Cate Blanchett numa farsa política menor
Rumours, de Guy Madden e dos irmãos Evan e Galen Johnson, tentou trazer humor à seleção oficial numa sessão fora-de-competição. O filme só deve ter sido selecionado por no elenco estar Cate Blanchett. A atriz australiana interpreta a chanceler alemã numa farsa sobre uma reunião dos G7 numa altura em que o mundo está a viver uma crise. Entre o absurdo à Monty Python e o filme de terror de instalação, tem aquele tipo de piada que se gasta ao fim de dez minutos. Outro tiro em falso do programa de Cannes.
Ainda assim, Blanchett estava de bom humor na tarde seguinte num encontro com a imprensa num terraço barulhento do Marriott. Descalça, ao DN dizia que “interpretar pessoas com poder passa muito por uma questão de afirmação gestual. Estas mulheres líderes têm uma espécie de necessidade de falar com esbracejar muito firme”, gozando com o facto de todos os atores se sentirem como num acampamento de férias na rodagem na Hungria. Além de Blanchett, o elenco inclui Alicia Vikander e Charles Dance.
O tempo de Isadora Neves Marques
Na Semana da Crítica, laboratório de novos talentos, ontem passou uma curta portuguesa: As Minhas Emoções são Tudo o que Tenho para Oferecer, de Isadora Neves Marques, um olhar sereno sobre uma relação entre duas mulheres que se desenvolve perante poderes telepáticos. A prova do poder de criar um universo próprio de uma cineasta que já em Tornar-se um Homem na Idade Média mostrava vontade filmar coisas novas e destes tempos.
Importante também a presença de Albano Jerónimo e de Ágata Pinho, atores que não forçam mas possuem o mistério sobrenatural para encantar nesta viajem ao Alto Minho com virtudes sensoriais. Outra prova da qualidade da safra nacional aqui em Cannes neste ano. E ainda falta o bem recomendável Mau por um Momento, de Daniel Soares, na corrida à Palma de Ouro das curtas, e, claro, Grand Tour, de Miguel Gomes, este a concorrer na seleção da longas.
Em Cannes