Amores proibidos. Esta é a temática da 6.ª edição do Operafest que se inicia esta quinta-feira, 7 de agosto, e apresentará programação até dia 16 de setembro. Segundo a diretora artística do festival, Catarina Molder, a escolha do tema foi feita com base nas óperas escolhidas. “Nunca apresentei nenhuma ópera no Convento da Cartuxa. Achei que a La Traviata, pelo seu lado íntimo e pela música ia ficar muito bem aqui. Depois, a partir da La Traviata, que é um amor proibido, também vieram outras óperas. Eu já tinha pensado em fazer uma Operafest de amores proibidos”, explica em conversa com o DN. Uma dessas histórias é a ópera La Traviata de Giuseppe Verdi que será apresentada hoje no Largo da Cartuxa, em Caxias. Esta retrata a história de amor proibido entre Violetta, uma cortesã, e Alfredo, um jovem burguês. A ópera é acompanhada pela Orquestra Filarmónica Portuguesa com o maestro Osvaldo Ferreira.O encenador da ópera, David Pereira Bastos, explica ao DN que pretendia atualizar a forma de olhar para algumas das situações desta obra. “Nós temos aqui uma personagem que é o pai do Alfredo, que vem pedir à Violetta para largar o companheiro, que é o filho dele, pelo bom nome da família. Nós aqui tentamos realmente mostrar, desde o início, a personagem do pai, como uma personagem, se calhar, um pouco mais fragilizada e um pouco mais patética. E tirar-lhe um pouco da respeitabilidade que ela, se calhar, numa versão mais próxima do original, possa ter. Existe toda a questão da salvação pela religião e pela fé e esse é um pormenor que a nós não nos interessa muito. Esse pormenor torna a Violetta sempre numa espécie de vítima e nós queremos tirar a Violetta do lugar de vítima”.Uma das preocupações do encenador foi trazer todas as ações, sentimentos das personagens “para a dimensão visível da ação cénica”. “Há uma série de elementos da narrativa que muitas vezes são tidos como implícitos. O público já conhece a história, o público acompanha o libreto ou acompanha as legendas, então há uma série de elementos em que muitas vezes se parte do princípio que o público já sabe. Eu, nas minhas encenações, parto do princípio que quem está a ver não conhece a história e que precisa de ver tudo, ver tudo materializado, todas as ações”, acrescenta. O elenco desta ópera é composto por Ermin Ašceric, da Bósnia, que veste a pele de Alfredo, e Darija Auguštan, da Croácia, que protagoniza Violetta. O resto do elenco é português como Alexandra Calado, Laura Martins e Luís Caetano.O evento conta com outros amores proibidos, que são impedidos, devido à pressão social, pela doença ou pela guerra. Outros destaques da programação são as óperas Dido e Eneias, Julie e Menina Júlia. Outro destaque é a Rave Operática que irá contar com as atuações de Tó Trips & Fake Latinos, Bateu Matou e Dj Marfox. A programação conta ainda com ciclo de conferências “Ópera e Literatura”, que acontecerá no El Corte Inglês. Os elencos para as obras são escolhidos pela diretora artística, Catarina Molder, que procura talentos tanto nacionais como internacionais. “Tenho uma capacidade de investimento relativamente limitada e tenho que estar muito bem informada do mercado internacional. Também ando à procura de novos talentos, que ainda estão em ascensão. Acabo por ter de tomar decisões sozinha e portanto acabo por decidir que quero tomar este risco de escolher artistas em ascensão”. Este ano elenco conta com cinco talentos internacionais e cerca 150 nacionais. “Operafest é também todo feito de jovens solistas e o festival também é um espaço de experimentação para os jovens”.Catarina Molder acrescentou ainda que também é importante a escolha do encenador. A diretora artística descreve este festival como uma entidade que “tem iniciado gerações e gerações diferentes de encenadores de ópera e também de maestros”.O evento irá acontecer em diversos locais espalhados por Lisboa e Oeiras, incluindo a Aula Magna, El Corte Inglês, Cinemateca Portuguesa entre outros. Os sítios por onde passa o festival são escolhidos pela organização que propõe parcerias aos espaços. Um dos parceiros do evento é a Câmara Municipal de Oeiras que ajudou com a escolha dos locais. “Embora tínhamos uma grande dependência ainda da bilheteira para nos financiarmos, de facto precisávamos de um parceiro que nos desse um bocadinho mais de estabilidade e o município de Oeiras foi esse parceiro”, sublinha Catarina Molder, acrescentando que a organização pretende tornar-se parceira do Centro Cultural de Belém (CCB). “A ópera necessita de um fosso em sala para acontecer e o CCB tem um dos maiores fossos do país. Portanto é uma sala com muita capacidade, porque de facto queremos muito apresentar a ópera ao ar livre, mas também em sala, porque a experiência em sala também é muito importante”.A diretora artística afirmou que se espera de 14 000 pessoas no evento. Este é um festival que pretende atrair novos públicos para Ópera. “Queremos mostrar como a ópera pode ser tão enriquecedora também nas nossas vidas, e nos dias de hoje em que a empatia faz tanta falta, de facto a ópera tem esse lado da emoção, e tem esse lado de ser nossa confidente, e de ser uma arte performativa que chora particularmente bem as nossas dores e tragédias humanas. A ópera tem a capacidade de fazer chorar as nossas dores de uma forma muito especial, como arte performativa”, menciona a diretora artística.Os bilhetes variam entre 50 e 30 euros para as peças. Para a Rave Operática, o preço é de 20 euros.