Medicina tradicional chinesa: uma prática médica baseada na teoria do equilíbrio entre Yin e Yang

Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, o nadador norte-americano Michael Phelps, detentor de vários Recordes Mundiais, voltou a captar a atenção do mundo. Curiosamente, desta vez a atenção centrou-se nas suas manchas circulares negras, formados pela Terapia de Vácuo, uma técnica de tratamento da medicina tradicional chinesa. Esta terapia milenar da medicina tradicional chinesa aplica-se diretamente sobre a pele, utilizando os métodos de sucção ou de aquecimento para criar um vácuo parcial nos copos, que se aderem à superfície da pele. Isso ativa a circulação sanguínea, revitaliza o sangue e tem um efeito notável no alívio de dores musculares. Talvez por isso, muitos atletas olímpicos se tornem adeptos da Terapia de Vácuo.

A Terapia de Vácuo é um dos meios terapêuticos comuns na medicina tradicional chinesa. Esta, originária da Antiga China, possui uma história milenar e baseia-se numa perceção única sobre a saúde e as doenças do corpo humano, destacando a interligação e o equilíbrio entre todas as suas partes. Os fundamentos teóricos e práticos da medicina tradicional chinesa já estavam estabelecidos durante a Dinastia Han (202 a.C. - 220 d.C.), formando um sistema médico completo, que continuou a evoluir e aperfeiçoar-se com o passar do tempo. Os conceitos principais da medicina tradicional chinesa incluem o fluxo de Qi (energia vital), o equilíbrio de  Yin e Yang e as interações dos Cinco Elementos - fogo, água, madeira, metal e terra.

Na medicina tradicional chinesa acredita-se que a saúde do corpo humano reside na livre circulação do Qi e no equilíbrio do Yin e Yang. As doenças são frequentemente causadas por fatores externos prejudiciais como o vento, o frio, o calor, a humidade, a secura e o ardor que invadem o corpo, ou por fatores internos como a instabilidade emocional que levam ao desequilíbrio do Qi e do sangue.

Os métodos de tratamento na medicina tradicional chinesa são variados: além da  já mencionada Terapia de Vácuo, os mais conhecidos são a fitoterapia chinesa e a acupuntura.

Ao longo da história, os ancestrais chineses, através da contínua acumulação de experiências, descobriram que certos elementos da natureza (como raízes, caules, folhas e frutos de plantas, ossos e órgãos de animais, e minerais) podem curar doenças. Diferentes combinações desses elementos podem produzir efeitos terapêuticos únicos, o que constitui a origem da medicina tradicional chinesa.
Atualmente, são utilizados cerca de 5000 tipos de ervas medicinais em toda a China e as suas combinações, em fórmulas específica, são inumeráveis. Pode ser surpreendente saber que a canela, um ingrediente comum do dia a dia, é também uma importante erva medicinal chinesa. Se  usada corretamente,  pode ajudar os doentes a eliminar o frio e aliviar a dor.

A acupuntura pode ser o método de tratamento chinês que mais desperta a curiosidade e, ao mesmo tempo, o receio. Por que espetar agulhas no corpo humano, transformando a pessoa num “pequeno ouriço”, pode curar doenças?

Na verdade, a acupuntura funciona através da inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo, utilizando técnicas como a manipulação giratória e de inserção e a retirada das agulhas para estimular os pontos de acupuntura e meridianos, ajustando o fluxo de Qi  e sangue. Isto, mobiliza a capacidade de regeneção e resistência a doenças do corpo humano.

Em 1979, a Organização Mundial de Saúde divulgou uma lista de 43 sintomas, em que o tratamento com acupuntura é eficaz, incluindo as dores de cabeça, a artrite, a diarreia, a asma bronquial e as cataratas, entre outros.

Macau desempenha um papel importante na disseminação da medicina tradicional chinesa para o exterior. Antigamente, os missionários jesuítas que entraram na China continental via Macau, como Matteo Ricci e Álvaro de Semedo, entre outros, foram os primeiros a introduzir o conhecimento sobre a medicina tradicional chinesa no mundo ocidental.

Hoje em dia, Macau continua a atuar como uma ponte entre a China e os países de língua portuguesa, promovendo a cooperação e o intercâmbio na área da medicina tradicional através de bases de cooperação como o Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong-Macau, que estabeleceu as relações de cooperação com o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial  entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau) e com os Ministérios da Saúde dos países lusófonos. Até agora, já foram organizadas 18 edições de cursos de formação temáticos na medicina tradicional chinesa para os países de língua portuguesa, com mais de 600 profissionais formados.

INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS