Em junho abrem dois novos espaços de arte contemporânea em Belém
A coleção particular de arte contemporânea do artista plástico Julião Sarmento, falecido em 2021, vai finalmente poder ser vista em Lisboa a partir do dia 4 de junho. O Pavilhão Julião Sarmento será a casa de cerca de 1500 obras pertencentes aos herdeiros daquele foi um dos mais internacionais artistas plásticos portugueses. Localiza-se na Avenida da Índia, em Belém, num antigo armazém de alimentos que foi requalificado pela SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana (projeto do arquiteto Carrilho da Graça), num investimento global de 6,5 milhões de euros, 500 mil dos quais do orçamento da EGEAC Lisboa Cultura, revela Pedro Moreira, presidente da empresa municipal que vai gerir este equipamento cultural, em entrevista ao DN. O protocolo assinado entre a EGEAC e a Associação Coleção Julião Sarmento prevê a cedência da coleção durante dez anos.
O Pavilhão abre com uma primeira mostra, com curadoria da diretora do espaço, Isabel Carlos, de cerca de 100 obras desta coleção privada, com nomes como Marina Abramović, Ernesto Neto, Robert Morris, Juan Muñoz, Cristina Iglesias, Rui Chafes, Richard Long, Lawrence Weiner, Ângela Ferreira, John Baldessari e Rita McBride.
A este novo espaço irá juntar-se o Núcleo de Arte Contemporânea da Câmara Municipal de Lisboa, que reúne as aquisições realizadas pela autarquia liderada por Carlos Moedas, que tem atualmente cerca de 200 obras. A coleção terá um espaço dedicado na Galeria Avenida da Índia, um dos espaços expositivos da capital geridos pela EGEAC Lisboa Cultura, que está a ser adaptado para mostrar a coleção da autarquia. Pedro Moreira avança que deverá abrir no dia 26 de junho.
O Pavilhão Julião Sarmento já tem data de abertura. Quantas obras tem esta coleção particular?
Neste momento são cerca de 1500 obras. Quando iniciámos o nosso mandato, em agosto de 2022, foi sempre uma das linhas estratégicas que o presidente Carlos Moedas nos colocou, de que gostaria muito que pudéssemos concretizar este projeto, que já tinha sido iniciado no anterior mandato, mas que ficou num impasse relativamente à concretização, não só da obra, da requalificação do próprio espaço, mas também de se firmar o acordo entre a Associação Julião Sarmento, os próprios herdeiros de Julião Sarmento e a Câmara, através da sua empresa municipal.
O que prevê o protocolo assinado?
Este acordo prevê que, primeiro de tudo, possamos dispor desse conjunto significativo de obras, através de equipas que vão estar em estreita articulação. E aqui é importante salientar isso, porque também foi vontade do presidente da Câmara que a empresa municipal, independentemente da autonomia de que dispõe, pudesse sempre dialogar, quer com a Associação Julião Sarmento, quer depois também com os próprios herdeiros, no sentido de trocarmos experiências e, sobretudo, conhecimentos, para que toda a programação e todo o conteúdo programático que fosse desenvolvido para este novo equipamento cultural pudesse estar articulado e pudesse ser mais profícuo.
A Associação Coleção Julião Sarmento também terá uma intervenção na programação?
Pelo menos, de aconselhamento e de acompanhamento de todo o processo. Obviamente que as nossas direções artísticas, nomeadamente com Isabel Carlos, terão uma autonomia para depois propor, não só ao conselho de administração da EGAEC Lisboa Cultura, mas também a própria Associação e os herdeiros. E foi isso que foi permitido verter no clausulado desse mesmo protocolo.
Será para quantos anos?
São dez anos e com possibilidade de renovação por mais cinco ou por outro período de tempo. Decorre também do balanço e da análise que iremos concretizar depois com a Associação e também com os herdeiros. Foi isso que procurámos. Foi manter sempre esse diálogo constante entre todos para verificarmos também os resultados obtidos.
E quando fala em resultados, está a pensar em número de visitantes?
