorda a atriz Joana Carvalho.
Nuno Cardoso já tinha levado a peça Castro ao teatro Aveirense. Nestes últimos três dias a encenação precisou de aprimoramento "Há cuidados nos aquecimentos e no espaço, foi preciso repensar as cenas", disse o encenador.
A récita da obra teatral é gratuita em gesto de homenagem aos profissionais de saúde. "O teatro é um serviço público em prol dos cidadãos, esta é uma homenagem a quem permite que ainda se faça teatro, o país permitiu".
A situação precária neste setor de atividade é conhecida, tanto pelas manifestações que têm sido realizadas como pelas discussões que têm sido levadas a plenário. Como aconteceu no passado dia 25 de junho, em que foi levada à Assembleia da República a situação atual da cultura em Portugal.
Só há três anos é que Afonso consegue sobreviver do que o teatro lhe oferece. Antes o ator lidava com a precariedade que o setor vive.
A atriz Joana Carvalho confessou que a paragem foi dramática e que revelou "a fragilidade que acompanha os artistas desde sempre".
"Há pessoas precárias que não têm condições para trabalhar. Tenho receio pelos outros." justifica Afonso.
Este setor profissional vive dias de grande insegurança: "Há atores que vivem sempre uma inconstância, incerteza, há meses muito intensos em que têm até de recusar trabalho e outros sem nada", declara o ator.
Joana Carvalho assenta que "faz falta um estatuto de trabalhador intermitente.".
Em 2007, o Parlamento Europeu propôs a adoção da carta europeia para a criação artística e as condições do seu exercício com base numa iniciativa análoga à da UNESCO, para afirmar a importância das atividades dos profissionais da criação artística e facilitar a integração europeia.