O fenómeno pode não ser de agora, mas o "esperar pelo próximo filme" tem vindo a tornar-se condição comum dos espectadores. Por vezes, uma condição confortavelmente monótona. A grande fatia da produção cinematográfica americana recente apoia-se na ideia de uma certa rentabilidade da narrativa, e por isso há muitos filmes que nos chegam não apenas como filmes, mas como assumidos primeiros capítulos de uma série de sequelas, isto é, objetos sem necessidade de respiração própria porque servem um desígnio da continuação, uma imaculada aparência incompleta destinada a abrir o apetite. E depois há as sequelas que nascem simplesmente do sucesso de outros filmes. Entre umas e outras, 2022 será definitivamente um ano marcado por esta tendência..Já no dia 20 deste mês há a estreia de Gritos, de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, o quinto filme da famosa série de terror de Wes Craven, com os protagonistas Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette de regresso aos seus postos, e mais para o fim do ano, a cumprir a tradição de outubro, Halloween Ends, de David Gordon Green, tenta colocar um ponto final na longa saga de Michael Myers. Ainda sem data, Knives Out 2, de Rian Johnson, aproveita a reforma do último James Bond para voltar a dar a Daniel Craig o papel do detetive Benoit Blanc, e o terceiro momento de Legalmente Loira vai recuperar a personagem que deu fama a Reese Witherspoon (chega em maio). Para além destes - e de John Wick: Chapter 4, que passou para 2023 -, há outros títulos ainda mais aguardados no panorama do ano..Da televisão para o cinema, Downton Abbey é um êxito independentemente da dimensão do ecrã. A série (2010-2015) que contou as aventures e desventuras dos residentes de uma casa inglesa no início do século XX deu origem a um filme homónimo, em 2019, aí encenando-se uma visita oficial da Rainha e do Rei de Inglaterra, que dá azo a grandes movimentações e intrigas de chá dentro da elegante propriedade... Com estreia marcada para 17 de março, a sequela Downton Abbey: Uma Nova Era, de Simon Curtis, recupera a "dança" dos aristocratas Crawley, e respetivo staff, para medir o pulso a uma nova época, nomeadamente através de uma viagem até ao sul de França. Maggie Smith e companhia voltarão a dar cartas?.O terceiro filme desta saga de J.K. Rowling, que explora os acontecimentos anteriores a Harry Potter, traz como vilão Mads Mikkelsen. O ator dinamarquês de Mais Uma Rodada é a grande novidade do elenco, substituindo Johnny Depp, que em Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (2018) interpretara a personagem do título. Desta feita, e depois de tal sequela populosa - onde se sentiu a falta de fantastic beasts propriamente ditos -, o professor Albus Dumbledore (Jude Law) toma as rédeas da ação procurando a ajuda do magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar um grupo de feiticeiros e bruxas na tentativa de impedir o plano maquiavélico de Grindelwald: apoderar-se do Wizarding World. Com o ritmo de produção prejudicado pela covid-19, Monstros Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore, assinado pelo realizador de sempre, David Yates, chega às salas a 7 de abril..Entre as sequelas muito adiadas, Top Gun: Maverick, de Joseph Kosinski, será dos casos mais sérios. Começou por estar previsto para julho de 2020 e, após dois anos de espera, não perdeu a vibração da expectativa. Trata-se do regresso de Tom Cruise ao muito popular universo de Top Gun - Ases Indomáveis (1986), o filme de Tony Scott que lançou esse jovem ator como Maverick, o piloto da aviação naval agora na função de instrutor de um grupo de convocados para uma missão de alto risco. Quase sexagenário, Cruise continua a fazer gala da sua plena forma, e é isso que se espera tanto em Top Gun: Maverick (apontado para 26 de maio) como em Missão: Impossível 7, de Christopher McQuarrie (a estrear-se em setembro), outra das rodagens atingidas