Um filme de denúncia sobre abuso incestuoso. Manas, de Marianna Brennand é uma história baseada em muitas histórias reais na comunidade mais pobre de Marajó, na parte da Amazónia do Pará. Uma menina de 13 anos é vítima de incesto do seu pai e privada do direito à infância. Trata-se de um dos filmes em destaque na secção independente de Veneza Dias de Autores e a única co-produção com Portugal do festival. Luís Galvão Teles, da Fado Filmes, veio ao Lido para a estreia desta obra que marca a estreia na ficção desta cineasta do Pernambuco. Faz sentido a estreia mundial de Manas ser no Festival de Veneza, sobretudo se pensarmos que é um filme passado sob a água… É uma história que vem sobre as águas e estreia sob as águas de Veneza. De Tajapuru para estes canais por gôndola. Trata-se de uma situação socio-económica completamente diferente. Estou com muita expectativa de exibir Manas numa cidade que está sob as águas e onde há também essa relação de deslocamento. A massa de água ao nosso redor acaba por definir a nossa existência..Estrear a primeira longa num festival como o de Veneza como deixa uma cineasta? Antes de mais, fico muito honrada e feliz. Estamos com este projeto há dez anos! É maravilhoso estar nesta seleção da Giornate onde estão dez cineastas mundiais a estrearem o seu primeiro filme. Fico imensamente emocionada e deixa-me orgulhosa deste nosso trabalho..Por ter sido a sua primeira obra teve alguns receios? Sente que arriscou? Posso dizer que fiz tudo o que queria! .Nesta história sobre incesto o abuso não é mostrado. Houve mesmo essa opção da elipse… Se mostrasse, ninguém conseguiria ver este filme… Mas ao não mostrar estou também a perturbar - era essa a intenção. Quis deixar o espectador desconfortável. Ouvi histórias no Marajó que não queria ter escutado e há coisas que não queremos ver. Uma das nossas tradições é o olhar masculino sobre os corpos e as histórias femininas, seja no cinema, seja nas outras artes..E o seu olhar não é também pôr a câmara muito perto daquela menina? Muito perto, mesmo… Mas sem sexualizar, sem olhar para aquele corpo com o olhar masculino, com o desejo..Como sentiu o lado da co-produção portuguesa, com a Fado Filmes? Correu tão bem! O Luís Galvão Teles é um grande parceiro. Apoiou o filme desde o começo! Foi maravilhoso fazer este filme com a co-produção com Portugal… O Luís acreditou num filme que é difícil a nível de tema para o mercado internacional, ainda para mais sendo uma primeira obra..Em Veneza
Um filme de denúncia sobre abuso incestuoso. Manas, de Marianna Brennand é uma história baseada em muitas histórias reais na comunidade mais pobre de Marajó, na parte da Amazónia do Pará. Uma menina de 13 anos é vítima de incesto do seu pai e privada do direito à infância. Trata-se de um dos filmes em destaque na secção independente de Veneza Dias de Autores e a única co-produção com Portugal do festival. Luís Galvão Teles, da Fado Filmes, veio ao Lido para a estreia desta obra que marca a estreia na ficção desta cineasta do Pernambuco. Faz sentido a estreia mundial de Manas ser no Festival de Veneza, sobretudo se pensarmos que é um filme passado sob a água… É uma história que vem sobre as águas e estreia sob as águas de Veneza. De Tajapuru para estes canais por gôndola. Trata-se de uma situação socio-económica completamente diferente. Estou com muita expectativa de exibir Manas numa cidade que está sob as águas e onde há também essa relação de deslocamento. A massa de água ao nosso redor acaba por definir a nossa existência..Estrear a primeira longa num festival como o de Veneza como deixa uma cineasta? Antes de mais, fico muito honrada e feliz. Estamos com este projeto há dez anos! É maravilhoso estar nesta seleção da Giornate onde estão dez cineastas mundiais a estrearem o seu primeiro filme. Fico imensamente emocionada e deixa-me orgulhosa deste nosso trabalho..Por ter sido a sua primeira obra teve alguns receios? Sente que arriscou? Posso dizer que fiz tudo o que queria! .Nesta história sobre incesto o abuso não é mostrado. Houve mesmo essa opção da elipse… Se mostrasse, ninguém conseguiria ver este filme… Mas ao não mostrar estou também a perturbar - era essa a intenção. Quis deixar o espectador desconfortável. Ouvi histórias no Marajó que não queria ter escutado e há coisas que não queremos ver. Uma das nossas tradições é o olhar masculino sobre os corpos e as histórias femininas, seja no cinema, seja nas outras artes..E o seu olhar não é também pôr a câmara muito perto daquela menina? Muito perto, mesmo… Mas sem sexualizar, sem olhar para aquele corpo com o olhar masculino, com o desejo..Como sentiu o lado da co-produção portuguesa, com a Fado Filmes? Correu tão bem! O Luís Galvão Teles é um grande parceiro. Apoiou o filme desde o começo! Foi maravilhoso fazer este filme com a co-produção com Portugal… O Luís acreditou num filme que é difícil a nível de tema para o mercado internacional, ainda para mais sendo uma primeira obra..Em Veneza