Não só em número de visitantes. O número de visitantes é, sem dúvida alguma, uma pedra de toque muito importante. Mas mais do que isso, é também verificarmos o que vai ser possível produzir em termos de conhecimento que vai ser gerado através das exposições que vão ser criadas, de colóquios, de debates, de abordagens, porque a ideia também é essa, de ter um programa extenso, um programa alargado que permita que aquele espaço acabe por ser também um ponto de encontro. Um ponto de encontro e um ponto de partilha de conhecimentos. E os resultados vão-se espalhar em todas essas vertentes. Também de participação de artistas internacionais. A ideia será um pouco essa e, como tal, esse protocolo acaba por projetar esse tipo de relação de colaboração que se pretende entre as várias entidades. E não ser apenas um mero protocolo de depósito de obras. O que se pretende é algo mais do que isso. É tornar aquele espaço vivo e vivido e em que haja um envolvimento de todos para que os resultados, como estava a dizer, sejam mais profícuos, quer em termos de número de visitantes, quer depois de experiências e de conhecimentos que ele depois vai gerar.
A Câmara fica com a gestão e os encargos deste novo espaço?
Através da sua empresa municipal. Porque nós temos a gestão de um conjunto muito alargado de equipamentos culturais. Este será mais um dos equipamentos que vai passar a ser gerido por nós, e pela capacidade que nós temos também de gerar receita.
O projeto irá auto sustentar-se?
Neste momento ainda não sabemos. Foi feito um business plan no sentido de podermos verificar a capacidade que a própria empresa teria para integrar mais um equipamento cultural e assim incrementar a oferta cultural da cidade de Lisboa, que é o primeiro objetivo, mais do que o lucro - ou pelo menos a absorção da despesa que muitas vezes é gerada pelos equipamentos culturais. A nossa preocupação é, sobretudo, incrementar a oferta cultural da cidade, e de qualidade ainda por cima, porque isto tem um foco e uma projeção não só de foro nacional, mas também internacional, que permitirá catapultar e projetar a marca Lisboa e a cidade de Lisboa noutros universos. O que nós procurámos, em primeira instância foi, nesse plano, verificar até onde é que a própria empresa o poderia suportar. Nós sabemos que, muitas vezes, os resultados necessitam de tempo para se poderem sedimentar e foi essa a nossa preocupação. A partir daí sentimos que, apesar de tudo, as receitas que possam ser geradas pelo equipamento serão significativas.
Qual é a previsão de receita?
Estamos a tentar equilibrar. Sabemos que o custo deste equipamento irá rondar por ano cerca de um milhão de euros. Por isso, se pudermos aproximar-nos... ainda não quero estar a extrapolar valores, porque seria sempre falacioso e um risco enorme, porque não sabemos como se vão comportar os fluxos, quer de turistas nacionais, estrangeiros e de visitantes do equipamento. Mas vamos tentar procurar que ele, pelo menos, se aproxime dessa componente de custo, se aproxime do valor que nós poderemos ter inerente para a programação anual. Já não são só os custos fixos inerentes ao funcionamento do edificado, mas também da componente de valores programáticos que rondarão os 400 a 500 mil euros para programação anual. E o restante é para recursos humanos e custos fixos que o próprio equipamento cultural terá que ter.
A receita virá das entradas pagas? Qual será o custo dos bilhetes?
O valor de referência será cinco euros, depois há todo um conjunto de tipologias de descontos que estão inerentes aos espaços culturais. Mas, esse é o valor de referência, e vamos aferindo à medida do comportamento do público. E decorre também de uma análise realizada dos valores de ingressos de equipamentos culturais que estão na zona limítrofe. Num primeiro momento procurámos, sobretudo, que houvesse um estímulo e que o valor não fosse demasiado elevado, mas depois também vamos avaliando se poderá subir, porque sabemos que cinco euros é um valor muito baixo para aquilo que está a ser praticado, mas vamos tentar agora, num primeiro momento, criar o estímulo.
A que se deveu o atraso nesta abertura, inicialmente prevista para 4 de novembro do ano passado?
