Morreu Sly Stone, pioneiro do funk. Tinha 82 anos
Nascido Sylvester Stewart, Sly Stone cresceu a cantar gospel com os irmãos e mais tarde chegou a tocar no festival de música de Woodstock em 1969. DJ na rádio em San Francisco, foi com a sua banda, Sly and the Family Stone que ganhou fama, através de êxitos como It’s a Family Affair e If You Want Me to Stay. O pioneiro do funk cuja música desencadeou a explosão soul nos anos de 1960, morreu na segunda-feira aos 82 anos.
“É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento do nosso amado pai, Sly Stone, dos Sly and the Family Stone”, revelou a família, em comunicado. “Após uma longa batalha contra a DPOC [doença pulmonar obstrutiva crónica] e outros problemas de saúde, Sly faleceu pacificamente, rodeado pelos seus três filhos, pelo seu melhor amigo e pela sua família alargada”, lê-se no mesmo comunicado. “Embora lamentemos a sua ausência, consolamo-nos sabendo que o seu extraordinário legado musical continuará a ressoar e a inspirar as gerações vindouras.”
Com a sua banda, Stone uniu soul, rock psicadélico e gospel em canções fervorosas e inspiradoras, tornando-se um dos principais pais do som funk dos anos de 1970, ao lado de James Brown e outros.
Em apenas cinco anos, a sua criatividade deixou um impacto duradouro na música americana e global, desde o primeiro sucesso da banda, Dance to the Music, em 1967, e a canção Everyday People, um ano depois, até à obra-prima dos anos 70, If You Want Me to Stay.
Para muitos, Sly Stone foi um génio musical que criou o som do futuro e lançou as bases para artistas como Prince, Miles Davis, Red Hot Chili Peppers e OutKast.
Foi “como ver uma versão negra dos Beatles”, destacou a lenda do funk George Clinton à CBS News sobre a presença em palco do seu amigo de longa data. “Tinha a sensibilidade das ruas, a sensibilidade da igreja e as qualidades da Motown. Era tudo isto numa só pessoa”, salientou.
Batalha contra os vícios
Mas Stone não conseguiu lidar com a pressão da fama e caiu no vício das drogas. Falhou concertos, a produção musical tornou-se irregular e a banda separou-se em 1973.
Detido várias vezes devido a problemas com drogas, chegou a ser sem-abrigo e a viver numa carrinha, antes de conseguir dar a volta. Nas memórias, publicadas em 2023, garantiu que se tinha livrado do vício em 2019.
“Nunca vivi uma vida que não quisesse viver”, garantia Sly Stone numa reflexão sobre o vício, o envelhecimento e a mudança na música.