"Seleção nacional da música erudita jovem" pode acabar
"Há dois anos, no concurso [ao Programa de Apoio Sustentado] da DGArtes ficámos em primeiro lugar, agora ficamos cinco lugares depois da última entidade que recebeu apoio", diz ao DN o maestro Pedro Carneiro, diretor artístico e cofundador da Orquestra de Câmara Portuguesa (OCP), associação que inclui a orquestra homónima e a Jovem Orquestra Portuguesa (JOP). Se o recurso não alterar a situação, as duas orquestras "vão ter acabar", e no dia 21 de abril , "senão acontecer um milagre", a JOP tocará o seu último concerto, nos Dias da Música do Centro Cultural de Belém, depois de ter já cancelado a digressão internacional que no verão passaria pela China.
A OCP foi a associação que apresentou a candidatura com o maior valor pedido na área da música ao Programa de Apoio Sustentado2018-2021, cerca de 1,6 milhões de euros. Tal como essa estrutura, há mais 17 sem apoio, entre elas a Banda Sinfónica Portuguesa, a Casa Bernardo Sassetti, ou a Orquestra Clássica do Centro.
A Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e a Orquestra de Jazz de Matosinhos, com 700 mil e 579 mil euros, respetivamente, são as estruturas mais financiadas, entre as 29 que conseguiram apoio no concurso a que se apresentaram 47 estruturas. Seguem-se outras como a Orquestra de Jazz do Algarve, a Orquestra Sinfónica Juvenil, ou o Orfeão de Leiria.
A hashtag saveJOP tem circulado pelas redes sociais divulgando o trabalho daquela orquestra com cerca de cem jovens entre os 14 os 24 anos que é a única do país na Federação Europeia das Orquestras Sinfónicas Juvenis, e a que Pedro Carneiro chama "uma espécie de seleção nacional da música erudita jovem". O maestro adianta ainda que há cerca de um ano e meio a OCP entregou à Secretaria de Estado da Cultura um "dossiê com um projeto de sustentabilidade para as duas orquestras", em que o secretário de Estado e o ministro da Cultura têm demonstrado interesse, mas não se conhece ainda uma decisão.
Pedro Carneiro recorda ainda que a JOP, que no ano passado tocou no mais importante festival de jovens, o Young Euro Classic, em Berlim, é a única orquestra da Federação Europeia das Orquestras Sinfónicas Juvenis que não funciona com apoio do Estado.
Os resultados dos recursos apresentados à DGArtes na área da música deverão ser conhecidos até 15 de abril.