A primeira vontade que tínhamos era assinalar o aniversário de Julião Sarmento, a 4 de novembro, e procurámos ver se conseguíamos concretizar esse desejo. O atraso decorreu de várias situações, uma delas foi a obra de requalificação do espaço, uma empreitada que não é sequer da responsabilidade da EGEAC Lisboa Cultura, é da SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana], que também não teve culpa, quem tem obras em casa sabe, quanto mais obras de requalificação que decorriam de um projeto de um arquiteto que é altamente conceituado, o arquiteto Carrilho da Graça. Existem ali alguns desafios criados e lançados com esse projeto de requalificação do espaço e foi nesse sentido que, a partir de determinado momento, demos conta de que não conseguiríamos concretizar a empreitada na totalidade naquele prazo.
Por um lado foi positivo também, porque esse período permitiu-nos avaliar algumas condições que não estavam previstas, mesmo em trabalho articulado com o próprio arquiteto Carrilho da Graça. Vai haver um sistema de caixas de luz no interior do edificado, bem como uma parede para criar um efeito visual distinto e talvez até aumentar um bocadinho a área expositiva - não quero desvendar muito. Se tivéssemos terminado em novembro não teriam sido considerados. Este tempo também permitiu melhorar, em conjunto com o arquiteto, essa mesma requalificação do espaço, bem como a componente da sinalética, em que estamos agora a trabalhar a todo o gás para que tudo corra bem e possa estar concluída no dia 4 de junho.
Qual foi o investimento nesta requalificação?
Da área da SRU foram seis milhões de euros, foi o investimento que a Câmara Municipal de Lisboa, através da SRU, realizou na requalificação do espaço.
O orçamento foi ultrapassado?
Há sempre uma ou outra derrapagem, como se costuma falar nas empreitadas, mas penso que foi muito reduzida. Aos seis milhões de euros, e decorrente destas melhorias, acresce um investimento na ordem de meio milhão de euros, que a própria empresa Lisboa Cultura conseguiu concretizar, também porque sentimos que havia essa possibilidade. O total do investimento direto para a requalificação do espaço e melhorias das componentes museográficas é 6,5 milhões de euros. O que é muito significativo para os dias de hoje, mas acho que é um desafio e uma estratégia bem delineada para incrementar a projeção de Lisboa nesta área de museus e espaços museográficos.
Também vai haver um espaço para o Núcleo de Arte Contemporânea da autarquia. Em que fase está esse projeto?
Posso dizer que está a avançar, também estamos a trabalhar nele em paralelo, não para inaugurar a 4 de junho, de modo algum, porque também não queremos tirar a força simbólica que este ato de inauguração do Pavilhão Julião Sarmento terá, mas será também ainda em junho, no final de junho, estamos a apontar para dia 26, para inaugurar então esse núcleo que vem do desafio muito bem lançado pelo presidente Carlos Moedas, que teve a noção, decorrente do investimento que todos os anos a Câmara Municipal de Lisboa tem feito na aquisição de novas obras de arte contemporânea, que depois essas obras acabam por não ser apresentadas ao público, ou muito dificilmente o eram, ou de forma muito singular e solta. E então achou por bem que seria o momento, até porque já existe um conjunto significativo de obras, cerca de 200, de poder começar a apresentá-las ao público num espaço próprio criado para o efeito. E foi nesse sentido que, sendo a Galeria da Avenida da Índia um espaço que necessitava também de uma requalificação, de uma nova roupagem, decidimos então criar esse núcleo. Será lá, na Galeria da Avenida. O espaço já existe e é uma galeria que passa agora a ser um núcleo a ser requalificado, é um novo espaço que nós vamos ver, é um espaço que vai ser requalificado para a criação desse núcleo contemporâneo.
Terá uma exposição permanente?
Não só permanente porque, felizmente, como o acervo já é significativo, vai permitir ter um enquadramento distinto e, com a nossa diretora Sara Matos, criar um discurso e uma museografia que permitirá ir apresentando o conjunto das obras que vão sendo adquiridas anualmente. Mas mais do que isso, desafios que ela possivelmente irá lançar para os próprios artistas, que não só tiveram as suas obras adquiridas, mas também com outros artistas que possam ter esse mesmo diálogo com eles. Será algo também muito dinâmico que ali se pretende, mas o objetivo central era esse mesmo, criar um núcleo que fosse direcionado para a arte contemporânea decorrente da coleção que a Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a adquirir.
Qual é a política de aquisições da autarquia?
