Quando Taylor Swift abriu a sua Eras Tour em Glendale, Arizona, em março de 2023, Kevin Mazur teve acesso total para fotografar o espetáculo..Quando Beyoncé abriu a sua digressão Renaissance em Estocolmo, na Suécia, dois meses depois, Mazur captou a atuação diretamente da frente do palco..Nesse outono, quando Madonna abriu a sua Celebration Tour em Londres, Mazur estava mais uma vez a postos para as melhores fotografias..Na Met Gala e na festa dos Óscares da Vanity Fair, Mazur, 63 anos, circula livremente enquanto os fotógrafos dos principais meios de comunicação social têm um curto espaço de tempo para fotografar os acontecimentos fora da passadeira vermelha..Bob Dylan deixou-o entrar no estúdio de gravação, Barbra Streisand recebeu-o em sua casa e Kurt Cobain convidou-o para uma digressão dos Nirvana. Tirou algumas das últimas fotografias de Michael Jackson, na noite anterior à sua morte..O seu lema - “Porque é que não havemos de querer fazer com que as pessoas pareçam bem?” - ajuda a explicar como se tornou o John Singer Sargent da fotografia digital ao vivo, um cronista de referência de deuses do rock e estrelas de cinema..Numa tarde recente, quando centenas de fotógrafos se encontravam à porta da UBS Arena, em Long Island, a apanhar sol enquanto esperavam para receber os crachás de imprensa para os MTV Video Music Awards, Mazur já estava lá dentro. Parecia muito à vontade, com as suas calças pretas simples, Nikes pretos e uma t-shirt azul escura do FDNY (os bombeiros de Nova Iorque), enquanto observava Chappell Roan a cantar o seu êxito Good Luck, Babe!..“Ele é o nosso fotógrafo preferido para todos os espectáculos”, disse Bruce Gillmer, o produtor executivo da transmissão anual. “Ele tem o acesso que tem porque é artisticamente o melhor no negócio e a pessoa em quem os artistas mais confiam.”.Mazur vive com a mulher, Jennifer, numa mansão à beira-mar em Babylon, Nova Iorque, não muito longe da sua casa de infância. Durante uma visita ao local num fim de semana recente, parou numa parede de fotografias emolduradas. Lá estava ele com Jon Bon Jovi, Miley Cyrus, Drake, Ariana Grande, Dave Grohl, Lady Gaga, Ozzy Osbourne, Katy Perry, Julia Roberts, Britney Spears, Bruce Springsteen, Tom Hanks e Rita Wilson..Para além da sua capacidade de pôr os famosos à vontade, Mazur recebe tratamento preferencial das estrelas porque é um dos principais fotógrafos da Getty Images, um dos maiores distribuidores de fotografias de concertos, eventos desportivos e estreias de cinema..Os fotógrafos da Getty estão algures entre os jornalistas e os agentes dos ricos e famosos: grande parte das receitas da empresa provém diretamente das celebridades e das empresas que contratam os seus fotógrafos para fotografar eventos, sabendo que as imagens serão lisonjeiras e abundantes. A empresa também ganha dinheiro vendendo as suas fotografias ao The Daily Mail, People, The New York Times e outros meios de comunicação social em todo o mundo..Mazur não foi tanto contratado pela Getty, mas foi sim “comprado” por ela. Em 2001, ele e sete outros fotógrafos fundaram a WireImage, uma publicação centrada na fotografia de entretenimento e desporto que cresceu rapidamente, abrindo escritórios em Nova Iorque, Londres, Paris e Los Angeles. Em 2007, a Getty ofereceu-se para comprar a WireImages por cerca de 200 milhões de dólares. Quando os sócios se reuniram para votar, a única mão que não se levantou foi a de Mazur. “Fui-me embora”, recorda..Ele não divulga quanto ganhou com a venda, mas alguns dos seus amigos estimam que o valor tenha rondado os 10 milhões de dólares..Mazur nasceu em Brooklyn e cresceu em Babylon. O seu pai era agente da polícia de Nova Iorque e bombeiro do FDNY; a sua mãe, Kathy, que vive agora numa secção da casa à beira-mar a que Mazur chama a Ala Norte, era dona de casa..Kevin Mazur fotografado em sua casa. Fotografia: Landon Nordeman/The New York Times.Não era um miúdo fácil.“O que é que ele não fez?” disse Kathy, no escritório de Mazur, falando sobre os seus anos de liceu, durante os quais se divertia muito e destruia carros..Quando era adolescente, as paredes do seu quarto estavam cobertas de fotografias e posters dos Aerosmith, dos Beatles, dos Black Sabbath, de Farrah Fawcett, dos Kiss, de Elton John, dos Rolling Stones e dos The Who. Começou a distinguir-se do fã típico em 1977, quando estava no primeiro ano do liceu e os Led Zeppelin estavam a dar seis concertos no Madison Square Garden. Depois de conseguirem lugares na última fila para a primeira noite, Mazur e os amigos aprenderam os meandros do scalping, comprando e revendendo até chegarem aos camarins na segunda noite e à plateia na terceira..O sonho de se tornar fotógrafo surgiu na sua cabeça enquanto estudava publicidade, arte e design no Farmingdale State College, uma universidade pública em Long Island. Sem quaisquer contactos no meio, foi trabalhar para o Brookdale Hospital como fotógrafo médico depois da licenciatura. A pior parte do trabalho, segundo ele, não era fotografar cadáveres, mas crianças maltratadas..