"Sinto muito". Plácido Domingo pede perdão às mulheres que o acusam de assédio sexual
O tenor espanhol foi acusado por pelo menos 20 mulheres de beijá-las à força, agarrá-las ou acariciá-las, em incidentes que aconteceram, em alguns casos, há 30 anos.
O tenor espanhol Plácido Domingo, acusado por várias mulheres nos últimos meses de assédio sexual, afirmou nesta terça-feira que lamenta o sofrimento causado e que assume "toda a responsabilidade" pelos seus atos. "Quero que saibam que sinto muito pelo sofrimento que vos causei", afirma o artista, de 79 anos, num comunicado enviado pelos seus representantes e divulgado na Espanha pela agência Europa Press.
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A declaração representa uma viragem de 180 graus na postura do tenor, que até agora tinha negado com veemência as acusações.
"Assumo toda a responsabilidade pelas minhas ações", completa o tenor no texto, no qual afirma que entende que "algumas mulheres podem ter medo de se expressar abertamente, pelo temor de que as suas carreiras sejam afetadas".
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Plácido Domingo assegura que passou meses "a refletir sobre as acusações que várias colegas apresentaram" contra ele e acrescenta: "Respeito que estas mulheres finalmente se tenham sentido à vontade para falar".
O cantor também indica que está "empenhado em promover uma mudança positiva na indústria da ópera, para que ninguém mais tenha que passar por uma experiência assim". E disse ter "o desejo fervoroso" de que o mundo da ópera seja mais "seguro" para todos e que o seu exemplo "estimule outros".
O comunicado foi publicado poucas horas depois de um júri em Nova Iorque declarar o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein culpado de agressão sexual e violação. As denúncias contra aquele que foi um dos homens mais poderosos de Hollywood provocaram o movimento contra o assédio e as agressões sexuais #MeToo, que se ampliou por todo o mundo e em vários âmbitos, da política à música.
Plácido Domingo, que na sua longa carreira atuou nas óperas mais prestigiosas do mundo, foi acusado por pelo menos 20 mulheres de beijá-las à força, agarrá-las ou acariciá-las, em incidentes que aconteceram, em alguns casos, há 30 anos.
Várias mulheres afirmaram que sofreram pressão do cantor para que tivessem relações sexuais com ele e que, às vezes, adotava represálias profissionais quando as suas insinuações eram rejeitadas.
Após as acusações, Plácido Domingo abandonou em outubro a direção da Ópera de Los Angeles, cargo que ocupava desde 2003. Também desistiu de se apresentar na Metropolitan Opera de Nova Iorque. A Orquestra da Filadélfia e a Ópera de San Francisco cancelaram as suas apresentações previstas para a temporada, assim como a Ópera de Dallas cancelou um concerto programado para março.
O espanhol, no entanto, seguiu com as suas apresentações em vários países da Europa nos últimos meses.