815 milhões de euros em dívidas. A ascensão e queda do Cirque du Soleil

Empresa canadiana possui dívida de 815 milhões de euros. Império em crescimento desde 1984 desmoronou-se nos últimos três meses

Um império em crescimento desde 1984, o Cirque du Solei, desmoronou-se nos últimos três, por culpa da pandemia que parou o mundo dos espetáculos, mas não só.

Embora fosse considerada a maior produtora de espetáculos do mundo e com um capital bastante acima de da média no setor, a empresa canadiano possui uma dívida de 815 milhões de euros há cerca de cinco anos, revela o El País.

O co-fundador e ex-proprietário, Guy Laliberté, afirmou na semana passada que estava disposto a recomprar a empresa para tirá-la do buraco e o grupo de comunicação social canadiano Quebecor também expressou o seu desejo de injetar capital, embora não o possa fazer de momento, dizem os seus gestores, uma vez que a atual administração do Cirque du Soleil se recusa a divulgar as contas verdadeiras da empresa, acusando a Quebecor de pressionar para desvalorizar as ações e comprar a empresa a um preço baixo.

Por enquanto, a única entidade que já injetou dinheiro na empresa foi o governo do Quebec, que aprovou um empréstimo de 182 milhões de euros para impedir que um dos maiores motivos de orgulho do estado canadiano se afunde.

O Cirque du Soleil nasceu e está sediado na cidade de Montreal e emprega cerca de cinco mil pessoas. Agora, 95% foram colocados em lay off. A esses podem ser adicionados os artistas e produtores dos 20 shows que estão em digressão, ou seja, cerca de 100 por cada produção.

Apesar dos 182 milhões de euros recebidos do governo de Quebec e de outros 45 milhões que os proprietários injetaram no início de maio, a empresa tem que fazer um reembolso de cerca de 150 milhões a quem já tinha comprado bilhetes para os espetáculos entretanto cancelados.

Embora a situação seja muito complicada, os trabalhadores permanecem calmos. "Continuamos otimistas. A empresa até ao momento não cancelou espetáculos, apenas adiou os que estavam agendados para os próximos meses", disse ao El País o artista espanhol Mateo Amieva, que planeava viajar para Buenos Aires nos próximos dias para continuar a digressão do espetáculo 'Messi 10', mas que viu o espetáculo ser adiado. "Temos sempre períodos em que não fazemos espetáculos e por isso não recebemos, mas o dinheiro das digressões compensa isso. Porém, agora a paragem é mais longa e temos que a suportar o máximo possível", acrescentou.

Outrora considerada uma empresa próspera e estudada pelo seu modelo de gestão criativo e inovador, "que passava por criar novos nichos de mercado e teve 20 anos de crescimento ininterrupto, o Cirque du Soleil viu a fórmula ser imitada por outras empresas do setor, o que forçou a empresa canadiana que a produzir espetáculos mais caros para se diferenciar", explicou Bruno Cassiman, professor da escola de negócios IESE, especializado em estratégia corporativa.

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