Miguel Morgado: "A escolha de Margarida Balseiro Lopes para a Cultura é infeliz"
O social-democrata Miguel Morgado, antigo assessor político de Pedro Passos Coelho (entre 2011e 2015) e ex-deputado à Assembleia da República (entre 2015 e 2019) questiona a escolha de Margarida Balseiro Lopes para Ministra da Cultura do novo governo de Luís Montenegro e diz que o PSD desistiu da cultura por achar que é o espaço da esquerda.
"Infelizmente, e digo infelizmente porque é o partido onde eu ainda milito, há anos a fio que o PSD despreza este lugar. E não é só por incompetência, é por desistência ideológica, porque acha que a cultura é o espaço da esquerda, o espaço natural da esquerda", disse o social-democrata esta tarde num espaço de comentário político televisivo na SIC, na sequência da apresentação do novo elenco governamental, que junta a Cultura ao Desporto e Juventude sob a alçada da ministra Margarida Balseiro Lopes.
"Posso estar a ser muito injusto com ela, e ela se calhar nunca mais me fala, mas eu também a conheço, e, portanto, eu nunca diria que ela tem vocação para ficar com esta pasta. E, a meu ver, é uma escolha infeliz", sublinhou Miguel Morgado. "Isto é uma obra de vocação, é um trabalho de vocação. Não é a mesma coisa que outros ministérios", defende o também professor universitário.
Para Miguel Morgado, o PSD comete um erro ao desvalorizar a cultura. "Não há nada de mais errado. O exercício governamental na área da cultura é sempre uma interpretação política da cultura de um país. E, portanto, se o PSD se demitiu ao longo de décadas - estamos a falar de muitos, muitos anos - de ter uma expressão própria, de apresentar a sua interpretação própria do que é a cultura, vista não pela esquerda política, isso é uma desistência do governo, que foi trágica para o PSD, porque o PSD paga esse preço todos os dias."
Dalila Rodrigues, a ministra da Cultura do governo que agora cessa funções, não foi reconduzida. Luís Montenegro decidiu ampliar as responsabilidades da ministra Margarida Balseiro Lopes em vez de ir buscar alguém do setor cultural para o cargo.