Miranda Sarmento, ministro das Finanças, alega que “a proposta do PS [o aumento das pensões] cria um problema do ponto de vista das contas públicas”; António Leitão Amaro, ministro da Presidência, avisa que os “portugueses não querem seguramente ver o país regressar a défices de má memória do final dos anos 2000”; Luís Montenegro pede prudência justificando com “fatores de incerteza na economia europeia, nas questões geopolíticas, mesmo no desempenho económico”; e até Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, argumenta com avisos de “sensatez” e “precaução” porque “com o dinheiro dos portugueses, em particular com o dinheiro das pensões, não podemos brincar”..Esta pressão repetida do Governo para travar a proposta socialista, que terá um custo “permanente e estrutural” de 273,8 milhões de euros, está condenada ao insucesso..O PS já respondeu à pressão da AD argumentando com a “defesa dos pensionistas” e com as “condições únicas” para que se possa aumentar 1,25 pontos percentuais além da atualização regular anual das pensões até 1.527,78 euros já que o Governo, argumenta, por exemplo, o deputado Tiago Barbosa Ribeiro, está “sentado no maior excedente de sempre, no maior orçamento de sempre, da Segurança Social”..André Ventura, por seu lado, já anunciou que o Chega vai abster-se, abrindo, assim, caminho para que o aumento seja viabilizado..PCP, BE e Livre, que dizem que os pensionistas “não podem ficar à espera do bónus ocasional do Governo”, até consideraram a proposta do PS “insuficiente”. .Em sentido contrário apenas surge a IL que considera este aumento das pensões como uma “despesa insustentável” que vai “sobrecarregar a geração atual e comprometer o futuro das futuras”. .Para o Governo, sendo decisivo o voto do Chega para a aprovação da proposta socialista, o que se regista é “mais uma confluência, mais uma cumplicidade, mais uma aliança de voto para fazer aprovar propostas, entre segundo e o terceiro maiores partidos”..“Mais uma coligação entre PS e Chega. Os seus eleitores dirão se votaram para essa coligação”, diz António Leitão Amaro .A UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental ), na análise entregue aos deputados assegura que “a atualização extraordinária das pensões em 1,25% até ao limite de três IAS resultará num aumento previsional da despesa com pensões no montante de 273,8 milhões de euros, traduzindo-se num impacto negativo esperado de 0,09% do PIB no saldo orçamental (…) que refletir-se-á nos exercícios de 2025 e seguintes”..Uma ressalva: esta previsão sobre os custos corresponde a um “exercício simplificado” e não tem em conta a quantificação dos impactos macroeconómicos que resultam de uma subida do rendimento líquido dos pensionistas (nomeadamente ao nível do consumo privado) nem a receita fiscal adicional que será obtida por via do IRS - já que parte das pensões até três IAS estão sujeitas a este imposto. .Esta atualização das pensões abre, por isso, caminho para que mais de 90% dos pensionistas veja a sua reforma ter um aumento acima da inflação prevista para o próximo ano - que é de 2,3%. .O Governo, pelo contrário, defende uma repetição da medida já adotada este ano e que custou 400 milhões de euros: um suplemento para as pensões mais baixas pago de uma única vez, caso exista margem orçamental..“A filosofia do Governo é de prudência e de responsabilidade”, sustenta o primeiro-ministro..Com Lusa