pela pandemia, ou não estivéssemos a falar de uma produção recheada de acrobacias internacionais, em cenários que vão de Itália à Suíça, passando pela Noruega e Inglaterra. O enredo deste novo Missão: Impossível ainda é top secret, mas podemos apostar que o nível de ação não estará para brincadeiras..A chegada de um novo filme da série iniciada por Steven Spielberg em 1993 continua a ser motivo de celebração. Agora com Brice Dallas Howard e Chris Pratt como protagonistas, desde 2015, o sexto capítulo da saga situa-se quatro anos depois dos acontecimentos de Mundo Jurássico: Reino Caído (2018), em que os dinossauros geneticamente modificados passaram a coexistir com os humanos. Realizado por Colin Trevorrow, responsável pelo sucesso do primeiro filme da era "Mundo Jurássico" (que substituiu a marca "Parque Jurássico"), esta foi mais uma das produções dependentes do calendário da pandemia. Sendo o típico blockbuster da temporada de verão, Mundo Jurássico: Domínio tem estreia agendada para 9 de junho..No domínio da animação, o reinado dos Minions está para durar. Mínimos 2: A Ascensão de Gru é a sequela da prequela de Gru - O Maldisposto, lançada em 2015, que contava como estas criaturinhas amarelas, cuja existência se define por "servir vilões", tinham encontrado uma patroa ideal na supervilã Scarlet Overkill. O novo filme, a chegar (finalmente) a 30 de junho, narra por sua vez a ambição de um menino chamado Gru, que, nos anos 1970, quer tornar-se o membro mais novo de um grupo de supervilões. Com a ajuda dos adoráveis bonecos amarelos, tudo é possível... Como sempre, aconselha-se vivamente a versão original com legendas, para tirar proveito do Gru de Steve Carell, uma das vozes mais geniais das animações americanas. No caso, a galinha dos ovos de ouro dos estúdios Illumination..Mais de uma década depois do triunfo de bilheteira de Avatar (2009), James Cameron vai apresentar ao mundo, em dezembro deste ano, a sequela dessa proeza técnica e cinematográfica, que contava a missão de um ex-marine numa lua de nome Pandora. O filme estava previsto desde 2010, e até 2028 a franchise vai estender-se a Avatar 5. Trata-se de um projeto gigantesco do realizador de Titanic, cuja produção começou tardiamente, em 2017, e dada a complexidade de uma rodagem que se combina com a mais avançada tecnologia digital (já para não falar das condicionantes óbvias da pandemia), chega às salas escuras com um grande nível de expectativas. No mínimo, antecipa-se algo na ordem do espetacular. Ou pelo menos é isso que sugere um orçamento de 250 milhões de dólares..No departamento dos super-heróis, não podiam faltar rebuçados. Em maio estreia-se Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de Sam Raimi, segundo título centrado na personagem Marvel de Benedict Cumberbatch, o cirurgião com poderes místicos que foi uma das melhores descobertas deste universo. No novo filme ele lança um feitiço proibido e abre uma entrada para o multiverso, onde existe uma versão alternativa de si próprio... A Doutor Estranho segue-se em julho, também da Marvel, Thor: Amor e Trovão. Desde que Taika Waititi pegou na saga sisuda deste super-herói, as aventuras do deus do trovão nunca mais foram a mesma coisa - e neste quarto filme é esperar para ver Natalie Portman de regresso ao seu papel romântico, que poderá ser mais do que isso. Já no final do ano, em novembro, Black Panther: Wakanda Forever, de Ryan Coogler, terá de lidar com a perda da sua Pantera Negra, Chadwick Boseman (1976-2020). Neste segundo filme, tudo o que se sabe é que a história se concentra em Shuri (Letitia Wright), a irmã do Rei T"Challa (Boseman)..Do lado da DC Comics, março traz The Batman, de Matt Reeves, agora com Robert Pattinson a vigiar a cidade de Gotham, e em dezembro chega Aquaman and the Lost Kingdom, de novo assinado por James Wan, com Jason Momoa a voltar para o segundo momento, a título próprio, do seu super-herói..dnot@dn.pt