Teatro Maria Matos abre temporada sob o signo das "Utopias" com criação de novo mundo

A temporada 2016-2017 do Teatro Maria Matos, em Lisboa, abre hoje
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A peça Germinal, de Halory Goerger e Antoine Defoort, sobre a criação de um mundo novo, abre hoje a temporada 2016-2017 do Teatro Maria Matos, em Lisboa, que se cumpre sob o signo das Utopias, anunciou a instituição.

Os concertos de lançamento de dois novos álbuns de Bruno Pernadas, uma conferência com duas representantes do Movimento das Mulheres Curdas, a estreia da ópera Bosch Beach, de Vasco Mendonça, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian, são outros destaques da programação do Maria Matos - Teatro Municipal, para 2016-2017.

O ciclo Utopias assinala aos 500 anos da publicação de Utopia, de Thomas More, e sustenta "um programa alargado que atravessa toda a temporada, com espetáculos, instalações, palestras, encontros e acontecimentos no espaço público", e "convidados que fazem do agir crítico e da imaginação política uma tarefa diária", lê-se no comunicado do teatro.

O percurso inicia-se com a peça Germinal, em que quatro atores se reúnem para "a criação de um mundo novo, com tudo o que isso implica: a invenção da linguagem, o desenvolvimento do conhecimento, a construção da comunidade, a criação da própria história".

Dois concertos do músico Bruno Pernadas, nos dias 13 e 20 de setembro, abrem a temporada musical do teatro e dão a conhecer os seus dois novos discos: Those who throw objects at the crocodiles will be asked to retrieve them e Worst Summer Ever.

O primeiro, segundo a programação do teatro, mistura, "com absoluto primor", diversas influências, desde o jazz da Costa Oeste dos Estados Unidos, dos anos de 1960, ao'space age pop' e "a muitos outros territórios e influências".

Worst Summer Ever, por seu lado, revela outra perspetiva da composição de Bruno Pernadas, "abordando estilisticamente a música improvisada, étnica, jazz, rock e erudita, mostrando como pode caminhar livremente pela diversidade rítmica, emotiva e interpretativa", segundo o texto de apresentação da temporada.

Formado em composição, com os cursos da Escola Superior de Música de Lisboa e da Escola de Jazz do Hot Club, professor de Teoria Musical, envolvido em projetos como Julie & The Carjackers, When We Left Paris e Real Combo Lisbonense, Bruno Pernadas edita os dois novos discos depois de How can we be joyful in a world full of knowledge?, publicado em 2014.

Na área da música, a programação do teatro destaca ainda, a 26 de outubro, o duo Matmos, dos norte-americanos M.C. Schmidt e Drew Daniel, na sua própria versão da ópera Perfect Lives, de Robert Ashley, escrita para televisão entre 1978 e 1983, destinada ao canal britânico Channel 4.

O ciclo de conferências do Teatro Maria Matos abre a 15 de setembro, com uma palestra do sociólogo holandês Merijn Oudenampsen, Em defesa da Utopia, cinco séculos depois da publicação da obra de More.

A 4 outubro, nova conferência, com duas representantes do Movimento das Mulheres Curdas, Nursel Kiliç e Eda Düzgün, que falam da Democracia num Lugar Improvável - Rojava, a região no extremo norte da Síria, na fronteira com a Turquia, onde o povo curdo combate o Daesh.

"Rovaja é uma região que alberga milhares de pessoas de várias etnias e culturas, e tornou-se o berço de um novo projeto de sociedade, baseado num confederalismo democrático", lê-se nas notas do programa do Maria Matos.

As conferências realizam-se no âmbito da rede House on Fire, que envolve nove teatros e festivais europeus, com o apoio do Programa Cultura da União Europeia.

O coreógrafo e bailarino congolês Faustin Linyekula, artista na cidade, ao longo deste ano, Filipa Francisco e Filipe Camacho, na dança, Joana Sá, na música, a peça "Moçambique", de Jorge Andrade, pela companhia mala voadora, do Porto, e a estreia da ópera Bosch beach, de Vasco Mendonça, a propósito dos 500 anos da morte do pintor Hieronymus Bosch, são outros nomes para a temporada 2016-2017 do Teatro Maria Matos, em Lisboa.

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