Guerra ou paz: 'A Arte da Guerra' de Sun Tzu
Em 2002, a seleção brasileira de futebol venceu a Alemanha e conquistou o troféu do Mundial da FIFA pela quinta vez. A vitória é um testemunho do forte poder da equipa brasileira, sendo também um momento emocionante para os seus adeptos. Curiosamente, numa entrevista aos meios de comunicação social após o final, o então treinador brasileiro, Luiz Felipe Scolari, revelou um facto pouco conhecido do público: a vitória também se deveu a um antigo livro chinês intitulado A Arte da Guerra. Apesar de ser um livro militar, tanto o treinador, quanto os jogadores brasileiros são seus beneficiários, sendo inspirados pelo livro e sabendo lidar melhor com os seus adversários no campo de futebol.
A Arte da Guerra é um dos livros militares mais antigos do mundo, escrito por Sun Wu, também conhecido como Sun Tzu, um famoso estratega militar chinês que viveu no século V a.C.
Segundo os registos históricos, Sun Tzu serviu o reino Wu durante o Período da Primavera e Outono e ajudou o rei Helu de Wu a realizar reformas militares, o que fez de Wu um dos reinos mais poderosos da época.
O livro é uma obra clássica da teoria militar, conhecida como indispensável aos militares. Tem 13 capítulos com cerca de 6000 palavras, em que os primeiros seis capítulos abordam principalmente estratégias militares, e os outros sete a prática específica da guerra, descrevendo sistematicamente os seus princípios básicos, as estratégias táticas, a distribuição das tropas, o aproveitamento das vantagens topográficas, entre outros.
Por exemplo, no primeiro capítulo, “Estratégia”, discute-se como fazer previsões e planos antes e durante uma batalha. No terceiro, “Estratagemas”, aborda-se principalmente a utilização de estratégias para vencer o inimigo. É deste capítulo que vem o famoso ditado: “Conhecendo-se a si e ao inimigo, não precisa de temer o mau resultado de 100 batalhas.” E no nono capítulo sobre o “Exército em Marcha”, fala-se da colocação de tropas e da avaliação do inimigo, bem como das estratégias de marcha nos diferentes contextos de terreno, como montanhas, rios, pântanos e planícies. Em suma, A Arte da Guerra, de Sun Tzu, teve uma influência profunda no desenvolvimento da teoria e prática militares da China Antiga.
É de notar que a obra não é apenas um livro didático que ensina como vencer na guerra, mas também um clássico militar que defende a paz, pois o núcleo do conceito de Sun Tzu é ser cauteloso quanto ao uso da força. O livro indica que a guerra é uma questão nacional de grande importância, que afeta a vida de soldados e civis e a sobrevivência do país, pelo que deve ser cuidadosamente estudada, e as tropas não podem ser enviadas arbitrariamente.
Além disso, Sun Tzu defende ainda que a arte suprema da guerra é subjugar o inimigo sem lutar, e sublinha que a guerra não é um meio necessário, que se deve utilizar as estratégias para minimizar os danos, a fim de fazer retroceder os inimigos por meios económicos, políticos, diplomáticos e sociais e que o uso da força militar é a última opção.
Por outro lado, devemos estar conscientes das consequências da guerra, sobretudo dos efeitos nefastos para os países e povos em causa, e fazer todo o possível para evitar guerras e minimizar os seus impactos.
A ideia de ser cauteloso no uso da força tem uma influência significativa na defesa nacional chinesa contemporânea e na sua prática militar.
A Arte da Guerra tem-se disseminada fora da China por mais de 1000 anos. Foi introduzida pela primeira vez na Coreia, no século II d.C. Em 1772, Joseph Marie Amiot, um missionário jesuíta francês que trabalhou na China, publicou a tradução francesa intitulada L’Art Militaire des Chinois, que introduziu o livro pela primeira vez no mundo Ocidental. De acordo com estatísticas incompletas, o livro foi traduzido em mais de 30 línguas, incluindo a portuguesa, com várias versões em Portugal.
Hoje em dia, o livro militar com mais de 2500 anos de história continua a ser um guia estratégico a nível mundial, pois as estratégias e a sabedoria nele reveladas oferecem também às pessoas do presente perspetivas renovadas sobre os confrontos militares entre nações, as competições empresariais, de desporto ou de crescimento e desenvolvimento pessoal.
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INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS