Rui Ochoa leva exposição sobre 25 de Abril a Madrid. Segue-se Zamora
O fotógrafo oficial do Presidente da República e antigo fotojornalista do semanário Expresso, Rui Ochoa, inaugura esta quarta-feira uma exposição no Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais PHotoEspaña, em Madrid, um grande evento que decorre em vários espaços culturais da cidade. A exposição Rui Ochoa. 74-99, patente no Ateneo de Madrid até 16 de julho, assinala os 50 anos do 25 Abril, e resulta de uma seleção de fotografias da mostra que Rui Ochoa realizou em 2023 na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), em Lisboa, onde expôs 100 imagens que tirou como fotojornalista dos primeiros 25 anos do Portugal democrático, e da qual resultou também um livro com o mesmo nome.
“Ali, no Ateneo, o espaço era mais pequeno e tivemos de fazer alguns cortes, escolhemos 34 ou 37 fotografias”, diz Rui Ochoa ao DN, explicando como surgiu o convite para expor no âmbito da PHotoEspaña. “Fomos contactados pela nossa embaixada em Madrid, perguntando-me se eu estava interessado em participar, porque a direção da PHotoEspaña 2025 tinha manifestado interesse em levar um fotógrafo com o seu trabalho, dado que estávamos a cumprir os 50 anos da Revolução. E calhou-me a mim.”
Além de menos fotografias, houve outras adaptações a fazer em relação à mostra de Lisboa, há dois anos. “Houve que reformular um bocado a exposição, fazer opções e também dar-lhe uma componente mais virada para o 25 de Abril do que, enfim, o 25 de Abril e tudo o que se passou a seguir. Até mais ou menos ao 25 de novembro, porque é o período mais interessante para o público estrangeiro.”
No final de agosto, princípios de setembro, a exposição segue para Zamora, ainda no âmbito do mesmo festival. “A PHotoEspaña é muito itinerante, não é só em Madrid. Nós, em Portugal, fazemos as coisas só num sítio e eles não. E perguntaram-me se eu estava interessado em levar a exposição para Zamora. É engraçado, porque Zamora está ligada ao Tratado de Zamora, à independência de Portugal.”
Em Portugal, o fotógrafo gostaria de levar a Rui Ochoa. 74-99 à cidade do Porto, coisa que não aconteceu em 2023, quando esteve patente em vários locais da Grande Lisboa. “Mas vamos ver, porque no Porto é sempre complicado, aliás, em Portugal é sempre complicado, porque nunca há espaços em lado nenhum. É muito difícil, os artistas têm de trabalhar com dois anos, dois anos e meio de antecedência." Por causa disso, revela, sabe que vai expor na SNBA em 2027, só não sabe ainda o quê, porque antes disso tem outras exposições previstas.
Já no próximo dia 26 de junho é inaugurada, na galeria do Casino Estoril, a exposição Macau: Os últimos dias da Administração Portuguesa. Trata-se de uma mostra que vem de Macau, onde esteve patente no Centro Científico e Cultural, e que a Fundação Jorge Álvares traz agora para Portugal até 27 de julho, considerando que é de “elevado valor histórico, cultural e artístico”. Nela Rui Ochoa reúne cerca de 50 fotografias, a maioria captadas em dezembro de 1999, quando o fotojornalista esteve em Macau ao serviço do Expresso para cobrir a transferência da soberania do território de Portugal para a China. Ochoa captou os derradeiros eventos oficiais antes da passagem, e detalhes simbólicos e do quotidiano da cidade nos últimos dias da Administração Portuguesa.
Em dezembro deste ano, adianta ainda o fotógrafo oficial de Marcelo Rebelo e Sousa, vai fazer uma exposição sobre Mário Soares na galeria do Montepio, também na capital portuguesa, na senda do livro Mário Soares, 100 anos que publicou juntamente com Alfredo Cunha e Clara Ferreira Alves em novembro do ano passado.
Rui Ochoa deixou o fotojornalismo em 2009, quando saiu do quadro do Expresso, mas em 40 anos muitos profissionais passaram-lhe pelas mãos. “Eu formei 50 fotojornalistas”, contabiliza, e “uns dez ainda estão a trabalhar na área”. Deu aulas durante sete anos e em 2016 passou a ser o fotógrafo oficial de Marcelo Rebelo de Sousa. E como é retratar o Presidente da República? “Como estamos em fim de mandatos, as coisas estão mais suaves. O Presidente desacelerou. No início foi muito complicado, porque era todos os dias...”
Rui Ochoa já publicou um livro relativo à campanha para as presidenciais de Marcelo Rebelo de Sousa, em março de 2016, que intitulou Afetos. “Toda a gente achou esquisito, afetos... Mas a palavra ‘afetos’ foi adotada pela comunicação social, pelas pessoas, por todos nós. E, na verdade, a característica dele é gostar genuinamente de pessoas, de ajudar, de ouvir, de contactar.”
Um 2.º volume fotográfico dedicado aos anos de Marcelo enquanto Presidente da República deve seguir-se a Afetos. “Eu tenho planos para isso, mas tudo depende da vontade dele. Eu já falei nisso. Depois de acabar o mandato, vê-se. Tenho montes de material, montes, dava para fazer dez livros.”