Não é a empresa municipal EGEAC Lisboa Cultura que faz essas aquisições, resulta da estratégia desenvolvida diretamente pela Câmara Municipal de Lisboa, através da Direção Municipal da Cultura, que faz a aquisição. E essa aquisição decorre muitas vezes das feiras e de eventos que ocorram na arte contemporânea como a ARCO, por exemplo, em que depois existe um conjunto de especialistas propõem à Câmara Municipal de Lisboa a aquisição de determinada peça que foi selecionada.
Há um orçamento anual para essas aquisições?
Existe um orçamento anual que tem sido fortalecido. Eu penso que anda na ordem dos 150 mil euros. Mas não é fixo, pode ser incrementado, em resultado também do estímulo que é dado pelo próprio presidente da Câmara de aposta na área cultural e nas artes plásticas direcionadas para a arte contemporânea. É esse o grande desafio que ele lançou, porque tem visto, e muito bem, a projeção que se tem concretizado noutros países, quer europeus, quer mundiais. E sabendo, ainda por cima, que se está a criar um eixo muito relevante na zona de Belém de arte contemporânea, nada melhor do que fazer esse tipo de apostas, não só de desenvolvimento de novos equipamentos culturais, mas também na aquisição dessas mesmas obras que possam depois ser apresentadas ao vasto público, quer nacional, quer internacional.
Qual é o investimento na requalificação da Galeria Avenida da Índia?
Estão ser feitas adaptações do próprio espaço de museografia, que vai ser ali criado, que tem agora que se adaptar a este tipo de obras. Prefiro não adiantar ainda, o processo é evolutivo e são áreas de investimento que normalmente muitas vezes têm algum acréscimo. Posso dizer que são ainda algumas dezenas de milhares de euros que estão aqui em causa, porque também sentimos que ao melhorar o espaço interior dessa galeria havia também a necessidade de intervirmos no exterior para criar melhores condições, e não só em termos de imagem, mas até de comunicação do próprio espaço.
Como será designado?
Vou deixar essa surpresa para o final de junho, não quero desvendar já tudo, mas sim, vai ter um nome que é muito relacionado, sem dúvida, com a questão da própria coleção de arte contemporânea.
Falou no eixo de Belém, com várias instituições vocacionadas para a arte contemporânea, o MAAT, o CCB, o MACAM. As instituições vão trabalhar em rede, na prática o que significará este eixo?
Há sempre um diálogo estreito entre todos os curadores, entre todos os especialistas, e isso já está a concretizar-se. Depois, em tempos futuros, o que se espera é que haja ainda uma relação mais estreita na criação de áreas programáticas que possam vir a ser desenvolvidas pelos vários espaços, e que essa colaboração possa até passar por uma comunicação mais articulada e conjunta. Obviamente que aqui os desafios são mais alargados, porque estamos a falar de entidades públicas e entidades privadas que têm ritmos e formas distintas de proceder. No futuro o desejo é que se possa estabelecer um diálogo, mais estreito e colaborativo, entre essas várias entidades.
Apostou-se no eixo de Belém, porque há uma necessidade cada vez mais acrescida de descentralizar fluxos, quer de turistas, quer de visitantes, e existindo ainda por cima essa possibilidade da existência de alguns polos lá, então nada melhor do que tentar concentrar, porque funciona melhor, porque nós sabemos que muitos dos visitantes que acorrem a Lisboa, vêm pelo city break, ou seja, por períodos curtos. Sabendo eles que podem dispor, numa área tão pequena, de um conjunto tão alargado de oferta, e que muitas vezes possa ter até um diálogo, nada melhor do que os resultados serem obtidos numa escala crescente. A ideia é que esse eixo seja firmado, quer a nível nacional, quer a nível programático e quer depois a nível internacional para criar condições para que a cidade de Lisboa tenha essa capacidade de dar uma resposta mais alargada.
O objetivo principal é atrair visitantes estrangeiros, turistas?
E não só os estrangeiros, interessa-nos muito o turista nacional, e sabemos que ainda há muitos passos a dar para que o turista nacional possa vivenciar ainda mais estas vertentes da cultura. Mas temos de criar hábitos, mas para criarmos hábitos também sabemos que temos de criar condições e estruturas para esse efeito, e a pouco e pouco penso que estão a existir.
