Não haverá misericórdia!”, é o grito de ordem do final da Temporada 2 de House of The Dragon, a série HBO que na plataforma Max é já um fenómeno de audiências. Na madrugada de segunda-feira, saber-se-á que final George R.R. Martin e Ryan Condal, o showrunner da série, dará à versão do livro de Martin, Fogo e Gelo. A guerra pela sucessão da casa Targaryen está ao rubro.Em Paris, na estreia do primeiro episódio, o DN esteve com o vilão queixudo, o sinistro Príncipe Aemond Targaryen, interpretado com frieza por Ewan Mitchell, conhecido também pela participação em Saltburn, de Emerald Fennell. Sem revelar spoilers, o ator britânico, dispensando a longa peruca loura, falou da experiência de um papel que lhe está a catapultar para o estrelato: “reconhecem-me pelo meu queixo. Não há nada a fazer, é tipo Willem Dafoe. Acredite, sou parado constantemente na rua e muitos não sabem quem eu sou, dizem apenas que conhecem a cara de algum sítio. Depois, tapo o olho e gritam em seguida Aemond!! É muito engraçado estar a viver este tipo de reações das pessoas. Isso toca-me muito e nunca vou pensar nisto como um dado adquirido.”.Vilão, porque não?.Ewan acredita que depois de House of The Dragon talvez comece a ser conectado com vilanagem, mas não tem problemas com o type casting: “desde que me mantenha empregado… O meu sonho é ter sempre trabalho. Este meu príncipe é um daqueles casos que mesmo sem abrir a boca já parece o mau-da-fita! Isso para um ator é muito interessante e permitiu-me testar até onde poderia ir com esse sentido de ameaça. Mas não posso falar muito sobre ele, temo que alguém da HBO ainda desça aqui e ralhe comigo. É que esta série é um fenómeno da cultura pop! A primeira temporada foi bíblica. Agora, com a segunda temporada creio que conseguimos ainda nos exceder! Cada episódio é melhor do que o anterior. É uma série muito forte para os fãs.”Ewan, algo sorridente, diz-nos também que foi muito positivo estar rodeado de talento inglês, como que a jogar em casa: “o melhor deste trabalho é isso mesmo, estamos sempre a desafiar-nos uns aos outros. Aprendi algo neste processo com os colegas. Na primeira temporada já entrei no decurso das filmagens e sentia que estava a ser incorporado numa família que já existia - certas coisas eu não compreendia mas depois os atores mais veteranos eram um pouco como líderes, puseram-me muito à vontade. O ambiente nas rodagens era super hospitaleiro e amigável. Sentia-se uma vibe de colaboração, em especial com a equipa técnica. Ver a energia deles era contagiante e qualquer ator só quer estar àquele nível.”Este jovem, no arranque da carreira, diz também estar a adorar todo este processo surreal de participar numa das maiores produções de sempre de fantasia: “levo muito a sério esta oportunidade e agora estou muito motivado! Agora, se pudesse escolher, gostaria de fazer mais cinema. Ainda há umas horas passeava em Nova Iorque e olhava para aquelas ruas e achava tudo cinemático, em especial a imaginar o som de Bernard Herrmann em Taxi Driver. Quem sabe um dia posso ser convidado pelos irmãos Safdie…Sei que eles agora estão separados mas talvez possa trabalhar com ambos.”.House of The Dragon, fenómeno global do streaming..Ator e espectador.O ator também nos vai dizendo que é fã da série como espectador e está ansioso pelo grand finale: “vai ser bom poder descontraidamente usufruir desta guerra familiar! Isso e não estar preocupado com a minha performance. Muitas vezes, ao ver a série, mal apareço tenho a tendência de desviar o olhar. Mas a verdade é que não nos deixam ver nada antes. Esta é uma série muito secreta, é a sua inclinação natural. Apenas temos acesso aos episódios em que aparecemos. Depois, vamos recebendo os guiões com as mudanças mas a ordem é estarmos somente concentrados na nossa personagem.” Para Ewan, nesta temporada está mais vincado o tema da Guerra Civil, algo que muitos associam ao estado real da divisão na própria América: “Claro que se explora a ligação com todos os conflitos nos mais variados cantos do planeta. Pensamos na invasão da Rússia na Ucrânia mas também no que se passa com o ataque de Israel a Gaza. A guerra é horrível, mas a violência é algo de muito real no nosso mundo. As personagens da nossa série são um produto da violência daquele mundo… O que é incrível no cinema e na TV é que são atiradas para o ar perguntas das quais não temos necessariamente uma resposta.”Numa altura em que se começa a falar cada vez mais de evento de streaming em salas de cinema, Ewan deixa um desejo: “Era bom que um dia se fizesse uma versão para cinema desta série. É importante nunca colocar isso de parte. Era realmente fixe! Mas todos têm de ter visto esta segunda temporada por completo.”Para o futuro, Ewan Mitchell apenas está comprometido com a Max para mais uma temporada de House of The Dragon por mais spoiler que isto possa parecer, mas sorri quando lhe perguntamos se sonha em ser um vilão num futuro filme da franquia James Bond: “Nunca posso dizer nunca…”