Por volta das 19h30 deste sábado (27), uma arruada com dezenas de festivaleiros arrancou desde a praia até o Castelo de Sines no último dia da edição de 2024 do Festival Músicas do Mundo (FMM). Tradição que tornou-se comum nos outros dias de festival neste ano, a caminhada sonora chegou ao castelo pouco antes dos últimos concertos que aconteceriam no recinto e que fizeram o público esgotar os cerca de 7 mil bilhetes disponíveis para a noite final..Após JP Simões interpretar canções de intervenção na parte da tarde, não só de José Mário Branco, como anunciava o cartaz, mas também de Fausto e Zeca Afonso, foi a cabo-verdiana Mayra Andrade quem iniciou as atividades da noite no castelo por volta das 21h. .Na apresentação da artista, não faltou “Afeto”, tanto a música, quanto o próprio significado da palavra. Em show apenas na companhia de Djodje Almeida e sua viola, a cantora trouxe a harmonia e simpatia com o público que lhe são características e que dialogou em singela sintonia com o ambiente de fim de tarde no castelo..Com canções que foram gravadas em conjunto com Djodje Almeida para disco que, segundo a própria Mayra Andrade, sairá em breve, a cantora também trouxe alguns dos seus temas mais conhecidos. Além de “Afeto”, “Manga” e “Segredu” foram outras das mais famosas músicas na apresentação da artista, que, nas últimas duas canções, levantou o público com “Vapor di Imigrason” e “Terra Lonji”..“Para tempo frio, público quente”, disse a cabo-verdiana, aclamada pela plateia quando os termómetros em Sines apontavam sensação térmica de 15°C. .Na parte final do concerto, Mayra Andrade ainda declamou palavras de ordem em solidariedade com o povo palestino: “Viva a Palestina, o maior absurdo do mundo no qual a gente vive. Não vou dizer palavrão porque há crianças, mas esse mundo é uma grande…”, declarou e ouviu o público completar ao ver a bandeira quadricolor, quase que onipresente nos concertos desta edição do FMM..Após a performance harmoniosa de Mayra Andrade, que dialogava com um começo de noite ainda calmo, Eliades Ochoa, que tornou-se conhecido internacionalmente pela participação no projeto Buena Vista Social Club, subiu ao palco para fazer o castelo “bailar” de vez. Acompanhado de mais cinco músicos, Ochoa apareceu com seu habitual chapéu e transformou o ambiente do castelo com canções do disco “Guajiro”, que significa camponês. O artista é natural de Santiago de Cuba, cidade próxima das tradições rurais na ilha da América Central..Além de músicas de “Guajiro”, Ochoa também interpretou sons do próprio Buena Vista Social Club. A histórica “Chan Chan” fez o público bater o recorde de filmagens em telemóveis da noite até aquele momento. Era o FMM a caminhar para os seus momentos finais, numa edição histórica que trouxe artistas de 27 países diferentes..A última noite do FMM ainda conta com concertos do nigeriano Adédèjí e da banda mexicana Son Rompe Pera no Castelo de Sines. No Palco Galp, as derradeiras apresentações desta edição do festival serão protagonizadas pela banda Avalanche Kaito, que conta com membros da Bélgica e da Burkina Faso, seguida pela Moticoma, de Moçambique..Às 5h, o sírio Rizan Said comanda a última dança do evento deste ano. A menos que o público resolva fazer mais arruadas na manhã de domingo (28)..nuno.tibirica@dn.pt