Impacto de meteorito há 3600 milhões de anos impulsionou a vida na Terra.Recuemos 3600 milhões de anos a cronologia do planeta Terra. Ali, encontramos uma atmosfera nutrida de gases como metano e amónia, mas pobre em oxigênio. Um planeta com oceanos, violenta atividade vulcânica. A crosta terrestre formava-se e as primeiras formas de vida, como micro-organismos, começaram a surgir nos oceanos. A radiação solar intensa e a ausência de uma camada de ozono, tornavam o ambiente extremo, se considerarmos os padrões atuais. É neste quadro em poucas pinceladas que se traça a Era do Paleoarcaico. Neste tempo recuado deu-se um evento de dimensões cataclísmicas. Um meteorito (referido como o evento de impacto S2) estimado entre os 37 e 58 Km de diâmetro e com uma massa 200 vezes superior à do meteorito que levou à extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, precipitou-se rumo ao nosso planeta. O impacto, estima-se, abriu uma cratera com 500 Km de diâmetro, pulverizou rochas, ejetadas a uma velocidade extraordinária para formaram uma nuvem que circulou em torno do globo, um tsunami varreu todas as geografias, a escuridão abateu-se sobre a Terra. Aquele que foi um evento dramático para as formas de vida elementares a habitarem o nosso planeta terá, de acordo com um estudo agora publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), constituído uma oportunidade ao florescimento de vida na Terra..Encabeçada pela geóloga Nadja Drabon, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a investigação no terreno decorreu no nordeste da África do Sul, na Cintura de Rochas Verdes de Barberton, uma área com 100 km de comprimento e 60 km de largura, situada a leste de Joanesburgo, perto da fronteira com a Suazilândia. O local contém algumas das rochas mais antigas do planeta, entre elas, algumas que atestam o impacto de há 3600 milhões de anos..O estudo Efeito do impacto de um meteorito gigante nos ambientes superficiais paleoarqueanos e na vida, adianta que “o impacto terá ocorrido no oceano, com um subsequente tsunami que percorreu o globo. A atmosfera incandesceu, a superfície dos oceanos ferveu parcialmente. Micróbios que dependiam da luz solar na coluna de águas pouco profundas dos oceanos [micróbios fototróficos] foram dizimados”. Um cocktail de fim de mundo que reuniu no mesmo evento um tsunami, o aquecimento atmosférico e a escuridão..“No entanto, a biosfera provavelmente recuperou rapidamente e, a médio prazo, o aumento de nutrientes e de ferro provavelmente facilitou a proliferação microbiana, especialmente de micróbios que ciclam o ferro”, adianta o já citado estudo. Os investigadores encontraram no terreno “sinais de que a vida se recuperou do impacto registados”. Sinais revelados “na assinatura geoquímica do material orgânico preservado e em tapetes de bactérias marinhas fossilizadas”, sublinha o estudo. O mesmo trabalho considera que a calamidade pode ter desencadeado a evolução inicial da vida na Terra. Uma “bomba fertilizante gigante (...) relevante para um mundo microbiano primitivo (...) a vaporização de meteoritos e das rochas alvo pode injetar volumes significativos de enxofre, fósforo e ferro biologicamente relevantes na biosfera, para posterior utilização pelas comunidades microbianas”..Para a investigação, o impacto de há 3600 milhões de anos terá beneficiado as bactérias e as Archae, organismos unicelulares primitivos. Também forneceu acesso a nutrientes como fósforo e ferro. “O impacto também libertou fósforo para a atmosfera [nutriente essencial a que as moléculas dos micróbios, armazenassem e transmitissem informação genética], e o tsunami carregou águas profundas, ricas em ferro, para a superfície, assim como detritos para as zonas costeiras. Em consequência, verificou-se um florescimento temporário de micróbios que beneficiam do ferro”, adiantam os investigadores no sumário que fazem ao estudo agora publicado..“A vida não só foi resiliente, como também recuperou muito rapidamente e prosperou (...) É como quando se escova os dentes de manhã. Mata 99,9% das bactérias, mas à noite todas elas voltam”, afirmou Nadja Drabon à BBC, no artigo “Mega meteorite tore up seabed and boiled Earth’s oceans”, assinado pela jornalista Georgina Rannard..“Grandes impactos de meteoritos devem ter afetado fortemente a habitabilidade da Terra primitiva. As rochas do Éon Arqueano [de há 4031 a 2500 milhões de anos] registam pelo menos 16 grandes eventos de impacto, envolvendo meteoritos com mais de 10 Km de diâmetro. Estes impactos tiveram, provavelmente, consequências graves, embora temporárias, para os ambientes superficiais”, adianta Nadja Drabon e a restante equipa no trabalho aqui citado..A geóloga norte-americana acrescenta que “o impacto do meteorito de Chicxulub de 10 km de diâmetro [o que levou à extinção dos dinossauros], perturbou profundamente o ambiente global, incluindo o início de um tsunami, uma queda acentuada, embora transitória, das temperaturas à superfície, seguida de uma queda moderada, aquecimento a longo prazo, escuridão a curto prazo e acidificação dos oceanos. Em resultado, cerca de 40% dos géneros animais e cerca de 60 a 80% das espécies animais foram