"Juntamente com o Brian Michael Bendis, fizemos a cena do Daredevil (Demolidor, em português) a lutar contra 100 ninjas na rua, de noite, à chuva. Odeio desenhar cenas de luta, mas sinto-me muito orgulhoso desta”, quem o diz é Alex Maleev, ilustrador búlgaro da Marvel, que vai estar na 35ª edição Amadora BD. O evento arranca hoje com uma programação até 27 de outubro, que inclui várias sessões de autógrafos com autores e ilustradores e 15 exposições.Alex Maleev chegou ao mundo da banda desenhada por “acidente”. Encontrou trabalho como ilustrador porque precisava de pagar o aluguer da casa. “Precisava de dinheiro. A banda desenhada foi uma das oportunidades que surgiu”, explica o ilustrador em conversa com o DN, acrescentado que ter estudado artes na escola secundária ajudou no processo. .Alex Maleev, ilustrador..Ao longo da sua carreira trabalhou nos três grandes nomes da banda desenhada norte-americana: DC Comics, Marvel e Dark Horse. Para Alex Maleev, não existe nenhuma diferença entre as três. “Trabalho de casa e o processo é sempre o mesmo. Enviam o guião e dizem-nos os prazos. Comunicamos sempre através de e-mail. Nem vemos as pessoas com quem trabalhamos”.As bandas desenhadas do Daredevil da Marvel são um dos trabalhos mais conhecidos de Alex Maleev. No entanto, a sua personagem preferida de desenhar é Silver Surfer (Surfista Prateado, em português) também da Marvel. “Adoro o facto de conseguir desenhar as texturas e os reflexos no seu corpo prateado. Ele não usa armas nenhumas, apenas a sua prancha de surf. Gosto também do ambiente onde ele vive que é o cosmos”. O ilustrador acrescentou ainda que também gosta de desenhar o Batman da DC Comics e o Hellboy da editora Dark Horse. Voltar a a fazer um livro do Silver Surfer é um desejo do ilustrador. “A Marvel não faz um livro bom desta personagem há muito tempo. Acho que seria fantástico voltarem a fazer”. Para Alex Maleev, as personagens mais desafiadoras de desenhar são as que usam vários equipamentos ou armaduras como o Iron Man (Homem de Ferro) da Marvel ou Master Chief da Dark Horse. “As armaduras têm ângulos muito diferentes. É principalmente complicado com personagens licenciadas pelos estúdios, como o caso do Alien, Darth Vader ou Boba Fett (do universo Star Wars), porque é preciso todo um processo de aprovação para tudo o que fazemos”, sublinha. .“Este trabalho era o que eu queria fazer para o resto da minha vida e consegui concretizar esse sonho”.Uma recriação não publicada criada por Joe Rubinstein..Ser ilustrador de bandas desenhadas era um sonho de infância para Joe Rubinstein. Com quatro anos apaixonou-se pelos livros aos quadradinhos. “Conseguia entender a história pelas imagens porque ainda não sabia ler”, disse ao DN o ilustrador e inker (responsável pelas linhas e sombras). Aos 17 anos, Joe Rubinstein começou a trabalhar com a DC Comics e, aos 19, recebeu o primeiro trabalho na Marvel. O ilustrador vai estar presente na 35ª edição Amadora BD. “Este trabalho era o que eu queria fazer para o resto da minha vida e consegui concretizar esse sonho”, acrescenta.Para Joe Rubinstein, a sua personagem favorita de desenhar é o Hulk, por não usar roupa. “Não quero fazer Iron Man, Galactus, nem nenhuma personagem que tenha uma armadura”, refere. Wolverine é outra das personagens com que o ilustrador trabalhou, ao longo da sua carreira. O escritor de banda desenhada Frank Miller, autor de Wolverine, era um grande amigo de Joe Rubinstein. “Temos a mesma idade. Paguei-lhe muitas vezes o almoço, quando trabalhavamos. Por isso, os seus fãs deviam dar-me créditos, porque se não fosse eu, ele já estava morto (risos). Um dia, ele veio ter comigo e perguntou-me se queria trabalhar numa série do Wolverine e aceitei”, recorda, acrescentando que se sente muito orgulhoso por ser um dos seus trabalhos mais conhecidos. “Eu realmente gosto dele como personagem. É interessante e há tantas versões que há sempre algo novo para desenhar”. .Joe Rubinstein, ilustrador e inker..Um dos trabalhos que se sente mais orgulhoso são os diferentes livros da Liga da Justiça da DC Comics. “Ficaram muito bem desenhados, bem escritos e engraçados”. No entanto, destacou ainda um trabalho que não chegou a ser publicado para a Sociedade da Bíblia Americana, uma organização cristã. “Eles não tinham muita distribuição e, como o livro não vendeu, destruíram tudo”. Apesar da evolução digital no mundo da banda desenhada, Joe Rubinstein nunca deixou de utilizar o papel como ferramenta de trabalho. “Estou mais ocupado a tentar aprender como ser um artista melhor com as ferramentas convencionais. Conheço artistas que fazem praticamente tudo com o computador e esquecem de tocar no papel”, disse.Os dois ilustradores vão estar presentes no evento da Amadora BD para uma sessão de autógrafos como os fãs de banda desenhada no dia 26 de outubro.