Ghery numa exposição em Paris.
Ghery numa exposição em Paris.準建築人手札網站 Forgemind ArchiMedia / Flickr/CC

Morreu arquiteto Frank Gehry, autor do Museu Guggenheim Bilbau

O famoso arquiteto morreu na sua casa, em Santa Mónica, Califórnia. Tinha 96 anos.
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O arquiteto Frank Gehry, autor do Museu Guggenheim Bilbau, em Espanha, morreu esta sexta-feira, 5 de dezembro, aos 96 anos, em Santa Mónica, Califórnia, noticiou o jornal The New York Times.

Gehry morreu na sua casa, segundo a chefe de gabinete do atelier Gehry Partners, Meaghan Lloyd, citada pelo jornal nova-iorquino.

Frank Owen Gehry nasceu em 28 de fevreiro de 1929, em Toronto, Canadá, com o nome de Ephraim Goldberg, e tornou-se cidadão norte-americano em 1947, quando os pais se fixaram em Los Angeles.

Formou-se em Arquitetura na Universidade do Sul da Califórnia, prosseguindo os estudos na área do planeamento urbanístico na Graduate School of Design da Universidade de Harvard.

Depois de ter trabalhado com outros arquitetos, como Victor Gruen, pioneiro dos centros comerciais, nos Estados Unidos, Gehry optou por abrir um pequeno gabinete em nome próprio, em Santa Mónica, Califórnia, que viria a transformar-se no grande atelier Frank O. Gehry & Associates, atual Gehry Partners.

Inicialmente influenciado por Le Corbusier, Gehry começou a afirmar-se na década de 1970 pela dimensão pessoal das suas obras, caracterizadas pelo uso de materiais pouco convencionais, como o titânio com que cobriu o Guggenheim de Bilbau, e por combinações geométricas que se afastavam do padrão retilíneo, "da imobilidade e do racionalismo", que recusava.

A reforma da sua própria casa em Santa Mónica, em 1978, transformou-se numa atração, ao combinar painéis cor-de-rosa, estruturas de metal ondulado e rede de capoeira, transmitindo a impressão de algo inacabado e instável.

Do seu trabalho, destacam-se a Faculdade de Direito de Loyola (1981-84), em Los Angeles, o Museu Aerospacial da Califórnia (1983-84), a sucursal da Livraria Francis Howard Goldwyn (1986), também em Los Angeles, o restaurante Dança dos Peixes, em Kobe, Japão (1987), o Museu de Design da Vitra Furniture Company, em Weil, Alemanha, a Casa Dançante (1997), em Praga, o Walt Disney Concert Hall (2003), em Los Angeles, e a sede da Fundação Louis Vuitton (2014), em Paris, além do Museu Guggenheim Bilbau (1997).

O Guggenheim de Bilbau.
O Guggenheim de Bilbau.CC

Entre as suas obras mais recentes contam-se a sede do DZ Bank, em Berlim, na Alemanha, a expansão do edifício-sede do Facebook, na Califórnia, a sede da InterActiveCorp, em Nova Iorque, e projeto habitacional de 76 andares, no bairro de Chelsea, em Manhattan, inaugurado em 2011.

Em 2003, o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, convidou Frank Gehry a desenvolver um projeto para o Parque Mayer, na capital portuguesa, que não foi concretizado.

A versão inicial desse projeto incluía um casino, quatro salas de teatro, um clube de jazz, um museu da moda, uma mediateca, dois edifícios para habitação, um hotel e zonas comerciais.

Em declarações a jornalistas portugueses, nesse ano de 2003, Frank Gehry explicou que não queria fazer “uma reconstrução histórica”, mas sim transformar o Parque Mayer num “espaço moderno do século XXI” de maneira a que parecesse "que esteve sempre ali".

A proposta previa um edifício principal, em pleno Parque Mayer, com duas salas de espectáculos - a maior, com capacidade de 800 a mil pessoas, previa uma sala interior e um anfiteatro ao ar livre, na fronteira com o Jardim Botânico.

Frank Gehry regressou a Portugal, em 2014, para apresentar na Guarda outro projeto de um hotel de cinco estrelas e de um museu, no contexto de um complexo turístico, previsto para a zona de fronteira entre os concelhos da Guarda e de Belmonte.

Em 2007, o arquiteto desenhou o cenário para o concerto de Mariza no Walt Disney Concert Hall, que três anos mais tarde acompanhou a fadista na digressão de apresentação do seu álbum "Fado Tradicional".

Gehry idealizou então uma taberna, tal como a concebia, num beco de Lisboa, com o objetivo de realçar e apoiar Mariza na sua atuação em Los Angeles, como o arquiteto então declarou à Associated Press.

"Não vai ser uma decoração Frank Gehry. Não a vão reconhecer", disse na altura à agência norte-americana de notícias, sublinhando o intimismo do cenário.

Em 2011, Gehry regressou como professor à Universidade do Sul da Califórnia, onde se formara, depois de ter ensinado nas universidades de Yale e de Columbia.

Embora gostasse de desenhar e construir cidades em miniatura quando era criança, como hoje recorda o Los Angeles Daily News, Gehry contava que só aos 20 anos considerou a possibilidade de seguir a carreira de arquitetura, depois de um professor de cerâmica ter reconhecido o seu talento: "Foi como se fosse a primeira coisa na minha vida em que me saí bem".

Frank Gehry foi distinguido com mais de uma centena de prémios, entre os quais o Pritzker (1989), o Praemium Imperiale do Japão (1992), o Frederick Kiesler, da Áustria (1998) e o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes, de Espanha (2014), além da Medalha de Ouro do American Institute of Architects (1999).

O jornal The New York Times define-o hoje como "o titan da arquitetura". O Los Angeles Times considera-o o mais famoso e conhecido arquiteto norte-americano, depois de Frank Lloyd Wright (1867-1959), o criador do Museu Guggenheim, em Nova Iorque.

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