"O património cultural é de todos. É preciso investir e envolver mais parceiros, como privados"
"Orgulho". Foi com esta palavra que a ministra da Cultura, Graça Fonseca, reagiu em entrevista ao Jornal da Noite da SIC, sobre o que significava este dia para Portugal.
"Significa orgulho", disse, sublinhando que Portugal foi o único que - na reunião de hoje do Comité para o Património Mundial e para a Humanidade da Unesco, que decorreu em Baku, no Azerbeijão - incluiu dois monumentos na lista do Património da Humanidade - Palácio de Mafra e Bom Jesus de Braga, e um na lista de Património Mundial, o Museu Machado de Castro, em Coimbra.
Significa que temos de "realçar que Portugal é um país muito rico em termos de património cultural e que temos agora a responsabilidade acrescida na sua preservação e também na sua programação", referiu ainda a governante.
Graça Fonseca disse que os dois monumentos são muito emblemáticos, mas que esta nomeação exige também um investimento mais imediato, anunciando estar previsto um novo investimento em Mafra, no Museu da Música, embora o palácio, tivesse tido recentemente um investimento grande na preservação da Tapada de Mafra. Quanto ao Bom Jesus de Braga as intervenções têm sido feitas mais a nível local, embora com o ministério sempre a acompanhar.
Para a governante, o facto de hoje estes dois monumentos terem entrado na lista do Património da Humanidade, significa também que Portugal tem de colocar o património cultural "no centro das políticas públicas, mas também da economia e da atratividade do território". Sublinhando que "o património é um extraordinário ativo cultural, mas também social".
No entanto, a ministra admitiu nesta entrevista que "ao longo dos anos se tem investido pouco em património", uma situação que acompanha décadas, gerações. O que há que mudar.
"Ao longo destes quatro anos foram investidos cerca de 40 milhões no património para o melhorar e reabilitar. Este ano estão previstas mais intervenções em três monumentos já classificados. São o Convento de Cristo e os mosteiros da Batalha e de Alcobaça. É isto que temos de trabalhar mais vezes na nossa equipa. É preciso investir cada vez mais, e envolver vários parceiros, nomeadamente os privados", disse.
Se há mensagem que considera que tem de passar e de "forma muito clara" é a de que: "o património cultural é de todos. Tanto do poder central, local, da sociedade civil e das empresas".
Por isso, "há que trabalhar esta ideia", sublinhou.
Questionada sobre as obras desaparecidas - ou que, como explicou, não estão localizadas - a ministra referiu que só agora se está a fazer um inventário rigoroso de todas as obras que possam estar nesta situação.
A ministra explicou que desde 1990, houve várias tentativas para se fazer este inventário, mas este nunca avançou estando a ser feito agora.