Querem colocar Lisboa no mapa europeu da arte contemporânea?
Esse será o grande desafio e o desejo do presidente Carlos Moedas. Eu penso que sim, que é possível, porque fala-se muitas vezes de não termos escala, mas com estas condições que estão a ser criadas vamos conseguir chegar a esses públicos nacionais e internacionais. E Lisboa seguramente ganhará com esse efeito. Acaba por, direta ou indiretamente, ser promovida e chegar a esses vários setores, através da criação de polos que possam dialogar e estar o mais próximos possível, para garantir que esses fluxos curtos de visitas possam ter um efeito mais imediato e com uma eficácia maior, porque permite que uma pessoa se desloque para ver uma exposição e várias complementares.
Poderá nascer uma marca única em termos de promoção turística? Está a ser pensada alguma coisa nesse sentido?
Neste momento ainda não. Penso que ainda serão tudo situações que possam decorrer num futuro próximo, através da aproximação que vai ser gerada, com as entidades que estão aqui em causa. E nós sabemos que nem sempre é fácil, porque cada entidade tem objetivos distintos. E neste momento, talvez, aquele objetivo que é comum é colocarmos Lisboa no mapa da arte contemporânea.
Há alguma cidade europeia que esteja a servir de modelo, que queiram replicar?
Não adianta pensarmos muito em replicar, porque há outras cidades que têm outro tipo de capacidade e outra dimensão. O que estamos a tentar é procura alguns bons exemplos do que se faz na Europa, quer em Londres, quer em Paris, quer em Barcelona, quer noutras cidades europeias, que também tenham alguma vertente da arte contemporânea. E tentarmos, então, ir buscar os ensinamentos do melhor que possa estar lá. Mas nós temos é que aproveitar as condições e estruturas de que dispomos para, nesta escala que é crescente, melhor promover a cidade nestas vertentes. E criar esse o tal eixo é prova disso mesmo.
Não há um risco de canibalização entre instituições?
Não, eu penso que não, porque, de facto, a arte contemporânea é isso mesmo, é algo que está em crescendo e, sobretudo, em contínua produção. Por isso, haverá sempre novidade, sempre algo que vai existir e que interessa depois promover e apresentar ao público. Por isso, penso que isso não vai acontecer. O que vai acontecer é exatamente essa possibilidade, de um diálogo mais estreito. E, seguramente, até os próprios fluxos ficarão muito mais facilitados para quem vier a Lisboa com esse intuito. Sabe que, aproveitando o curto espaço de tempo que tem, terá um conjunto mais alargado de instituições que estão ali concentradas e que estão em diálogo ou não. Muitas vezes, quando vamos lá fora, temos que selecionar, não conseguimos ir a tudo, porque muitas vezes os equipamentos culturais estão muito distantes, porque são cidades de grande escala, de grande dimensão, em que estes polos culturais estão numa área mais alargada. Se nós tivermos os equipamentos culturais concentrados numa área mais pequena será uma vantagem. Acho que é importante que Lisboa, e muito bem, esteja a apostar nisso.
Relativamente à ARCOLisboa, qual é a importância dessa feira para a cidade?
Tem tido uma relevância crescente. Se a aposta se tem mantido ao longo destes anos, e penso que já estaremos na oitava edição, é bom sinal, é sinal de que há resultados práticos.
A EGEAC Lisboa Cultura participa de alguma forma?
O que nós fazemos decorre da proximidade que temos de equipamentos, com o Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, que também está sob a nossa gestão. Permite-nos estabelecer esse diálogo estreito com a organização da feira, concretizado através das nossas direções, nomeadamente a direção da Sara Matos e de toda a sua equipa, e que no Torreão Nascente possam ser apresentadas um conjunto de obras de arte e de artistas que se relacionam com a temática, por exemplo, que é desenvolvida para cada uma das edições da ARCO. Depois não podemos esquecer que, sendo a ARCO uma iniciativa com uma projeção significativa a nível nacional e internacional, é sempre importante para uma empresa como nós, que estamos ligados ao universo da cultura, associar-nos, sermos parceiros da ARCO. É isso que temos feito, através de algumas ações complementares à própria exposição de obras, como palestras, que são concretizadas sobre temas diversos, que são escolhidos anualmente.