Deixemos falar Hergé, que respondeu desta forma numa entrevista para a RTBF em 1979: "Depois do álbum Tintin no País dos Sovietes, eu queria fazer Tintin na América, para mostrar as duas potências em confronto. Nesse momento, contudo, o editor do jornal Petit Vingtième quase me implorou ao dizer: "Você não pode fazer isso com a nossa bela colónia do Congo, sobre Leopoldo II, os missionários e a nós que lhes levámos a civilização, etc." Então, eu fiz Tintin no Congo sem muito entusiasmo. Se tivesse de reescrever Tintim no Congo hoje, seria muito diferente. Mas tudo evoluiu e mudou, eu também mudei, e o repórter Tintin ficou um espelho da realidade. Isto porque todo o jornalista é uma espécie de espelho que reflete os acontecimentos que vai olhar. Tintim refletia o que a maioria das pessoas pensava sobre esses dias na Rússia bolchevique. Quanto à ideia colonialista, praticamente todo o mundo foi colonialista. Isso não era um problema então, o branco tinha sido criado para levar a civilização aos outros. Tintin não era racista, mas era um colonialista como toda a gente naquela época."