Star Wars: a força está com Carrie Fisher
O adeus à atriz, eterna Princesa Leia, e o grande regresso de Mark Hamill na pele de Luke Skywalker são os pontos fortes do filme
Depois do regresso estrondoso de Star Wars em 2015, sob o título O Despertar da Força, o oitavo episódio - Os Últimos Jedi - continua a forjar a aventura galáctica com a mesma envergadura nostálgica. Neste segundo momento da nova trilogia (que é a terceira) dá para perceber que o "efeito Disney" fez bem ao relançamento da saga, transmitindo valores fundamentais para sustentar a qualidade narrativa e o apelo emocional. Estamos, no fim de contas, perante um universo que não vive da mera acumulação de efeitos especiais, mas que os põe ao serviço de uma dimensão operática... A propósito, o novo maestro - que sucede J.J. Abrams - é Rian Johnson, estreando-se à frente da saga com o maior episódio de sempre: são duas horas e trinta e dois minutos de viagem espacial, sem cinto de segurança.
A grande curiosidade que acompanha Os Últimos Jedi está sobretudo relacionada com Carrie Fisher, a atriz que morreu há quase um ano, e que deveria ser justamente homenageada neste filme. Ora para satisfação dos fãs pode dizer-se que, de facto, assim acontece. Rian Johnson conseguiu o tom e a fórmula certa para garantir uma digna e emocionante despedida da Princesa Leia, colhendo da sua presença carismática alguns dos mais belos e calorosos momentos do filme, mesmo sem Han Solo (Harrison Ford) por perto.
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Também Mark Hamill, cuja breve aparição da personagem Luke Skywalker (irmão de Leia) tinha deixado reticências no último episódio, assinala aqui o seu expressivo regresso, 30 anos depois. A nova heroína, Rey (Daisy Ridley), é quem se responsabiliza pela missão de o tirar do seu modo eremita e fazê-lo voltar para a Resistência, mas a abordagem não será rápida nem simples. Assim como não o são os segredos do passado que este mestre Jedi guarda consigo, e que dizem muito sobre o vilão Kylo Ren (Adam Driver), sucessor de Darth Vader... Pelo caminho também se vai perceber o que tem Rey de tão especial.
Mas preservando o(s) misté-rio(s) deste Os Últimos Jedi, importa realçar as suas linhas gerais, que seguem os acontecimentos do episódio anterior: a luta da Resistência contra o maléfico Líder Supremo Snoke e a Primeira Ordem continua a ferir o equilíbrio da galáxia. É preciso fazer que a Esperança - com letra maiúscula - se preserve na galáxia, para resistir ao lado negro da Força. E, sobre isso, Skywalker dará uma bela lição, focada na essência da Força, recordando-nos de que a base de tudo o que acontece em Star Wars será sempre algo de poderosamente místico... Pois bem, que a Força esteja connosco.
Um toque de magia Disney
Como se disse no início deste texto, a nostalgia é um dos alicerces do filme. Toda aquela dose emocional, que ilumina os acontecimentos e nos aproxima das histórias individuais das personagens, é uma mais-valia para a narrativa. Marcado por reencontros de velhos amigos, novas amizades e relações que criam aberturas narrativas para o próximo episódio, Os Últimos Jedi faz-nos olhar para essas personagens sempre na memória dos ausentes. Han Solo, por exemplo, faz falta a Chewbacca, que apesar de tristonho ainda atrai as atenções com o seu peculiar gemido, incluindo as de uns pássaros amorosos que se juntarão a ele dentro da nave... Estamos a falar de novas criaturas fantásticas? Pois claro. E com elas o reforço do marketing (já deverão haver peluches).
Star Wars - Os Último Jedi procura assim, no âmago de uma aventura orquestrada, manter as emoções ao rubro, com uma boa dose de magia Disney. Esta revela-se nos aspetos visíveis da ação, mas também no modo como os valores humanos orientam essa ação (para ilustrar a ideia basta dizer que vários são os atos de coragem que pontuam o filme, a darem conta da "força mágica" de algumas personagens).
No centro de tudo isto, e de muitas surpresas, está Leia, o rosto que mais se anseia ver em cada cena de Os Últimos Jedi. A certa altura ouve-se alguém dizer que "ninguém desaparece definitivamente", e talvez essa seja a mensagem mais forte deste filme. Carrie Fisher continuará a estar deste lado da Força.
ESTRELAS DOS CRÍTICOS DN
João Lopes: ** Com interesse
Inês Lourenço: *** Bom
Rui Pedro Tendinha: **** Muito bom