#45 “Comício” (Couto Viana / Sobral Torres), Manuel Sobral Torres, 1973
Vítor Higgs / DN

#45 “Comício” (Couto Viana / Sobral Torres), Manuel Sobral Torres, 1973

A canção com um outro lado da consciência
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Manuel Sobral Torres gravou um único disco, numa edição da Polydor-Phonogram, com quatro canções: “Comício”, “Romance da rosa”, “Cabo da Boa Esperança” e “Trova dor”. Na época, o músico e cantor era estudante em Coimbra e pertencia à Cooperativa Livreira Cidadela de Coimbra, organização que viria a ser invadida e destruída na sequência do 25 de Abril. As canções deste disco têm poemas da autoria de António Manuel Couto Viana, o que denota um posicionamento diferente em relação aos autores e cantores de esquerda e de extrema-esquerda. Estas canções têm arranjos de Duarte Costa e a voz declamada de Miguel Seabra. Na contracapa, lê-se um texto assinado por Francisco Rodrigues, referindo as canções como testemunhas de um compromisso, consciente, por parte de um estudante que representava uma geração de “olhos abertos, ávida e corajosamente”, procurando os caminhos do futuro. Foi no final do ano de 1969 que o músico e o poeta se conheceram, em Coimbra, na ressaca da crise académica. Couto Viana, sebastianista e adepto das teses do Quinto Império, foi um dos inspiradores da formação da geração nacionalista revolucionária, enquanto fundador, diretor ou colaborador de revistas literárias. Como monárquico e nacionalista, Manuel Sobral Torres inspirou-se nos textos do poeta para compor baladas. “Comício” é a primeira canção do alinhamento e foi apresentada no programa televisivo “Domingo à Noite” (11 de março de 1973). Na última estrofe, apela-se à mobilização: “Busca o teu futuro, nega o teu passado / Vai erguer teu sonho solene e sagrado / Vai viver a pátria que te faz soldado”.

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