"Canto para agradecer à música por me ter dado a vida que sempre sonhei"

O cantor português Fernando Daniel falou com DN sobre o futuro single, a pandemia e família, antes do seu concerto naquele que foi o primeiro dia do festival Sol da Caparica.

Depois de dois anos de pandemia, como é agora voltar aos palcos e atuar no Sol da Caparica?
É muito bom. É muito gratificante. É o primeiro ano de normalidade após a pandemia. É um ano que está a ser muito bom para todos os artistas. Temos tido todos muitos concertos. No meu caso, felizmente, estamos a falar de mais de 60 concertos. Ainda esta semana vamos ter muitos mais concertos, mas estar aqui num festival destes que apanha a música feita em português por artistas portugueses acima de tudo acho que é de louvar e é muito bom para a indústria.

Acha que devia haver mais iniciativas de apoio à música portuguesa como este festival?
Inciativas ou não, eu acho que se devia apoiar mais a música que se faz no nosso país. Acho que temos muita coisa de qualidade, seja a cantar em inglês, crioulo, seja a cantar em que língua for. Acho que temos muito talento e muita música de boa qualidade no nosso país. Portanto, cada vez mais devemos olhar para o que é feito cá dentro.

Lançou o álbum + Presente no início de 2022, algum projeto em que esteja a trabalhar de momento?
Lancei um álbum em 2020 e no início deste ano lancei uma re-edição, que me tem levado a dar estes concertos todos. Este ano ainda vou lançar mais um single. Não deste álbum, mas sim do próximo, que está a ser construído. E vai sair um álbum novo para o ano, mas para já só mesmo o single este ano.

Desse novo single que vai sair ainda este ano, o que nos pode revelar?
Não posso dizer muita coisa. Na realidade não posso dizer nada porque é mesmo um single surpresa. Só posso dizer que vai sair em dezembro.

Podemos esperar um single sobre a família?
É um single que tem uma nova inspiração, sim. É só isso que posso revelar.

Disse que para si a música começou por ser um pilar para fugir das tristezas. E hoje o que é a música significa para si?
As tristezas continuam. Acho que ninguém pode levar uma vida cheia de felicidade. Continuo a combater tristezas e a cantar porque a música me faz lembrar e faz-me ter uma realidade que não esperava ter e uma vida que não esperava ter. Canto não só para abafar as tristezas ou para as camuflar, mas também para agradecer à própria música por me ter dado a vida que eu sempre sonhei e que eu sempre quis.

E veio ao festival com a família?
Hoje e nestes próximos concertos vou estar com a família. Vou estar sete dias na estrada e em quatro destes sete dias, a Matilde [filha] e a Sara [namorada] vieram comigo porque também me custa estar assim longe de casa. E assim as saudades são um bocadinho menos.

Considera que o Sol da Caparica é um bom festival para as famílias?
Sim, é um festival muito familiar. E acho que estes são dias para recordar. É bom para as famílias porque o tempo assim o permite e o espaço também assim o permite. É um espaço também pensado para este lado mais familiar. E é para todas as idades.

Em relação à pandemia, como foi a vida de um artista durante estes dois anos?
Foi chato. Vimo-nos muito impedidos de trabalhar. Felizmente arranjaram-se algumas formas de podermos continuar a trabalhar, mas essas formas surgiram um pouco tarde. E aqui tenho de culpabilizar o nosso Ministério da Cultura que não pensou naqueles que fazem enaltecer a cultura de um país, que somos nós os artistas. De qualquer das formas acho que conseguimos trabalhar. Estamos a falar daquelas salas que ficaram reduzidas a metade. Para mim tanto em 2020 como em 2021 consegui dar 30 a 40 concertos. Mesmo assim já é muito e não me posso estar a queixar porque ainda consegui tocar fazendo acústicos e reinventei um espetáculo para ser acústico. Ainda consegui fazer algumas coisas mas não é de todo aquilo que nós queremos fazer. E agora acho que falo por todos os artistas: nós queremos é estar em cima do palco com o público todo a curtir. Percebemos que no início era tudo mais complicado, estávamos a tenta perceber o que estava no meio de nós. A partir do momento em que soubemos, acho que as regras podiam ter tomado outro rumo. Podiam ter existido novos e melhores apoios. Estava mortinho por voltar ao palco e ir até ao público, abraçar o público. E fazer isso sendo pai, não digo que é difícil porque tenho conseguido gerir a parte familiar com a parte artística. Tenho uma namorada que me apoia muito nestas coisas e uma família muito unida.

Alguma extravagância no backstage que queira partilhar?
Por norma tenho uma regra que é: não peço nada no meu camarim que não goste de ter em casa para oferecer às pessoas que me vêm visitar. Acho que os camarins acabam por ser uma segunda casa quando se anda na estrada por isso acho que o básico é o que deve lá estar.

mariana.goncalves@dn.pt

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