A admissão de que Tiago Mayan Gonçalves falsificou assinaturas em documentos enquanto presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, cargo do qual se demitiu na quarta-feira, terá sido “o último golpe” para a oposição interna da Iniciativa Liberal (IL). Eleito nas listas do movimento do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o ex-candidato à Presidência da República terá desistido de disputar a liderança do partido a Rui Rocha em 2025..Mayan Gonçalves manteve-se em silêncio nos últimos dias, sem responder a sucessivas tentativas de contacto, mas um dos coordenadores do movimento Unidos pelo Liberalismo, João Ermida, citado pela Lusa, confirmou que o ex-autarca retirará a candidatura à liderança da IL. E, como era a principal figura da oposição interna, tal saída de cena torna ainda mais improvável o que não andava longe de ser uma missão impossível, com as hipóteses de uma lista alternativa à de Rui Rocha “atingir sequer 30% dos votos” a serem consideradas diminutas por dirigentes e ex-dirigentes ouvidos pelo DN..Além dos problemas legais que poderão decorrer da admissão de que falsificou as assinaturas de elementos do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo e do orçamento colaborativo, possibilitando a transferência de verbas da Câmara do Porto para a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, alegando tê-lo feito para não falhar os prazos, os atos de Tiago Mayan Gonçalves podem ter consequências gravosas dentro do partido..A IL instaurou nesta sexta-feira um processo disciplinar, após tomar conhecimento das circunstâncias da demissão de Mayan, também condenadas pelo Movimento de Rui Moreira e pelo PSD. E Rui Rocha disse que a expulsão pode “obviamente” ser a consequência das “condutas inaceitáveis” imputadas ao ex-autarca a quem chamou “senhor Tiago Mayan”..Após Rui Rocha defender que “ninguém está acima da lei” e “muito menos alguém que tem responsabilidade de cargos públicos”, realçando que, “havendo possibilidade de atos de relevância criminal, as autoridades judiciais devem fazer o seu trabalho”, outros deputados da IL criticaram Mayan. Na rede social X, o ex-líder Carlos Guimarães Pinto apelou ao ex-candidato presidencial para “proteger a imagem do partido que ajudou a fundar saindo pelo próprio pé”, enquanto Bernardo Blanco escreveu que um membro da IL “que comete tal crime só pode ser expulso”..Pelo contrário, outras fontes disseram ao DN que acreditam que tudo não tenha passado de um reflexo da “desorganização” do então autarca, que falsificou as assinaturas “pelo desespero” de falhar prazos que comprometeriam apoios a associações locais. E o ex-dirigente liberal Vicente Ferreira da Silva, que trabalhou com Mayan, disse que “fez bem em assumir o erro, que não é admissível nem desculpável”.O Unidos pelo Liberalismo, que iria apresentar a equipa de Mayan na disputa da Comissão Executiva da IL, a 16 de novembro, fará uma conferência neste sábado, no Porto. E será Rui Malheiro a dar esclarecimentos sobre o futuro do movimento criado em abril.