Cientistas dão vida a crias com ADN do gigante lobo-terrível extinto há 13 mil anos. "Momento para a ciência"
E se lhe dissessem que duas crias de lobo foram criadas com o ADN de uma espécie extinta há mais de 12,500 anos? Foi o que a Colossal Biosciences fez. Rómulo e Remo, as duas crias de seis meses, foram criadas com recurso a modificações genéticas derivadas de ADN encontrado em fósseis que de há 11.500 a 72.000 anos, anunciou, esta segunda-feira, a empresa.
A espécie extinta é o gigante lobo-terrível, a inspiração do animal que simboliza a Casa Stark na série da HBO A Guerra dos Tronos. É agora o primeiro animal desextinto da história, segundo noticia a Lusa, que cita o comunicado da Colossal Biosciences.
Empresa indica, na nota, que se trata da primeira desextinção bem-sucedida. Explicou como decorreu o processo e, nas redes sociais, mostrou um vídeo dos cachorros.
"Estão a ouvir o primeiro uivo de um lobo gigante em mais de 10.000 anos. Apresento-vos Romulus e Remus - os primeiros animais em extinção do mundo, nascidos a 1 de outubro de 2024", anunciou a empresa.
Rómulo e Remo estão numa reserva ecológica certificada pela American Humane Society, monitorizada por câmaras ao vivo, equipa de segurança e drones, de modo a garantir o bem-estar das crias.
Os lobos-terríveis viveram no continente americano durante o Pleistoceno, entre há 3,5 e 2,5 milhões de anos, e foram extintos no final da última Era Glacial, há cerca de 13.000 anos, escreve a agência de notícias.
Estes animais eram até 25% maiores do que os lobos cinzentos e tinham pelos grossos e claros, características que recriaram nestes animais, e mandíbulas mais fortes, segundo a Colossal Biosciences.
Os cientistas editaram 20 genes de lobo cinzento com o ADN do animal extinto, mais propriamente de um dente com 13 mil anos e de um crânio com 72 mil anos, com o objetivo de dotar as crias com algumas das principais características dos lobos-terríveis.
Explica a empresa que foram criados embriões a partir de células modificadas de lobo cinzento, tendo sido implantados em cadelas, que deram à luz os animais.
É ainda explicado que a empresa também criou uma cria fêmea do lobo extinto. Foi batizada de Khaleesi, nome da protagonista de A Guerra dos Tronos, que também se encontra na mesma reserva ecológica de Rómulo e Remo.
Trata-se de "um salto em frente para a ciência, a conservação e a humanidade", considera a Colossal.
"É um momento para a ciência, o nosso planeta e a humanidade", vincou a empresa nas redes sociais.
Há um mês, refere a Lusa, a empresa já tinha dado a conhecer a criação, através de edição genética, de um rato com o mesmo pelo dos mamutes, cujos últimos indivíduos desapareceram há cerca de 4.000 anos.
O criador dos romances que inspiraram a série, George R.R. Martin, que é o consultor cultural da Colossal, afirmou que, apesar destes lobos serem vistos por muitos como criaturas mitológicas num mundo de fantasia, os animais “têm uma história rica de contribuição para o ecossistema americano”.
Além da série da HBO, estes lobos-terríveis apareceram em RPG [Role-playing game ou jogo de interpretação de papéis, em português] como Dungeons & Dragons e MMORPG no World of Warcraft.