“Houve um miúdo com queimaduras de cigarro que deu entrada três vezes”, disse. “Havia uma criança que foi atingida na cara com uma frigideira. Foi de partir o coração.”.Descontraia indo a concertos, com a máquina a tiracolo, no Nassau Coliseum, no Max’s Kansas City, no Radio City Music Hall, no Madison Square Garden ou no CBGB. Num impulso, telefonou a Annie Leibovitz, a famosa fotógrafa de celebridades, para pedir conselhos de carreira..“Quando ela pegou no telefone, tive um ataque cardíaco”, disse Mazur.A conversa durou menos de um minuto e ela fez-lhe uma lista de agências de fotografia. A única de que se lembrava era Retna. Mazur foi ao escritório da empresa, levando consigo algumas das suas fotografias. Retna colocou uma dessas fotos, uma imagem de Billy Joel no palco, na revista People, e ele seguiu o seu caminho..Quando os Talking Heads tocaram no Forest Hills Tennis Stadium em 1983, Mazur esgueirou-se para os bastidores e conheceu Ken Sunshine, que supervisionava a comunicação da Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores. .Sunshine, que viria a ser um poderoso publicitário de entretenimento e ator nos bastidores da política democrata, contratou Mazur para fotografar Paul McCartney num almoço. O ex-Beatle gostou de Mazur, e ele foi logo contratado para fotografar uma série de concertos de Elton John. Quase sem dar conta, estava a fotografar Elizabeth Taylor, Jon Bon Jovi, e assim por diante..“Ele estava agitado”, disse Sunshine. “E sabia quando se devia calar. Também é uma boa pessoa num mar de víboras, e as pessoas sentem isso.”.O negócio das fotografias de celebridades mudou drasticamente com a introdução do iPhone e o advento das redes sociais. Em vez de dependerem da Us Weekly, da People e da revista OK! para transmitirem diários fotográficos idealizados das suas vidas, as estrelas e os seus responsáveis começaram a fazer eles próprios grande parte do trabalho. Outros fotógrafos perderam trabalho com a mudança, mas Mazur continuou a prosperar..A Getty e a sua principal concorrente, a Shutterstock, têm-se aguentado - um duopólio no seu canto do negócio dos media - mas os pagamentos de milhões de dólares pelo acesso exclusivo ao casamento de Christina Aguilera ou às primeiras fotografias dos gémeos recém-nascidos de Jennifer Lopez são coisa do passado. Mazur diz que, atualmente, a sua verdadeira motivação tem mais a ver com adrenalina do que com finanças. “Tenho o melhor emprego do mundo”, disse..Nos últimos MTV Video Music Awards, mais de uma dúzia de produtores da Getty sentaram-se em frente a computadores portáteis numa área fechada, enquanto se preparavam para uma noite de seleção e carregamento para o site da empresa das fotografias tiradas por Mazur e sua equipa..Quando começou a parte da passadeira vermelha da noite, por volta das 18 horas, a hierarquia entre os que estavam a cobrir o evento era bem clara: enquanto dezenas de fotojornalistas gritavam por detrás das vedações para Snooki e The Situation, Mazur e os seus colegas da Getty moviam-se sem restrições..As celebridades chegaram perto da hora de início do programa. Todos pareciam conhecer Mazur. Ele recordou brevemente com Cyndi Lauper as aventuras delas nos anos 80 no mundo da luta livre profissional - “Não foi uma loucura?” disse ela - antes de partilhar um aperto de mão com Busta Rhymes..Quando Taylor Swift apareceu, posou para a câmara de Mazur. Ele balançou de um pé para o outro num esforço para conseguir uma foto memorável. Depois atravessou o parque de estacionamento, em direção à arena. Os seguranças conheciam-no, por isso não hesitaram quando ele passou apitar pelos detectores de metais..À medida que a noite avançava, Mazur manteve uma velocidade vertiginosa, muitas vezes iludindo os produtores encarregues de ir buscar os seus cartões de memória. Para conseguir a fotografia certa de Sabrina Carpenter, saltou por cima de uma barreira de fita branca e espremeu-se num espaço impossivelmente apertado entre o teleponto e a fila da frente..Pouco depois estava nos bastidores, a fotografar uma velha amiga. “Kevin, há quanto tempo é que nos conhecemos?” disse Katy Perry, pondo um braço à volta dele. “Catorze anos ou algo do género”, disse ele. “Toda a minha carreira”, disse ela..Este artigo foi publicado originalmente no The New York Times