Os muitos rostos de Harrisson Ford
É um genuíno ator de "composição" que transcende o registo de herói de aventura e ficção científica
Embora correndo o risco de ofender os militantes da ficção científica, podemos reconhecer, sem sectarismos, que a imagem de Harrison Ford como herói mais ou menos galáctico - interpretando Han Solo (Star Wars) ou Rick Deckard (Blade Runner) - está longe de fazer justiça à variedade do seu trabalho. Podemos acrescentar a saga de Indiana Jones, por certo a personagem que se lhe colou como uma segunda pele. Mesmo assim, fica por ilustrar a "outra" dimensão do ator. A saber: a vocação para papéis capazes de desafiar as regras dos próprios modelos em que se inspiram.
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Lembremos o exemplo de A Testemunha (1985), magnífico thriller de Peter Weir passado numa comunidade Amish. Ou O Regresso de Henry (1991), de Mike Nichols, em que compunha um homem que tentava superar uma dramática situação de amnésia. Ou ainda Perigo Íntimo (1997), derradeira realização do grande Alan J. Pakula, em que Ford contracenava com Brad Pitt num invulgar jogo verdade/mentira.
Estamos, afinal, perante um paradoxo algo desconcertante: por um lado, há em Ford a vocação e o charme dos grandes heróis; por outro lado, ele possui as qualidades de um clássico ator de "composição", podendo explorar registos de intensidade emocional muito contrastada. O melodrama Encontro Acidental (1999), de Sydney Pollack, ou o filme de terror A Verdade Escondida (2000), de Robert Zemeckis, podem ser outros exemplos da sua versatilidade. Em qualquer caso, há rumores que apontam para uma sequela de Indiana Jones, a lançar em 2020 - Harrison Ford terá "apenas" 78 anos...