O ano ainda terá cartas escondidas, mas uma coisa é certa: na paisagem das séries de 2025 não faltam promessas adiadas. Algumas bastante adiadas... Por onde andou o quinto e derradeiro capítulo de Stranger Things (Netflix), que só ao fim de três anos anuncia a estreia, sem sequer fornecer uma data concreta? Ou a segunda temporada de Severance, distopia de sucesso da Apple TV+ que demorou o mesmo tempo a responder à ânsia dos fãs, chegando no próximo dia 17 à plataforma? Ou ainda a terceira temporada de The White Lotus (Max), essa brilhante sátira estival, devoradora de Emmys, que consagrou Jennifer Coolidge e tem lançamento marcado para 17 de fevereiro (aleluia!)? Mais despachada foi The Bear, com o seu perfil de cozinha em contrarrelógio, a chegar ao quarto tomo, coincidindo, por outro lado, com o fim da espera de Andor, surpreendente thriller do universo Star Wars em segunda temporada – ambas são estreias Disney+ que só se apanham depois de abril. Mas vem aí também o terceiro momento de Reacher (Prime Video, 20 de fevereiro), a série de ação e músculo baseada nos famosos romances de Lee Child; Wednesday (Netflix), o regresso da produção de Tim Burton que renovou o gosto pelo seu estilo de fantasia gótica; as terceiras temporadas de And Just Like That... e The Gilded Age (títulos Max); e, claro, The Last of Us, um dos grandes fenómenos de 2023, nascido de um videojogo mas transformado em ficção nobre, com Pedro Pascal no topo do seu registo dramático. Prevendo-se que estreie na Primavera, o segundo fascículo de The Last of Us será uma ocasião magna para a Max: nenhuma outra série do catálogo é tão esperada quanto esta visão pós-apocalíptica, com assinatura de Neil Druckmann e Craig Mazin. Para já, o lançamento que importa nos primeiros dias do ano é The Pitt (final desta semana), uma renovação da crença nas séries hospitalares enquanto esfera humana de muita dor e algumas glórias. Cortesia igualmente da Max. 10 outras novidades para os próximos meses: Dexter: Original Sin (SkyShowtime, 30 de janeiro) .Para quem pensava que Dexter (2006-2013) era página virada na história das séries televisivas – em Portugal, vimo-la originalmente na RTP2 –, eis que, depois de Dexter: New Blood (2021-2022), o novo ano presenteia os fãs com dose dupla. A saber, antes da estreia de Dexter: Ressurrection, com Michael C. Hall a retomar o papel de Dexter Morgan nos dias de hoje, chega ao streaming um retrato da juventude do assassino em série menos “condenável” da América. Correspondendo ao seu período de formação na área forense no Departamento da Polícia de Miami, Dexter: Original Sin é um thriller de 10 episódios que explora os primórdios dos impulsos sombrios de uma personagem icónica. Será o primeiro grande lançamento do ano, numa plataforma – SkyShowtime – que, desde novembro, vem tornando a sua oferta uma das mais competitivas em matéria de séries. The Agency (SkyShowtime, 10 de fevereiro) .Sem sair do espectro do thriller, The Agency acrescenta o ingrediente político e surge como aquela série de espionagem em que um elenco de luxo preenche metade dos requisitos. De Michael Fassbender (na pele de um agente secreto da CIA) a Jeffrey Wright, passando por Richard Gere, rostos conhecidos não faltam nesta adaptação americana do drama francês Le Bureau des Légendes, que cruza as linhas da intimidade, identidade e missão internacional num jogo complexo de alta segurança. Objetivo das missões: identificar e recrutar os melhores agentes para o serviço de inteligência. Dia Zero (Netflix, 20 de fevereiro) Com Robert De Niro no papel de um ex-presidente dos Estados Unidos tirado da reforma para liderar a investigação em torno de um ciberataque mortífero que instalou o caos no país, Zero Day é o veículo ideal para um ator comprometido com a volátil realidade americana. Thriller de conspiração, esta minissérie de apenas seis episódios sinaliza a vontade de olhar de frente os problemas da sociedade da desinformação e a dinâmica que caracteriza os momentos de crise num mundo repleto de ambições pessoais e forças incontroláveis... A abrilhantar o elenco estão também Angela Bassett e Jesse Plemons. Lockerbie: A Search for Truth (SkyShowtime, fevereiro de 2025) .Baseada numa história verídica – o atentado de Lockerbie em 1988, que causou a morte aos 259 passageiros e tripulantes do voo 103 da Pan Am, 38 minutos após a descolagem, para além de 11 residentes da cidade escocesa onde se deu a queda –, esta minissérie