O vocalista dos Depeche Mode, Dave Gahan.
O vocalista dos Depeche Mode, Dave Gahan.Rita Chantre / Global Imagens

"Hinos" dos Depeche Mode encheram (de satisfação) o Meo Arena

Os Depeche Mode voltaram a Lisboa quase sete anos depois para apresentar algumas das músicas do novo álbum, Momento Mori, e os clássicos que têm criado desde 1980. Saiba o que aconteceu ontem.
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Até parece fácil. Encher um pavilhão como o Meo Arena e proporcionar um espetáculo de duas horas e dez minutos que entusiasma o público do início ao fim. Não está ao alcance de muitas bandas que se formaram nos longínquos anos 1980. Mas para os Depeche Mode - Dave Gahan (nascido em 1962) e Martin Gore (em 1961) -  tudo parece tão fácil como o era há umas décadas. 

Na noite de ontem, em Lisboa, a agora dupla - depois da morte do teclista e fundador da banda, Andrew Fletcher, em 26 de maio de 2022 - deu um concerto imaculado para os fãs que esgotaram o recinto de Lisboa. A banda veio apresentar o seu álbum mais recente, Momento Mori, lançado em março de 2023. A digressão, com o mesmo nome, começou nessa mesma altura, nos Estados Unidos, e terminará em Colónia, na Alemanha, em abril. Um ano repleto de concertos que não se fizeram notar no palco português.

Concerto Depeche Mode
Rita Chantre / Global Imagens

Acompanhados pelo teclista Peter Gordeno e o baterista Christian Eigner, os anos parecem não passar quer pelo irrequieto Dave Gahan, que não pára de rodopiar em palco, quer por Martin Gore, que por vezes deambula como um teenager introvertido. No entanto, Gore consegue arrebatar a audiência quando assume o microfone e canta algumas das baladas mais (re)conhecidas da banda britânica. Fazem parecer fácil algo que não é, mesmo para bandas mais recentes. No final fica a vontade de os rever e não ter que esperar quase setes anos, como aconteceu desde a última vez que estiveram em Portugal, a 8 de julho de 2017 no NOS Alive, no Passeio Marítimo de Algés. 

Antes da banda britânica tomar o palco do Meo Arena, o “aquecimento” esteve a cargo de Suzie Stapleton, cantora e guitarrista australiana que vive no Reino Unido e que apresentou canções do seu álbum de estreia We Are The Plague, de 2020. Algumas das músicas a valerem uma nova audição nos serviços de streaming. Stapleton apresentou-se e fez votos de regressar a Portugal em breve antes de informar que se iria juntar à audiência para ver a performance dos Depeche Mode 

Depois de uns minutos de espera  com uma música house a acompanhar o ritmo da impaciência do público, as batidas deram lugar à entrada de Dave Gahan, o vocalista, que abriu os braços agachado ao pé da plateia, no ecrã situado atrás no palco surgia um grande M, que permanceu durante todo o show  e que nesta altura era pincelado digitalmente de branco.

Já com os quatro músicos em palco, a primeira música tocada foi a hipnótico My Cosmos is Mine, a faixa que também abre Momento Mori. Uma espécie de preparação para o que se seguiu, que foi  Wagging Tongue, um dos singles do último álbum. E aí começou o espetáculo de rodopios e passos tão característicos de Dave Gahan.

O "M" gigante que dominou o palco no concerto dos Depeche Mode no Meo Arena.
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Escrever que se seguiu um dos "hinos" da banda tornar-se-à redundante para o leitor, uma vez que foram poucas as músicas apresentadas no Meo Arena que não têm essa classificação. O primeiro desses clássicos, como também se pode escrever, foi Walking in My Shoes. Depois It´s No Good e Policy of Truth, seguindo muito do que foi ao alinhamento do concerto de Barcelona, no passado dia 16 de março.

As seguintes músicas foram In Your Room e depois os sons mais eletrónicos de Everything Counts - nesta música, Dave Gahan percorreu, finalmente, o pequeno palco/corredor em forma de T até junto do público. No final, aplaudido, agradeceu em português, o que fez mais duas ou três vezes durante o concerto. 

Seguiu-se Precious, a única canção onde, no coro, a voz de vocalista não acompanhou o que está registado na gravação do disco Playing the Angel, de 2005. Depois Before We Drawn. Logo de seguida, o vocalista Dave Gahan deu o palco e o microfone a Martin Gore para este cantar Strangelove, música lançada em 1987, altura em que as baladas eram acompanhadas por isqueiros acesos em riste. Hoje o efeito faz-se com smartphones com a laterna ligada, o que aconteceu no Meo Arena. Por essa altura Gore foi cantar para a pequena extensão de palco junto do público. Os temas calmos continuaram, seguindo-se  Someone. No final da música, Gore recebe uma grande ovação do público e mesmo Dave Gahan, de regresso ao palco com o resto da banda, sublinhou a voz “bonita e angélica” do companheiro fundador dos Depeche Mode. Ghost Again, uma das mais reconhecidas do novo álbum, foi a seguinte com Dave Gahan a continuar a rodopiar em palco. 

Martin Gore, guitarrista, teclista e vocalista de algumas canções dos Depeche Mode
Rita Chantre / Global Imagens

Seguiu-se a ritmada I Feel You e A Pain That I’m Used To, com o teclista Peter Gordeno a largar as teclas e colocar-se na frente do palco com uma guitarra baixo.

Behind The Wheel reavivou o público para as palmas e a canção seguinte, Black Celebration, serviu para a banda recordar Andrew Fletcher que morreu aos 60 anos devido a um problema cardíaco.

Seguiu-se Stripped e depois outro dos “hinos” Depeche Mode: Enjoy the Silence, numa versão não muito diferente da gravada no concerto registado em DVD, Live in Berlin (2014). No final desta canção alguns agradecimentos e despedidas e a saída da banda. 

O adeus algo frio para o que até então tinham colocado em palco deixava transparecer que a banda voltaria dali a nada. Mas, por muito que estes momentos façam parte do show, o público português não costuma facilitar:  gritou e colocou, mais uma vez, os smartphones com as lanternas ligadas em riste até que banda regressasse. O que aconteceu.

Dave Gahan e Martin Gore foram então para a tal pequena extensão de palco e junto do público cantaram Wating for the Night, acompanhados apenas pelas teclas. No final, Dave Gahan fez o público acompanhar uma parte da música em coro. Já depois dessa música terminar, o público reavivou o momento e recomeçou a cantar a canção, fazendo com que Dave Gahan ficasse a assistir ao espetáculo desta vez vindo da plateia. 

Depois a música que pode resumir a atuação da banda britânica no concerto de ontem à noite:  I can’t get enough.

A penúltima canção foi Never let me down again. E seguiu- se a última música, desta vez a valer, a que o público correspondeu com aplausos, braços no ar e a letra na ponta da língua: Personal Jesus. Caso para escrever que ontem à noite os quarentões e cinquentões foram à sua "missa" no Meo Arena e muitos levaramos filhos  para lhes mostrar que velhos são os trapos. Como provaram os Depeche Mode. 

Público esgotou o concerto Depeche Mode no Meo Arena, na noite de 19 de março.
Rita Chantre / Global Imagens

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