Anos depois do seu surgimento, o Sexteto de Jazz de Lisboa vai atuar no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, no dia 22 de setembro. “A primeira coisa que significa é que já não somos tão novos como antes. É que já temos uns anos em cima. Mas é uma celebração sempre, porque tem alguma graça reunir as pessoas que fizeram um projeto que nasceu nos anos 80”, afirma Mário Laginha sobre o marco de 40 anos, em conversa com o DN. O grupo constituído por Mário Laginha, Mário Barreiros, Tomás Pimentel, Edgar Caramelo, Ricardo Toscano e Francisco Brito decidiu celebrar as quatro décadas com um concerto, em conversa com o produtor, Joaquim José Lourenço. “Acabámos por ter a ideia de fazer uma coisa que simboliza estes anos todos de atividade. E pronto, cá estamos nós”, acrescenta Mário Laginha. O grupo voltou a juntar -se há dez anos para concertos ocasionais. Apresenta-se com três instrumentos de sopro, um trompete e dois saxofones. “O Sexteto tem uma música inconfundível e única em Portugal. E isso é fruto da qualidade da escrita, da composição. São compositores e arranjadores de uma qualidade absolutamente incrível. Eu tive sorte de ser convidado para participar neste projeto”, disse Mário Barreiros.Durante este concerto de celebração, o Sexteto vai revisitar os temas do seu único disco, Ao Encontro, e interpretar cinco novos temas. “Eu diria que é um misto entre temas do nosso repertório da época, quando aparecemos e fizemos o disco, e outros novos”, revela Tomás Pimentel.“O facto de o contrabaixista e o saxofonista não serem os mesmos, os originais do disco, vem trazer novo ar a este concerto. É diferente, apesar das composições serem as mesmas”, acrescenta.Passadas estas quatro décadas desde a origem do Sexteto, uma das coisas que mudou foi a experiência, dizem. “Éramos jovens e era uma novidade. Agora, nós não somos os mesmos e acho que a vida nos molda em todos os sentidos. Não é só a música que fazemos, mas também a vida que temos, os filhos que temos, as pessoas que amamos”.O grupo revelou ainda ao DN que estão a pensar voltar a estúdio para um novo disco, que irá incluir as cinco músicas novas que irão apresentar no concerto. Durante a entrevista, surgiu a ideia de se fazer um álbum duplo. “O primeiro seria este sexteto revisitar o outro disco, e o segundo seria de música nova”, explicaram os membros do grupo, discutindo o novo disco, que ainda está por gravar. O coletivo foi criado em 1984 na sequência de um pedido de Leandro Ferreiro, irmão de Tomás Pimentel, para um filme. “Precisava de música para o filme e eu era músico, e então foi isso que deu o arranque”, explica Tomás Pimentel. O Sexteto de Jazz de Lisboa era composto por Mário Laginha, Mário Barreiros, Pedro Barreiros, Tomás Pimentel, Edgar Caramelo e Jorge Reis. O saxofonista Jorge Reis morreu em 2014. Agora juntam-se ao Sexteto Ricardo Toscano e Francisco Brito.Relativamente ao que mudou na indústria nestes últimos 40 anos, o grupo refere que cada vez há mais músicos no mundo do jazz. “Começou a surgir o ensino do jazz, que tem uma implantação que não tinha na altura. Acho que isto vai levar mais gente da nova geração a ouvir jazz”. Acrescentam ainda que há mais espaço para o jazz em Portugal. “Agora há imensos clubes e bares em todo o lado. Houve uma altura em que caiu muito. Não havia público”. A forma como se encara o estudo da música também se alterou. “Hoje é mais possível um filho dizer a um pai - eu estou a falar da minha experiência -que se quer dedicar à música e o pai não ficar em estado de choque. Isso aconteceu comigo”, lembra Mário Laginha. Francisco Brito, o mais novo do Sexteto de Jazz, menciona que várias pessoas tiravam outras licenciaturas para poderem, depois, dedicar-se ao jazz. “A maior parte da malta que eu conheço, que tem mais ou menos a minha idade, tirou cursos como Direito ou Economia para satisfazer a vontade dos pais, e depois poderem ir estudar o que quisessem como jazz”. Os bilhetes para este concerto no Tivoli estão à venda por 12,50 euros. .Está de volta o festival que apresenta o cinema árabe aos portugueses