Raro preservativo com 200 anos é destaque em museu de Amesterdão
Rijksmuseum/Kelly Schenk

Raro preservativo com 200 anos é destaque em museu de Amesterdão

Feito a partir de apêndice de ovelha, contracetivo integra a exposição Sexo seguro?, que explora a sexualidade e o trabalho sexual no século XIX. Está exposto até novembro no Rijksmuseum.
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Um preservativo com quase duzentos anos, provavelmente feito a partir de apêndice de ovelha, ganha destaque por estes dias no Rijksmuseum, em Amesterdão. Decorado com uma gravura erótica e datado de cerca de 1830, a peça integra a exposição Sexo seguro?, que explora a sexualidade e o trabalho sexual no século XIX.

O objeto retrata uma freira parcialmente despida sentada com as pernas abertas, apontando para os órgãos genitais eretos de três clérigos que levantam as próprias vestes. A imagem, acompanhada da inscrição “Voilà mon choix” (“Pronto, é a minha escolha”), parodia "tanto o celibato religioso quanto o famoso mito grego do Julgamento de Páris", descreve o museu.

Segundo o Rijksmuseum, esta é a primeira vez que um preservativo é incorporado ao acervo do museu. Presume-se que tenha sido uma “lembrança de luxo” de um bordel francês, muito provavelmente em Paris, e trata-se de um exemplar extremamente raro - apenas mais outro preservativo dessa época terá resistido até hoje.

Rijksmuseum/Kelly Schenk

A inusitada peça "demonstra as múltiplas aplicações da arte da gravura e oferece uma visão sobre a sexualidade e a prostituição no século XIX", realçou o museu.

Feito de apêndice de ovelha, material comum antes da invenção da borracha vulcanizada (em 1839), o preservativo alia provocação e crítica social através da incorporação da gravura francesa, que o museu interpreta como uma reinterpretação satírica da obra “O Julgamento de Páris”, de Pierre-Auguste Renoir - que retrata o príncipe troiano Páris a ajuizar um concurso de beleza entre três deusas.

Esta aquisição permitiu-nos abordar a sexualidade e a prostituição do século XIX, temas historicamente sub-representados na nossa coleção”, afirmou o museu em comunicado. “O preservativo ilustra tanto o lado lúdico quanto o lado sério da saúde sexual, numa época marcada pela busca do prazer e pelo medo da sífilis e de gravidezes indesejadas.”

A peça foi comprada por mil euros num leilão realizado em Haarlem, há seis meses, com apoio do Fundo FG Waller, e agora integra a vasta coleção da Sala de Gravuras do Rijksmuseum, que reúne mais de 750 mil gravuras, desenhos e fotografias.

A exposição Sexo seguro? pode ser visitada neste museu de Amesterdão até ao final de novembro.

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