Ivete Sangalo: "Eu dou sorte a Portugal!"

O clima este sábado em Lisboa já estava a dar sinais de que viria por aí um bom dia. Céu azul, sol radiante, vento fresco. Fora de Portugal, no Euro 2024 na Alemanha, a seleção nacional de futebol sentiu a energia e fez a parte dela. Os três golos no jogo com a Turquia, numa partida com emissão nos gigantes ecrãs do Rock in Rio, não só garantiram o apuramento, mas fizeram o meio de campo para o arranque de uma avançada que faz qualquer equipa vibrar. 

Ivete Sangalo subiu ao palco mal a seleção portuguesa tinha deixado o relvado do estádio em Dortmund, na Alemanha. Com a multidão a pular, começou logo com uma sequência de exatos vinte minutos de alguns de seus hits mais recentes. Macetando deu o tom, Alegria embalou, Festa fez o povo pular até que a Poeira levantou. 

Só depois fez o primeiro contato com o público. “Meus amores, que saudade! Que bom estar aqui, diante desses lindos, que simbolizam Lisboa, sinbolizam nossa terra, simbolizam Angola, tantos povos lindos. Portugal me dá muita sorte, mas eu também dou sorte a Portugal!” 

Ninguém ousou discordar da estrela, que reluzia em seu fato com lantejoulas brilhantes em tons de rosa. “Quero fazer um Carnaval aqui, como Salvador. Mentalizem um trio elétrico!” falou Ivete, em referência aos tradicionais camiões que fazem os circuitos carnavalescos na capital do Estado da Baía.

A partir daí, começou a segunda parte de uma partida emblemática. Com fôlego de quem treina para marcar, Ivete lançou uma rodada de clássicos da Banda Eva, grupo com o qual despontou na década de 1990 no Brasil. Ao som de Beleza Rara e seu famoso refrão Hoje sou feliz e canto, a cantora desceu do palco e cumprimentou quem estava logo à frente do relvado. 

Tocou nas mãos dos fãs, parou para selfies e voltou ao lugar principal com um cachecol da seleção portuguesa enrolado no pescoço. 

Com uma hora de concerto, já que Ivete nunca pára, baixou um pouco o ritmo para respirar para o arranque final. Vestiu uma capa a condizer com o fato e fez um intervalo da agitação com baladas mais tranquilas. Quando a chuva passar teve o coro dos milhares que ocupavam o relvado. 

Se na fase de grupos no Euro as partidas são definidas em dois tempos, a prolongamento da brasileira arrematou o público. "São vinte anos de Rock In Rio e são vinte anos que estou aqui”, disse Ivete. A cantora, até hoje, esteve em todas as edições da versão lisboeta do festival. E com toda esta experiência, confirmou: “esse local ficou perfeito”, disse em referência ao Parque Tejo. 

Como toda boa capitã, comandou a equipa durante o último remate. Ao som de Vai Buscar Dalila, entoou os versos lá vai, lá vai, lá vai, lá vai o trio e o povo, levanta coração, sujeito carinhoso e indicava os movimentos para que a multidão se movesse de maneira concertada, a criar, para quem via do alto, um balanço similar às ondas do Tejo. 

O apito final confirmou o apuramento sobre o qual ninguém jamais terá dúvidas. Ivete é, e continuará, a maior goleadora deste festival.

caroline.ribeiro@dn.pt