de cinco partes põe o drama e o fator humano na dianteira. O protagonista é o Dr. Jim Swire, com o rosto de Colin Firth, porta-voz das famílias das vítimas do Reino Unido, que perdeu a própria filha na tragédia, e, como o título indica, estamos perante uma narrativa em busca da verdade e da justiça. Venha o que vier, temos um herói magoado que só pode estar à altura da incumbência. A Residência (Netflix, 20 de março) .Já se sabe que o género whodunit (quem matou?) não passa de moda. Atenta a esse apetite constante dos espectadores das plataformas, a Netflix pega na referência de um livro de Kate Andersen Brower, The Residence: Inside the Private World of the White House, para inscrever no interior da Casa Branca o mistério de um assassinato envolvendo o staff da residência oficial... Obviamente, a ideia é funcionar como uma proposta humorística, a piscar o olho aos mecanismos de um Downton Abbey. E o mínimo que se pode pressentir no espírito da letra desta série encabeçada por Uzo Aduba (a detetive que investiga o crime) é a conjugação de elementos certos para desenhar um sucesso. The Studio (Apple TV+, 26 de março) Criador, realizador e ator principal: Seth Rogen tornou-se um autêntico homem dos sete ofícios com esta comédia ambientada na máquina doidivanas de Hollywood. E, efetivamente, o que se sabe de The Studio, um dos mais aguardados lançamentos da Apple TV+, é que ele, Rogen, interpreta o novo chefe de um estúdio de cinema que luta para sobreviver num panorama pouco amigável – sugere-se aqui o clássico dilema entre a arte e o negócio. Parte da diversão passa pelos artistas da indústria convidados, onde se destacam nomes como Martin Scorsese, Charlize Theron, Ron Howard e Bryan Cranston. Demolidor: Nascer de Novo (Disney+, março de 2025) .Dando uma espécie de continuação à série original, Daredevil: Born Again marca o regresso de Charlie Cox e Vincent D’Onofrio aos seus postos com selo da Marvel: o primeiro é o advogado cego do título, Matt Murdock, cujo trabalho num escritório de advocacia coexiste com outras capacidades especiais; o segundo, Wilson Fisk, um antigo chefe da máfia agora com pretensões políticas em Nova Iorque. O que acontece? As suas identidades do passado acabam por vir à superfície e tornar inevitável o confronto. Ainda sob a alçada da Marvel Television, outra novidade, Coração de Ferro, chegará ao Disney+ em junho: centra-se numa adolescente genial que usa a tecnologia para inventar uma armadura super avançada, só comparável à do Homem de Ferro... Alien: Planeta Terra (Disney+, sem data fechada) Vai mais uma abordagem do universo Alien? Parece não haver pausas para as revisitações (ou repetições) do terror concebido por Ridley Scott há quatro décadas. Bem longe dessa matriz, e desta vez em formato série, Alien: Earth debruça-se sobre o fenómeno enigmático de uma nave espacial que se despenhou na Terra, encurtando perigosamente a nossa distância das criaturas que representam a maior ameaça para o planeta. Ainda a cumprir a tradição do heroísmo feminino, os oito episódios apresentam a liderança da jovem Sydney Chandler, acompanhada por um grupo de soldados. A Knight of the Seven Kingdoms (Max, sem data fechada) .Em junho do último ano, anunciou-se o arranque desta produção em Belfasf, Irlanda: A Knight of the Seven Kingdoms é mais uma expansão do domínio televisivo de A Guerra dos Tronos, que promete continuar a satisfazer o desejo dos fãs desses reinos fantásticos criados por George R.R. Martin. Adaptação de The Hedge Knight, naturalmente do mesmo autor, os eventos precedem aquele êxito capital da Max num século, com um inocente cavaleiro, e o seu pequeno escudeiro, a vaguearem por Westeros. É mais uma antecipada prequela na era das prequelas. IT: Welcome to Derry (Max, sem data fechada) Outra das muito aguardadas séries/prequelas da Max é, sem dúvida, este prolongamento do efeito It. Criada por Andy e Barbara Muschietti e Jason Fuchs, Welcome do Derry capta as primeiras manifestações da presença do palhaço Pennywise (ainda Bill Skarsgård) na cidade fictícia dos contos de Stephen King. Tudo acontece 27 anos antes do romance original – década de 1960 –, e a proposta é abrir o ângulo narrativo sobre o lugar que testemunhou as origens da “Coisa”. Andy Muschietti, que já tinha assinado os dois filmes It, realiza quatro episódios de um total de nove. E, enquanto isso, a relação da literatura de Stephen King com o cinema a televisão segue de vento em popa...