"Os seres humanos magoaram-me. Foi só com os animais e com a natureza que encontrei a paz"
Aos 84 anos, Brigitte Bardot conta que a decisão de abandonar a vida de estrela de cinema para se dedicar à defesa dos animais a salvou. "Eu sei o que é ser caçada", assume.
Símbolo sexual dos anos 1950 e 1960, Brigitte Bardot trocou os holofotes da fama do cinema para abraçar a causa da defesa dos animais e da natureza. Já lá vão 46 anos. Foi o melhor que fez, considera a francesa que deixou de ser atriz em 1973 para ser conhecida mundialmente como ativista. "A maioria das grandes atrizes teve um fim trágico. Quando disse adeus a esse trabalho, a essa vida de opulência e brilho, de imagens e adoração, a busca de ser desejado, eu estava a salvar a minha vida", afirma Bardot ao The Guardian.
BB, como também se tornou conhecida, conta ao jornal britânico que o mundo das celebridades a sufocava. A propósito da edição em inglês do seu livro de memórias, Tears of Battle: An Animal Rights Memoir, lançado em França no ano passado, ainda sem edição portuguesa, Brigitte Bardot lamenta o estrelato e o poder destruidor que exerceu na sua vida e que lhe roubou o anonimato.
Certamente muitos fãs da ex-atriz francesa não sabiam, mas Bardot conta que sempre foi tímida, o que, aliado à vida de estrela de cinema, a fazia ficar doente. "No início, gostava que as pessoas falassem de mim, mas rapidamente isso sufocava-me e destruía-me. Ao longo dos 20 anos como atriz de cinema, sempre que uma filmagem começava eu ficava com herpes", lembra.
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A mulher que se tornou uma deusa da sétima arte dedica grande parte do seu livro aos direitos dos animais. Aliás, não tem dúvidas de que são eles e a natureza que lhe salvaram a vida. "Os seres humanos magoaram-me. Profundamente. Foi só com os animais, com a natureza, que encontrei a paz."
"Ainda não suporto ser observada"
Ao jornal inglês, Brigitte Bardot garante: "Sei o que é ser caçada." E dá como exemplo o assédio que sofria quando era uma estrela de cinema mundial e de como os paparazzi a perseguiam. "Eu podia sentir a presença deles", lembra.
Lamenta que ainda hoje não possa sentar-se num café tranquilamente sem que seja abordada por alguém. "As pessoas estão a ver o que a Brigitte Bardot está a comer, como é que segura o garfo. Vão pedir mais uma foto. Eu nunca recusei. Mas ainda não suporto ser observada. Certas pessoas querem abraçar-me, tocar-me", descreve.
Em Tears of Battle: An Animal Rights Memoir, Bardot dedica-se a abordar o sofrimento dos animais causado pelo homem, que considera ser "fundamentalmente egoísta". "A maior parte das pessoas não reage a uma causa a não ser que a afete diretamente. Quero que o público fique indignado, saia da zona de conforto."
É nessa linha de pensamento que a ativista enaltece as conquistas da sua Fundação Brigitte Bardot. "Se a fundação não existisse, vários programas para a conservação de espécies não existiam", destaca.