Escritor David Szalay, autor de Flesh
Escritor David Szalay, autor de FleshDR/The Booker Prize

Escritor anglo-húngaro David Szalay vence Prémio Booker 2025

Júri do prestigiado prémio literário distingue o romance "Flesh". "Nunca tínhamos lido nada parecido. É, em muitos aspetos, um livro sombrio, mas é um prazer lê-lo".
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O livro "Flesh", do escritor anglo-húngaro David Szalay, venceu a edição deste ano do Prémio Booker, anunciou a organização, numa cerimónia em Londres.

O romance "Flesh", descrito pelo júri como "contido mas intenso", acompanha um homem desde a adolescência até à velhice, à medida que é devastado por uma série de acontecimentos que escapam ao seu controlo.

A narrativa acompanha István, um adolescente de 15 anos que vive com a mãe num discreto complexo de apartamentos na Hungria. Recém-chegado àquela localidade e de temperamento reservado, o jovem tem dificuldades em adaptar-se aos rituais sociais da escola e acaba por se isolar.

A sua única companhia é a vizinha, uma mulher casada, com idade próxima da da mãe, com quem inicia uma relação clandestina que mal compreende e, a partir daí, a sua vida entra numa espiral descontrolada.

Com o passar dos anos, István é levado pelas marés do dinheiro e do poder do século XXI, passa pelo exército e acaba por integrar o círculo da elite abastada de Londres. Movido por impulsos contraditórios - amor, intimidade, estatuto e riqueza -, conquista fortunas inimagináveis, até que esses mesmos desejos ameaçam destruí-lo.

"Nunca tínhamos lido nada parecido. É, em muitos aspetos, um livro sombrio, mas é um prazer lê-lo", afirmou o escritor irlandês Roddy Doyle, o primeiro vencedor do Booker a presidir a um painel do júri, depois de ter explicado que todos os membros leram três vezes cada um dos seis finalistas e que sentiram que este "merecia ganhar pela sua singularidade".

No discurso de aceitação do prémio, David Szalay, reconheceu que este era um livro e um título arriscados, recordando como a sua editora lhe disse que não imaginava um romance intitulado "Flesh" a ganhar o prémio.

No entanto, o autor disse que volta sempre a este "sentido de risco" e considerou que "é muito importante correr riscos", sobretudo na ficção, que é um género literário que, ao contrário de outros, se presta a isso.

"Não foi um livro fácil de escrever. Comecei-o depois de ter abandonado um outro e sentia uma grande pressão para escrever um bom livro, porque abandonar um depois de já ter abandonado outro seria uma grande carga emocional para mim".

Apesar de "Flesh" não estar editado em Portugal, David Szalay tem publicados "Tudo o que um homem é" (2018) e "Turbulência" (2019), ambos pela Elsinore.

A atribuição do Booker a "Flesh" deixou para trás os restantes cinco finalistas: os americanos Susan Choi, com "Flashlight", Katie Kitamura, com "Audition", Ben Markovits, com "The Rest of our Lives", a indiana Kiran Desai, com "The Loneliness of Sonia and Sunny", e o britânico Andrew Miller, com "The Land in Winter".

Nenhum destes livros está também editado em Portugal, embora todos os autores tenham trabalhos traduzidos em território nacional, com exceção de Susan Choi e Ben Markovits.

O júri desta edição do prémio Booker é composto pela escritora nigeriana AyọÌbámi AdébáyọÌ, pela atriz, produtora e editora norte-americana Sarah Jessica Parker, pelo escritor britânico Chris Power e pela autora norte-americana Kiley Reid, além de Roddy Doyle.

O Prémio Booker inclui um valor monetário de 50 mil libras (57 mil euros) e o provável aumento exponencial do volume de vendas da obra.

No ano passado, o vencedor do Booker foi "Orbital", da escritora britânica Samantha Harvey.

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