extintos). (...) Por outro lado, a longo prazo, a perturbação ambiental induzida pelo meteorito criou oportunidades para os sobreviventes, por exemplo, a radiação dos mamíferos que se seguiu de perto à extinção dos dinossauros”..China: da recolha de uma amostra da atmosfera de Vénus ao desejo de liderança da ciência espacial.A China tornou público o roteiro a longo prazo do seu programa espacial até 2050. Entre as metas a alcançar pelo gigante asiático, estão a implementação de missões científicas espaciais nacionais, o reforço da investigação e na formação de talentos para a ciência espacial. Finalmente, as aspirações espaciais da China, passam por conquistas inovadoras. Uma delas, recolher uma amostra da atmosfera venusiana, naquele que é segundo planeta do Sistema Solar..Os objetivos a 25 anos do programa espacial chinês, corporizado no documento “Plano Nacional de Desenvolvimento da Ciência Espacial a Médio e Longo Prazo”, foram apresentados numa conferência de imprensa ocorrida a 15 de outubro último. O referido documento é assinado conjuntamente pela Academia Chinesa de Ciências, a Administração Espacial Nacional da China e o Gabinete de Engenharia Espacial Tripulada da China..“A investigação científica espacial da China ainda está numa fase inicial, com um número relativamente pequeno de satélites científicos espaciais. Algumas lacunas precisam de ser preenchidas para se tornar uma potência espacial”, afirmou Ding Chibiao, vice-presidente da Academia Chinesa de Ciências, aqui citado a partir do site Space News..De acordo com a mesma fonte, “o plano descreve cinco temas específicos, com as missões orientadas para o universo extremo, natureza da matéria, planetas habitáveis, no estudo do Sol e na exploração espacial”..Desta forma, até 2027, o programa espacial chinês inclui o lançamento de uma missão lunar tripulada até 2030, operações da estação espacial. No mesmo período, entre os grandes projetos elencados pela China, destaca-se um localizador de deteção de ondas gravitacionais espaciais e a deteção de partículas de matéria escura, assim como a investigação de exoplanetas habitáveis semelhantes à Terra..Num segundo momento, até 2035, o programa chinês visa a missão interplanetária Tianwen-4 a Júpiter que, entre outras metas, se propõe a estudar a estrutura o planeta gigante, apresentar um modelo atmosférico de Calisto, uma das luas de Júpiter, perceber a espessura da camada de gelo daquele satélite natural, e estudar o vento solar entre Vénus-Terra-Júpiter. No mesmo período, é objetivo do programa espacial da China, explorar os limites do sistema solar, e encaminhar par a Terra amostras atmosféricas de Vénus. O plano, complexo, implica o lançamento de um orbitador de Vénus, à partida o VOICE (Venus Volcano Imaging and Climate Explorer), a descida em desaceleração de um engenho espacial até à atmosfera venusiana, a recolha de uma amostra daquele ambiente e o retorno ao orbitador..A derradeira fase do programa chinês, com a meta em 2050, visa de acordo com as entidades que assinam o documento “a liderança global na ciência espacial”. com cinco a seis missões de grande escala e diversos projetos de menor dimensão. Ding Chibiao, citado no site Science.org sublinha que o programa agora apresentado leve a “um aumento do investimento nacional na ciência espacial”..Livros.Robôs Sexuais e Carne Vegana.Não faltará muito para que algumas inovações hoje tidas por alucinantes passem a fazer parte do nosso quotidiano. A produção de carne em laboratório ou os bebés criados em úteros artificiais deixarão de ser ficção. Tal como deixará de ser surpresa termos à disposição robôs sexuais capazes de manter uma conversa mais ou menos educada. Estas são algumas das abordagens que Jenny Kleeman, jornalista, escritora e documentarista inglesa, leva para o seu livro Robôs Sexuais e Carne Vegana (edição Zigurate). Uma viagem no “encalço de quem está apostado em fazer com que a nossa viagem do berço à sepultura passe cada vez mais pelo mundo tecnológico e menos pelo humano”, lemos na apresentação ao livro. A obra tem o preço de capa de 21,80€..DeterminadoRobert M. Sapolsky, professor de biologia, neurologia, vai ao âmago da ciência e da filosofia da tomada de decisões para questionar a existência do livre-arbítrio, uma ideia com consequências profundas. Em Comportamento, a sua obra anterior, o autor explicita as razões pelas quais os seres humanos agem bem ou mal. Robert Sapolsky aponta uma conclusão perturbadora: podemos desconhecer a ligação precisa entre a natureza e a educação que cria a física e a química na base do comportamento humano, mas isso não significa que essa ligação não exista. Em Determinado (edição Temas e Debates), Sapolsky ataca a “fantasia simpática” de que existe um eu independente que diz à nossa biologia o que deve fazer. Sapolsky aplica este novo entendimento da vida sem livre-arbítrio a algumas questões humanas fundamentais, como a punição, a moralidade e a convivência pacífica. Por último, defende que não ter livre-arbítrio, não tem de resultar em anarquia, falta de um propósito e mal-estar. Pelo contrário, produzirá um mundo muito mais humano. A obra tem o preço de capa de 24,90€.