Morreu Jô Soares, o humorista que entrou em Portugal com "Viva o Gordo!"

Ator, humorista, escritor e diretor estava internado num hospital de São Paulo desde o fim de julho, mas a causa da morte ainda não foi divulgada. Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou: "Fez-nos rir e pensar durante anos, um grande obrigado a Jô Soares."
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O ator, humorista, escritor e diretor Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos. O comunicador estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o fim de julho, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.

O velório e o funeral de Jô serão reservados à família e amigos.

"Faleceu há alguns minutos o ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares. Nos deixou no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, cercado de amor e cuidados", lê-se numa mensagem da sua ex-mulher Flavia Pedras, através de uma publicação na rede Instagram e entretanto citada pela imprensa brasileira.

Filho do empresário Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares nasceu em 1 de janeiro de 1938 no Rio de Janeiro e aos 12 anos foi viver com a família para a Europa, onde pensou em seguri a carreira diplomática.

Estreou-se no cinema e na televisão no final dos anos de 1950, como argumentista e ator, nomeadamente no Grande Teatro da TV-Tupi, atingindo sucesso maior cerca de dez anos depois quando chegou à TV Globo com o programa "Faça Humor Não Faça Guerra", de que era ator e autor.

O seu primeiro papel como ator foi em O Homem do Sputnik, filme de Carlos Manga de 1958. Três anos mais tarde, começou a trabalhar na TV Record, tendo atuado em programas como La Reuve Chic, Jô Show e A Família Trapo.

Portugal descobriu o autor de O Xangô de Baker Street em 1981, quando a RTP passou a transmitir o seu programa de humor Viva o Gordo!.

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O seu percurso carreira como apresentador começou no SBT com o programa Jô Soares Onze e Meia, que esteve no ar entre 1988 e 1999. Em 2000, o humorista iniciou o seu programa mais famoso e o último da carreira, o Programa do Jô, que teve a última edição em 2016.

"Foi uma decisão bastante pensada. Há dois anos, conversei com o diretor-geral [da Globo], Carlos Henrique Schroder, e marcamos uma data para pensar sobre um fim para o programa. Chegámos à conclusão de que dois anos seria o espaço de tempo ideal para encerrar uma carreira belíssima, sem correr o perigo do programa se deteriorar, porque acima de tudo quero que saia do ar de uma forma digna", contou em entrevista ao DN em maio de 2016.

"O que fica são as lembranças das conversas com amigos, com personalidades e também com pessoas que não são tão conhecidas, mas que de repente conquistaram a plateia e ganharam o programa. Afinal, esse é isso que diferencia [este programa de outros talk shows]: o facto de ser uma grande tribuna para quem lá vai. E por isso dependemos muito dos convidados. É a parte mais interessante de um verdadeiro talk show, que é um programa de bate-papo, que depende da reação da plateia e do convidado", acrescentou.

Jô sempre usou como referência Johnny Carson, que comandou de 1962 a 1992 um programa do género, o Tonight Show, da NBC.

Na última publicação na sua página oficial na rede Twitter, datada de quinta-feira, Jô Soares escreveu: "Não é necessário mostrar beleza aos cegos, nem dizer verdade aos surdos. Mas não minta para quem te escuta e nem decepcione os olhos de quem te admira."

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou "sinceras condolências" à família de Jô Soares, recordando que "fez rir e pensar durante anos" com os seus "sketches famosos".

"Os seus sketches ficaram famosos, algumas expressões entraram mesmo na linguagem corrente, fez-nos rir e pensar durante anos, um grande obrigado a Jô Soares, que hoje saiu de cena, mas não dos nossos corações, nem das nossas memórias", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota de condolências, divulgada na página oficial da Presidência da República.

O Presidente português apresentou "sinceras condolências" à família e amigos do escritor brasileiro, na nota, que intitulou "Adeus Jô Soares".

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