O regulamento do Fundo de Fomento Cultural (FFC) foi publicado esta quarta-feira, dia 15, em Diário da República e estabelece um conjunto de regras para o acesso aos fundos públicos para a cultura, que rondam os 40 milhões de euros por ano. A portaria da ministra da Cultura, Juventude e Desporto prevê critérios de elegibilidade de beneficiários e projetos, critérios de seleção, a criação de uma comissão de avaliação de candidaturas e de uma plataforma eletrónica a partir da qual terão ser apresentadas todas as candidaturas. Esta plataforma, segundo a portaria, terá que estar operacional no prazo de um ano. Até estar a funcionar, as candidaturas serão apresentadas "através de endereço eletrónico, ou formulário eletrónico, previstos no respetivo AAC [aviso para apresentação de candidaturas]", lê-se na portaria.O júri do primeiro AAC aberto após a publicação desta portaria será "constituído por cinco elementos indicados pelo conselho administrativo do FFC".A comissão que avaliará as candidaturas será composta por cinco membros designados por despacho do Governo, após consulta ao FFC. Terá 30 dias para fazer a análise, contados a partir do termo do prazo para apresentação de candidatura que consta no Aviso. Mas a comissão não terá a palavra final."Concluída a apreciação, a Comissão delibera e lavra ata com a fundamentação, a classificação e a proposta do montante do apoio a atribuir, a qual tem natureza de proposta, sem eficácia externa, sendo remetida ao conselho administrativo do FFC, órgão competente para a decisão final."O Governo defende que "esta medida representa uma mudança estrutural na forma como os apoios são atribuídos, colocando o mérito e a imparcialidade no centro das decisões"."Pela primeira vez, todos os apoios serão precedidos de concurso, avaliados por júris independentes e publicamente escrutináveis", vinca o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto em comunicado.“A partir de agora, o mérito substitui a lógica do favor. A imparcialidade substitui a discricionariedade”, diz a ministra Margarida Balseiro Lopes, citada na nota de imprensa. Para o Governo, a ausência de regras claras para a atribuição dos apoios "comprometeu a confiança dos agentes culturais e fragilizou o reconhecimento do mérito artístico". Foi no final de agosto que a ministra revelou que estava a trabalhar na regulamentação do FFC. Isto depois de a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) ter divulgado um relatório sobre a atividade do Fundo de Fomento Cultural no triénio 2020-2022, no qual, segundo a agência Lusa, aponta várias falhas ao funcionamento do Fundo, entre as quais a ausência de planos anuais ou plurianuais, a falta de avaliação dos resultados das subvenções públicas e diferenças de tratamento "entre beneficiários mais antigos e mais recentes". Entre 2020 e 2022 foram concedidos pelo FCC apoios de 123,7 milhões de euros. .Acesso a apoios na Cultura “não pode depender das preferências subjetivas e discricionárias", diz ministra