Das lágrimas à dança: Raye conquistou o público do Parque da Bela Vista
Rachel Agatha Keen, mais conhecida por Raye, estreou-se este sábado em Portugal no Kalorama e conquistou o coração dos portugueses. O público dançou, cantou e rendeu-se à energia da artista britânica. Mas foi recíproco, pois, pelo que deu a entender na sua atuação, a cantora também se "apaixonou" pelo país.
Apesar de ser a sua estreia vez em solo português, foi uma das cabeças de cartaz do último dia do Meo Kalorama. Ainda faltavam 15 minutos para às 22h quando os seus fãs já se juntavam em frente ao palco principal. Em cima do palco, estavam dois vinis gigantes brancos, transportando o público para um ambiente de jazz dos anos 1920.
Com um vestido branco até aos pés, entrou no palco acompanhada de uma banda com saxofones, guitarras e uma bateria. E começou a cantar Thrill is Gone.
“Sou uma pessoa muito dramática, adoro música dramática e finais dramáticos. Vamos ter muito disso durante esta noite”, avisou numa das primeiras interações com público, mostrando, pouco depois, a sua voz ao cantar a capella.
Do seu reportório, Raye começou pelos temas mais emocionais, e deixou duas opções à escolha do público - a música Hard Out Here ou Oscar Winning Tears. O público escolheu a Oscar Winning Tears.
Foto: Carlos Pimentel
A artista tornou-se independente em 2021 e, na altura, revelou que a sua discográfica estava a reter o seu disco de estreia há anos. Antes de cantar Mary Jane, a britânica de 26 anos explicou que inicialmente fazia músicas apenas pelo dinheiro. “Percebi que fazer música não era sobre isso. E quando me tornei numa artista independente comecei a escrever sobre assuntos que verdadeiramente interessam”, acrescenta a cantora, explicando que a música fala de adição.
Raye deixou ainda uma mensagem para todas as vítimas de violência sexual. A música Ice Cream Man retrata a sua experiência com assédio sexual. “Esta é uma canção muito triste. Odeio cantá-la, mas acredito que serve como um medicamento”, disse, acrescentando que a música salvou a sua vida e incentivando todas as vítimas de assédio sexual a falarem com alguém. No final da música, a artista emocionou-se e viu-se lágrimas escorrerem pela cara.
Seguiu-se Genesis, uma música de sete minutos, que levou o público por uma viagem de géneros musicais diferentes, incluindo jazz dos anos 1920. Cantou ainda a música It's a Man's World de James Brown e outros originais seus como Black Mascara, Prada Donk e um dos seus êxitos do Tiktok - Escapism.
Foto: Carlos Pimentel
Raye tinha agendado um concerto para esta sexta-feira no Kalorama de Madrid, mas devido a uma tempestade não conseguiu subir ao palco. No meio do público, viam-se fãs com cartazes a dizer que vieram de Madrid para a ver. “Vieram de Madrid? Ainda bem que conseguiram vir”, referiu a artista.
Antes de terminar, Raye afirmou a vontade que tem de ter uma longa carreira e subir aos palcos até aos 75 anos e com isso, voltar a Portugal para cantar.
Raye lançou o seu primeiro disco - My 21st Century Blues - em 2023. O seu álbum de estreia conquistou vários prémios. Tudo indica que ainda se vai ouvir falar muito da cantora inglesa, que parece estar a caminho do estrelato.