#31 “Blackground” (Duo Ouro Negro), Duo Ouro Negro, 1972
Vítor Higgs / DN

#31 “Blackground” (Duo Ouro Negro), Duo Ouro Negro, 1972

O grito de independência da canção africana
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O Duo Ouro Negro lançou este álbum um ano depois da apresentação deste espetáculo cénico-musical no Festival de Vilar de Mouros e passados três anos da presença do grupo no Festival de Woodstock e de uma digressão pelos Estados Unidos, em que foram despertados para o ativismo dos Black Power e para o interesse pelos movimentos independentistas das colónias africanas. A digressão de três meses por este país determinou a conceção do álbum “Blackground”, cujo primeiro tema, homónimo, é uma clara apresentação do trabalho. Esta gravação foi realizada nos estúdios da Valentim de Carvalho. Os temas são cantados em português, em inglês e em línguas angolanas dos grupos etnolinguísticos lunda-cokwe, ambundo e cuanhama, tendo sido gravados com a participação de músicos de diferentes nacionalidades. A capa foi concebida pelo angolano Eleutério Sanches. O espetáculo, com duas horas de duração e contando com a presença em palco de mais de três dezenas participantes entre cantores, músicos e bailarinos, apresentou-se, no Cinema Roma, em julho de 1972. Com este trabalho e novas digressões que se seguiram, Raul Indipwo e Milo MacMahon alcançaram um grande sucesso, cantando Angola, representando Portugal. Esta é uma viagem pelos instrumentos e ritmos angolanos ancestrais, encontrando outros géneros musicais, com riqueza melódica e nas harmonias vocais. Trata-se de uma viragem definitiva para a world-music por parte do grupo e uma obra concetual sobre a evolução da música negra. Foi nesta amálgama muito bem urdida que se cantaram esperanças, “para ver o sol raiar”.

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