Lloyd Cole pede aos fãs para o ajudarem a pagar as contas

Para evitar a falência, o músico abriu uma conta numa plataforma de angariação de fundos na qual disponibiliza músicas, vídeos, <em>memorabilia</em> e outros conteúdos em troca de uma contribuição mensal.
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"Olá, estou aqui porque estou sem trabalho há pelo menos um ano, o que talvez seja o suficiente para me levar à falência. Não tenho muita certeza do que poderei fazer, mas abrir esta conta foi a etapa 1."

Esta foi a primeira mensagem do músico Lloyd Cole publicada na sua conta do Patreon (uma plataforma de angariação de fundos) a 7 de julho de 2020. Apanhado pela pandemia de covid-19, o músico britânico viu todos os seus concertos cancelados e, depois do susto inicial, achou que tinha de fazer alguma coisa - quer para se manter ativo quer para tentar ganhar algum dinheiro. Foi assim que surgiu esta conta no Patreon: os fãs podem escolher pagar 7,5 dólares (6,40 euros), 5 dólares ou 3 dólares por mês e, consoante a opção, terão acesso a material mais ou menos exclusivo, mais ou menos inédito, mais ou menos interessante. "Posso conversar, cantar (não dançar), tocar e talvez ensinar...", anuncia.

"Muitas, muitas pessoas disseram-me que eu não estava a cobrar o suficiente. Mas acho que 7,50 dólares por mês durante um ano [90 dólares] é muito dinheiro e não quero arriscar. Quero que esta página do Patreon ofereça valor e não seja uma instituição de caridade", explicou Cole numa publicação mais recente.

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Com 59 anos e uma carreira que começou em 1983 com The Commotions e desde 1990 se mantém a solo, Lloyd Cole é responsável por êxitos como Rattlesnakes ou She's a Girl and I'm Man. E embora há já algum tempo não tenha um grande sucesso, continua a encher salas. Neste ano tinha concertos marcados em Portugal em abril que foram primeiro adiados para novembro e novamente adiados para o próximo ano: estará nos dias 29 de abril, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, no dia seguinte no Casino Estoril e, a 2 de maio, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada.

Até regressar aos concertos, o músico parece ter encontrado no Patreon uma boa forma de, se não ficar rico (tem apenas 800 subscritores), pelo menos de ir pagando as contas (é assim, "literalmente" que tem conseguido pagar a hipoteca). Entre os conteúdos disponibilizados, encontram-se gravações antigas e vídeos novos que fez propositadamente para o efeito. Também esta a vender aos subscritores alguma memorabilia como apontamentos, pautas e as letras das canções, escritas à mão, canetas, discos e postais autografados, além de merchandising atual.

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E é também uma forma de estar entretido e de se manter ativo. O site é como um diário de Lloyd Cole, que escreve pequenos textos em tom informal e mantém um diálogo com os fãs.

"Parece que foi há cem anos mas foi só há seis meses", diz Lloyd Cole, numa das suas publicações recentes, recordando uma conversa que aconteceu antes da pandemia de covid-19 e os planos que fazia então para um novo formato de concertos, com uma banda mais pequena, talvez em formato acústico.

"E então aconteceu isto. Covid.
E agora aqui estamos.
Eu a gastar uma ou duas horas por dia a escrever canções, e a escrever dedicatórias e a enviá-las pelo correio e a dar aulas de guitarra por vídeo na cave, e, querem saber?, não estou muito pior. Sofri um grande golpe durante alguns meses, fiquei congelado sem saber o que fazer, mas desde então vocês têm-me mantido a mim, a nós, à tona."

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"O meu agente para a América do Norte enviou-me um mail para saber se eu estava bem e deu algumas ideias de como eu poderia sobreviver a este 'intervalo'. Respondi que já estava a tratar disso e que parecia estar a correr bem, e que as perspetivas, depois da covid, poderiam, talvez, talvez?, ser um pouco melhores para mim do que eram antes. As pessoas foram forçadas, pela covid, a falar sobre como elas realmente valorizam a música, agora que o acesso a ela lhes foi negado ou seriamente limitado. E muitos responderam apoiando seus artistas. Obrigado. Não sei se isto que temos aqui no Patreon vai durar. Talvez depois de 3 meses, 6 meses, um ano, vocês se cansem da minha página? Mas tenho 99% de certeza de que tenho energia e conteúdo suficientes para continuar, como tenho feito nos últimos meses, por mais alguns anos", explica Lloyd Cole. "Por isso, vamos sonhar, se pudermos."

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